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Grêmio cria 'comunidade estrangeira' e une gringos para facilitar adaptação

Marinho Saldanha

Do UOL, em Bento Gonçalves (RS)

16/01/2014 06h00

Falar espanhol no elenco do Grêmio já é comum. Com cinco estrangeiros no grupo principal, o clube gaúcho reforça o apreço por atletas de fora do país. E para facilitar a adaptação dos mais jovens, uma espécie de 'comunidade' foi formada. O primeiro a fazer uso dela foi Maxi Rodríguez, que já se mostra totalmente adaptado. Agora é a vez de Ruiz passar pelo auxílio dos companheiros.

Quando chegou ao Grêmio, Maxi praticamente não falava nada. Em português ele não conseguia, em espanhol não era compreendido. Além de ser um jogador tímido. Por isso, pouco interagia com funcionários, superiores ou colegas. Foram alguns meses de trabalhos físicos, um fim de ano como reserva, mas tudo contribuiu para uma mudança visível.

Na quarta-feira, o uruguaio concedeu sua primeira entrevista coletiva no ano. Já falando português, sem mostrar qualquer timidez e até brincando com os jornalistas presentes, ele virou exemplo de força da comunidade gringa.

"Ainda tenho dificuldades de entender o português. Mas estou totalmente adaptado ao Brasil. O ano passado foi difícil, e o Barcos me ajudou muito. Neste ano é diferente. Vou trabalhar e fazer um bom campeonato", explicou Maxi.

Muito mais do que servir somente como intérprete, os estrangeiros do Grêmio eram quase 'babás' de Maxi. Barcos e Riveros se revezaram ao buscar o colega em casa, levar para o treinamento, e devolver à residência durante todo o segundo semestre de 2013.

E deu certo. Tanto que atualmente Maxi é considerado peça importante no time e aposta do clube para ser titular em 2014.

"O Maxi está muito melhor agora. Ele se adaptou bastante bem. No princípio precisou de ajuda. Depois foi se soltando. Agora está como qualquer um de nós. O mesmo vai acontecer com Alán. É jovem, chegou há pouco e ainda irá precisar da nossa ajuda", falou Riveros.

"Se percebe este cuidado nos mais velhos. Não tanto no Maxi, que é um pouco tímido, mas no Barcos e no Riveros. Eles têm acolhido o Ruiz. Temos jogadores, também, não só estrangeiros, que são muito acolhedores. O Pará, por exemplo, está sempre brincando com todos no grupo, colocando apelidos... Isso coloca o ambiente lá em cima e deixa todos à vontade", opinou o técnico Enderson Moreira.

O processo para integração de Alán Ruiz já começou. Barcos trabalha como 'tradutor' de tudo que o meia de 20 anos fala aos companheiros. Além disso o acompanha sempre nos treinos. E quando deixam o campo, Riveros assume para garantir que não ocorram momentos de constrangimento em que o grupo não entenda Ruiz ou vice-versa.

"Um jogador que vem de outra cultura necessita de adaptação. Não seria fácil para um brasileiro na Argentina também. Foi muito importante a chegada dele na pré-temporada, para poder pegar o mesmo ritmo dos outros", disse Enderson.

"Às vezes eu vejo o Barcos e o Riveros perto dele ajudando e passando algo que não entendeu. Mas é importante também que às vezes ele passe por dificuldades. Não pode ter alguém explicando para ele sempre. É melhor aprender na prática. Isso é até bom, porque o provocará o desejo de aprender nosso idioma", completou.

O problema da timidez já não há. Ruiz é mais extrovertido que Maxi e desde a chegada busca 'arranhar' algumas palavras em português. Mas pelo visto não tem obtido sucesso. "Ele fala muito pouco, e quando fala não entendemos nada", brinca o lateral direito Pará.

Quando acabar a pré-temporada, a comunidade ganhará mais um representante. Trata-se de Robertino Canavésio, que inicia o Gauchão com o time B. Porém o zagueiro não deve precisar de tanto auxílio assim, pois já está no clube há cerca de um ano e disputou torneios nos times de base.

Os jogadores do Grêmio trabalham em dois turnos nesta quinta-feira. A pré-temporada realizada em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, tem duração até dia 22.