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Descoberto por brasileiro, Eusébio foi algoz da seleção e criticou Pelé

Do UOL, em São Paulo

05/01/2014 15h30

O auge de Eusébio com a seleção portuguesa coincidiu com uma das grandes decepções brasileiras em Copas do Mundo. Morto na madrugada deste domingo, o atacante era a principal estrela do time luso que eliminou o Brasil de Pelé na Copa do Mundo de 1966. Fez dois gols no 3 a 1, que adiou a conquista do tricampeonato.

O papel de algoz em 66 não é única referência ao Brasil na carreira vitoriosa do “Pantera Negra”. O ápice da sua carreira na seleção foi com o técnico carioca Otto Glória, que comandou o time durante a Copa da Inglaterra, melhor campanha dos portugueses, que ficaram na terceira colocação.

Bem antes disso, outro técnico brasileiro mudou o destino de Eusébio. Foi o ex-volante Bauer, com passagens pelo São Paulo e titular na seleção brasileira nas Copas de 1950 e 1954, quem indicou o então jovem de 15 anos para o Benfica.

“As notícias que chegavam à "metrópole" davam conta das qualidades do jogador e o brasileiro Bauer "aconselhou" Eusébio a Bella Guttman (então técnico do Benfica), alertando o treinador para as qualidades daquele miúdo”, relata o jornal Diário de Notícias, no obituário do ex-jogador. Eusébio atuava em um time amador de Moçambique chamado "Os Brasileiros Futebol Clube".

Eusébio x Pelé
Contemporâneos, Pelé e Eusébio se enfrentaram não só na Copa, mas também em decisões entre Santos e Benfica. Em 1962, os dois clubes disputaram o Mundial de Clubes, vencido pelos brasileiros.

Com dois gols de Pelé, o Santos venceu os portugueses por 3 a 2 na partida de ida, no Maracanã. No segundo jogo, Eusébio marcou uma vez, mas Pelé fez 3 e os brasileiros golearam o Benfica, por 5 a 2, no Estádio da Luz, em Lisboa.

Um ano depois, os dois gênios voltaram a se enfrentar, dessa vez com as camisas de Brasil e Portugal. Foi na Copa das Nações, competição organizada pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que deu origem à CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

Veja lances e gols de Eusébio, o “Pantera Negra”


Para levar vantagem, Pelé era muito violento às vezes. Não tiro seu valor nem sua categoria. E sou até mais amigo dele do que ele é de mim, se você quer saber

Eusébio

O torneio foi vencido pelo Brasil, que ganhou dos portugueses de 4 a 1 na final, disputada no Maracanã. Pelé marcou um dos gols Jairzinho, duas vezes, e Gerson fizeram os outros e Mário Coluna descontou para Portugal. A derrota deixou uma mágoa no português, revelada em 2012, durante uma entrevista coletiva na Soccerex, feira mundial de futebol, no Rio de Janeiro.

“Fiquei triste com Pelé, porque não esperava que batesse até no rosto dos zagueiros portugueses naquele jogo. Vocês não se lembram das maldades dele, não é? Não se pode reclamar. Para levar vantagem, Pelé era muito violento às vezes”, disse o atacante. “Não tiro seu valor nem sua categoria. E sou até mais amigo dele do que ele é de mim, se você quer saber. Cheguei a dizer para ele no jogo: "Ô, Pelé, pelo amor de Deus! Não há Cassius Clay (boxeador americano) aqui”, completou.

Que fim levou?

  • Arquivo/Folha Imagem

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Apesar do episódio, Eusébio e Pelé sempre se declararam amigos e participaram de diversos eventos promocionais juntos depois de deixarem os gramados. Em setembro de 2013, a dupla se encontrou pela última vez. Bancados por um patrocinador da CBF, eles foram homenageados antes do amistoso entre as Brasil e Portugual, em Boston, nos Estados Unidos. Os dois conversaram, trocaram abraços e posaram para fotos sorrindo, sem nenhum sinal de inimizade entre eles.