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Algoz do Atlético-MG vira astro, é disputado por agentes e mira Portugal

Em seu quarto de hotel, Vivien Mabide exibe orgulho as chuteiras que pegou de Ronaldinho - Luiza Oliveira/UOL
Em seu quarto de hotel, Vivien Mabide exibe orgulho as chuteiras que pegou de Ronaldinho Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em Marrakech (Marrocos)

21/12/2013 07h38

Em uma semana Vivien Mabide foi de falastrão oportunista a fã inocente. De desconhecido a idolatrado. De jogador mediano a candidato a campeão do mundo. O Mundial de Clubes deu novos contornos à vida do meia do Raja Casablanca.

Mabide apareceu para o mundo depois de conceder uma entrevista dizendo que Ronaldinho Gaúcho não era o mesmo dos tempos de Barcelona. Causou polêmica e ouviu uma provocação do craque ‘vamos jogar’. Não só jogou com marcou o último gol na vitória do Raja Casablanca por 3 a 1 sobre o Atlético-MG.

A fama já ronda o jogador. No hotel, um presente com chocolates e flores de um grupo de torcedores o esperava no hall. Fãs e mais fãs aparecem doidos por um autógrafo.  E a entrevista precisou ser interrompida porque os torcedores se aglomeram no local, algo impensável poucos dias atrás.

Essa é a nova realidade de Mabide. Com olhar tímido, diz que está muito feliz com o feito. “Estou muito  orgulho, é muito importante para o nosso país. Mas mantenho os pés no chão”, disse.

Ele não tem chamado a atenção só dos fãs. Com a chegada à final do Mundial de Clubes e ainda marcando gols na competição, empresários já estão cercando o jogador interessados em tirar vantagem do bom momento.

A situação tem irritado o agente de Mabide. O empresário, que não quis citar seu nome, vem usando toda a sua lábia para contornar a situação.  “Os caras chegam com falsas promessas e só falam bobagem para ele. Converso com ele, lembro dos momentos difíceis que passou, das pessoas em quem não poderia confiar e confiou, dos calotes que levou, do quanto estive ao lado dele. Aí ele concorda comigo”, conta.

O agente também sabe que é hora de aproveitar o bom momento. Ele diz que  tem boas entradas em países como Dubai e Qatar que podem oferecer um bom dinheiro. No entanto, vem esbarrando no desejo do jogador que faz questão de jogar na Europa. Agora, ele desenvolve conversas com clubes de Portugal e Holanda.

“Com 25 anos, não é tão simples conseguir um espaço no mercado europeu que está em situação financeira complicada. Não é uma idade para apostas. Os clubes não vão dar a ele dois, três anos para se desenvolver. É uma idade em que você precisa chegar pronto. Mas estamos tentando. Outra dificuldade é que esse torneio não é muito importante para a Europa. Eles não se importam”, disse.

Ainda assim, o sentimento é que o bonde está passando para Mabide com o Mundial. É pegar ou largar. O atleta da República Centro-Africana  vem encontrando dificuldades no Marrocos, um país onde o futebol não é tão desenvolvido. O campeonato local é fraco, os clubes atrasam salários com frequência e a quantia de dois mil euros por mês é considerada um salário bom para atletas.

Apesar de não enfrentar graves problemas financeiros, Mabide vive com recursos restritos. Sua esposa não trabalha e ele é responsável por arcar com o sustento da família. Seus filhos, por exemplo, estudam em escola pública.

Mas agora ele espera que o desempenho no Mundial mude a sua vida. “Espero que ajude a minha carreira. Meu sonho é jogar em uma grande equipe da Europa que dispute uma Liga dos Campeões. Quero seguir o caminho do Ronaldinho”, conta.

  • Luiza Oliveira/UOL

    Vivien Mabide e Kouko Guehi são fãs de Ronaldinho e pegaram peças do seu vestuário

Ronaldinho Gaúcho. Duas palavrinhas que fazem Mabide abrir um sorriso. Fã do craque desde os tempos de Barcelona, os dois protagonizaram uma relação curiosa nesse Mundial de Clubes. Depois de criticar o meia atleticano e dizer que ele não é mais o mesmo, o africano se revelou como o fã número 1 do jogador.

Após a partida válida pela semifinal do Mundial, em que o Raja Casablanca venceu o Atlético-MG por 3 a 1, ele e o colega Kouko Guehi foram atrás do craque para pegar peças do vestuário como recordação. Mabide conseguiu as chuteiras, enquanto Kouko levou a camisa. Houve quem pegasse até o short.

Mabide exibe orgulhoso os acessórios e já planeja uma vitrine digna de museu. “Vai ficar tudo exposto na minha casa. Vou mostrar para as crianças e colocar em um quadro para que todo mundo possa ver na casa”, conta.

Perguntado se vai pretende tietar alguém do Bayern de Munique, ele é categórico. “Não. Somos profissionais. Com o Ronaldinho é diferente, é meu ícone, o maior de todos. Não faria isso com ninguém. Joguei contra o Messi em um amistoso e nem com ele eu fiz”.