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Bayern de Guardiola adiciona novas variações para se tornar campeão mundial

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

22/12/2013 06h00

Um time que já era avassalador e imponente perante os adversários. Mas que agora adicionou uma dose de imprevisibilidade e maior controle do que faz. Essa foi uma das maiores mudanças no Bayern de Munique campeão do mundo em relação ao que conquistou a Liga dos Campeões da Europa e encantou o mundo.

A equipe alemã ganhou um tom de Barcelona com a chegada de Pep Guardiola, que substituiu o alemão Jjupp Heynckes no meio do ano. O espanhol usa muito do estilo que implementou no Barça e revolucionou o mundo já em seus seis primeiros meses na Baviera. A começar pela escalação.

O Bayern que fez a tríplice coroa (Liga dos Campeões, Alemão e Copa da Alemanha) na temporada 2012/13 tinha uma escalação definida e conhecida. Heynckes pouco mexia na formação e no sistema tático. O sexteto de meio-campo e ataque com Javi Martinez, Schweinsteiger, Ribéry, Muller, Robben e Mandzukic era quase imutável. Apenas peças similares eram substituídas, mas sem mexer na mecânica do time. 

Guardiola chegou com sua mania de alterar peças e não deixar o time dependente de um único sistema. Também abusou do estilo de fazer jogadores atuarem em posições às quais não estão acostumados. O lateral Lahm, por exemplo, virou meio-campista e abriu brecha para o brasileiro Rafinha na lateral direita. Javi Martinez caiu da cabeça de área para a reserva depois de experiências não convincentes como zagueiro.

Mas a mudança mais parecida com o que já fez no time espanhol é a de diversas vezes optar por jogar sem centroavante. Assim, Mandzukic é preterido constantemente do time quando Guardiola opta por formação que povoa o meio-campo e faz jogadores de armação atuarem como centroavantes, como é o caso de Thomas Muller. O brasileiro naturalizado espanhol Thiago Alcântara e o alemão Toni Kroos ganharam espaço nesse tipo de perfil tático que prefere a posse de bola a ter uma referência na área.

Mas passados seis meses, o Bayern de Guardiola tem números positivos, apesar de críticas da  torcida quanto à queda do seu poder de fogo. A equipe vai para a pausa de meio de temporada do Campeonato Alemão com 91,6% de aproveitamento, contra 82,3% do time de Heynckes nessa mesma altura no ano passado.

Os números da Liga dos Campeões, maior sonho de qualquer clube europeu, deixam mais evidente o estilo Guardiola. O time, ao lado do Barcelona, é o que mais tem posse de bola no torneio, com 63%. O Bayern campeão da temporada passada tinha apenas 54%.

O Bayern de Pep parece saber fazer do controle do jogo uma oportunidade para mais chances de gol. Tem nessa edição da Liga uma média de 13 arremates por jogo, contra 8,69 do time campeão. A média de gols nos seis jogos até agora dessa edição do torneio continental também superam a do time que foi campeão: 2,83 contra 2,38 (2,5 se considerados só os primeiros seis jogos do time de Heynckes).

Na semifinal do Mundial, um pouco da “Guardiolização” já foi vista sobre o frágil Guangzhou, da China. Foram 72% de posse de bola e 27 arremates contra o gol, números bem superiores aos da Liga dos Campeões, contra adversários de melhor nível.

Mas nem tudo são flores com essa melhora nos números. Apesar de o Bayern errar poucos passes, Guardiola é criticado por parte da torcida pelo fato de a equipe tocar muito de lado. Preferem jogadas mais diretas e tentativas de lançamentos do que a paciência para achar os espaços.

Muller já chegou a reclamar por ter que jogar improvisado como centroavante. E Schweinsteiger, que está contundido e não jogou o Mundial, também já chiou por ficar de fora do time em função da rotatividade de atletas.

COMPARE O BAYERN CAMPEÃO DA LIGA COM O DE GUARDIOLA

  • Reuters

    Desempenho na primeira fase da Liga
    Guardiola - 83% Heynckes - 72%
    Desempenho no Alemão até agora
    Guardiola - 91,6% Heynckes - 82,3%
    Posse de bola na Liga dos Campeões
    Guardiola - 63% Heynckes - 54%
    Média de gols na Liga dos Campeões
    Guardiola - 2,83 Heynckes - 2,38 (2,5 na primeira fase)
    Média de finalizações por jogo
    Guardiola - 13 Heynckes - 8,69
    Média de faltas feitas por jogo
    Guardiola - 10,1 Heynckes - 13,31
    Média de faltas sofridas por jogo
    Guardiola - 13,6 Heynckes - 14,15