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Crítico de Ronaldinho vive drama com pais em campo de refugiados

Jogadores do Raja Casablanca comemoram o segundo gol contra o Atlético-MG - AP Photo/Matthias Schrader
Jogadores do Raja Casablanca comemoram o segundo gol contra o Atlético-MG Imagem: AP Photo/Matthias Schrader

Luiza Oliveira

Do UOL, em Marrakech (Marrocos)

19/12/2013 06h02

Vivien Mabide ‘causou’ no Mundial de Clubes. Sem papas na língua criticou Ronaldinho Gaúcho sem pudor. Disse que ele não era mais o mesmo dos tempos de Barcelona e atuava só ‘no nome’.

Ronaldinho não titubeou e respondeu à altura. “Se falar fosse bom... então vamos jogar”. O desafio estava lançado.

Com menos nome, fama e títulos, Mabide levou a melhor e sorriu por último com a vitória do Raja Casablanca por 3 a 1 sobre o Atlético-MG que classificou os marroquinos para a final do Mundial de Clubes. De quebra, ele marcou o terceiro gol do triunfo. Não poderia ser mais perfeito.

Sem querer tripudiar em cima de Ronaldo, o atleta adotou um discurso mais ‘padronizado’ e disse que o meia é um grande jogador. “Estou muito satisfeito por essa classificação, pelo gol na final, pela história que fizemos no Marrocos. Hoje foi nossa vez. Espero ganhar o título. Somos finalistas da Copa do Mundo de Clubes. Estou muito, muito feliz no Raja”, disse.

Quem vê a ousadia de Madibe nem imagina as dificuldades e os dramas que tem em sua vida.O pais de Vivien estão refugiados no interior da República Centro Africana, um dos países mais pobre do mundo.

A República Centro-Africana está em conflito desde que a coalizão rebelde Seleka, que em sua maioria é muçulmana, derrubou o presidente François Bozizé no último mês de março. O governo de transição perdeu o controle do país. Assim, grupos rivais, cristãos e muçulmanos iniciaram uma série de confrontos extremamente violentos.

A batalha de milícias tem causado mortes e grandes deslocamentos urbanos. No balanço mais recente da ONU, havia mais de 600 mortos em todo o país.

“Para mim, é muito, muito, muito difícil. É difícil, mas é meu trabalho. Faço todos os esforços, enquanto acontecem essas coisas em meu país, essa situação com meus pais, meus amigos. Minha mãe e meu irmão são refugiados. Faço todos meus esforços por eles. Dedicamos essa vitória a todos os africanos”.

Apesar dos problemas, ele diz que a família se esforça para vê-lo em campo. “As condições no meu país são difíceis. Lá, sei que assistem aos jogos, falam de mim, ficam contentes. Agradeço muito a torcida deles”.