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Vizinhos do Atlético-MG em Marrakech pedem esmola e correm risco de despejo

Luiza Oliveira

Do UOL, em Marrakech (Marrocos)

13/12/2013 06h01

Imponente e vistoso, o palácio em que o Atlético-MG está hospedado atrai todos os olhares por quem passa pela árida, vermelha e vazia Route Amizmiz. Um oásis no subúrbio de Marrakech. É quase imperceptível, mas o hotel convive lado a lado com uma pequena vila de pessoas humildes e sem muitas perspectivas na vida.

Do outro lado de uma estreita rua, um emaranhado de casas mal acabadas fazem parte da paisagem. Atentos, os habitantes olham com um misto de curiosidade e desconfiança para quem passa no local. Não é à toa. Eles têm medo de perderem seus próprios lares.

Os moradores ocuparam um lote e construíram suas casas sem qualquer tipo de permissão em uma área ilegal. Correm um iminente risco de despejo. Wakrim Kird, que trabalha em uma pequena farmácia a poucos metros dali, vê de perto o drama dessas pessoas.

Ela conta que a prefeitura quer que eles deixem o local e prometeu dar um novo terreno para que construam suas casas. No entanto, ficam só nas promessas. “Eles não sabem quando terão que sair ou quando o governo vai aparecer. A vida dele é esperar. Não têm perspectiva de vida”, disse ela.

Carentes de recursos financeiros, muitos dos moradores não trabalham e vivem de pedir esmolas. Assim, conseguem algum dinheiro e comida. Mesmo com as dificuldades, não lhes faltam recursos básicos como eletricidade, comida e água.

“No Marrocos não falta comida para ninguém. É difícil explicar, mas simplesmente não falta”. A taxa de criminalidade também é baixa e é difícil ver casos de roubos na região.

Morador de uma das casas, Youssef Thiram não gosta do local. “É ruim”, balbucia, na tentativa mal sucedida de arranhar um inglês e fazendo um sinal de negativo com as mãos.

Curiosamente, o luxuoso hotel Palais Selman, em frente à Vila, não desperta a raiva ou a consternação desses habitantes. Pelo contrário. É visto com bons olhos por trazer algum desenvolvimento e infra-estrutura para a região.

Na pequena farmácia em que trabalha, Wakrim conta que o hotel estimula o pequeno comércio local que ainda tem uma venda, uma loja de consertos e uma barraquinha de fazer espetinho ou brochete. “Todos acham bom porque os turistas vêm aqui, compram alguma coisa que precisam, traz um pouco de dinheiro. A estrada também melhorou”, revela.