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Apoio de paulistas impediu punição à Portuguesa após ida à Justiça em 86

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

29/12/2013 06h00

Derrotada em segunda instância em julgamento do pleno do STJD, e rebaixada para a Série B em 2014, a Portuguesa promete levar o caso Heverton à Justiça Comum. A iniciativa não seria inédita na história do clube, que recorreu aos tribunais no passado, e por pouco não foi punido pela CBF.

O incidente aconteceu no Campeonato Brasileiro de 1986, ano em que a competição contou com nada menos do que 80 clubes. Vasco e Joinville, que ficaram de fora da segunda fase, brigavam na justiça desportiva devido a um caso de doping. A Portuguesa não tinha nada a ver com a história, mas havia entrado na Justiça Comum no decorrer da competição, por um problema de venda de ingressos. A CBF então puniu o clube paulista com a eliminação do campeonato, em uma decisão que beneficiaria a equipe carioca.

A entidade que comanda o futebol brasileiro acabou, entretanto, sendo impedida de aplicar a pena: os demais clubes paulistas, dentre os quais os quatro grandes da capital, além de Guarani e Ponte Preta, ameaçaram boicotar a competição em apoio à Portuguesa. Como resultado, a CBF recuou, e a segunda fase foi realizada com 36 clubes, ao invés dos 32 previstos inicialmente no regulamento.

O imbróglio foi o principal fator que levou a união dos clubes pela criação do Clube dos 13, no ano seguinte, além de uma mudança no formato e nome do Campeonato Brasileiro, que em 1987 foi chamado de Copa União, e teve como campeão o Sport.

Infelizmente para a Portuguesa, não há qualquer indício de que o apoio de 1986 deve se repetir agora. Os clubes grandes de São Paulo, até o momento, apesar de algumas demonstrações de solidariedade, não dão sinal de que uma atitude tão drástica esteja nos planos. O diretor de futebol do Corinthians, Roberto de Andrade, chegou a utilizar a frase “cada um com seus problemas” antes do julgamento do caso Lusa.

O clube do Canindé promete tentar reverter a decisão de todas as formas possíveis, recorrendo à Fifa e ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça, além da Justiça Comum. O Ministério Público, através do promotor Roberto Senise, também promete investigar o julgamento do STJD que levou ao rebaixamento da Portuguesa e à manutenção do Fluminense na primeira divisão.