Atleticanos usam futebol no videogame para aliviar tensão por início ruim
A pré-temporada, iniciada há pouco menos de três semanas, marcou o início de uma atividade de lazer, que é levada com seriedade por um grupo de jogadores do Atlético-MG: um torneio de futebol no videogame. A disputa não fica restrita à essa época do ano, tem previsão de durar 2014 inteiro e ajuda a amenizar o duro período de concentração. As partidas são disputadas com narrações oficiais do volante Pierre e há um ranking elaborado pelo atacante Neto Berola.
Como o início de temporada atleticana não está sendo dos mais fáceis, com lesões em série, resultados ruins em campo e pressão de torcedores sobre diretoria, atletas e o recém-chegado técnico Paulo Autuori, o videogame na concentração funciona como válvula de escape e reforço à união do elenco. Após três partidas no Campeonato Mineiro, com um empate, uma vitória e uma derrota, o time atleticano é apenas o sétimo colocado. Na próxima terça-feira, na Venezuela, a equipe estreia na Libertadores contra o Zamora.
O fato de ser um dos mais entusiasmados jogadores de videogame, ao lado de Diego Tardelli, Jô e André, não impede que Berola seja o responsável pelo ranking, organizando a pontuação obtida por cada competidor. Os jogos, quase sempre noturnos, são utilizados como mecanismo eficiente para a manutenção da união do elenco e diversão dos atletas.
“É campeonato sério, equilibrado. Tem narração, tem comemoração, tem pontuação. Quem perde, recebe gozação por muito tempo. Eu sou quase imbatível”, brinca o atacante Neto Berola.
Coincidência ou não, esse quarteto de jogadores de videogame é formado por atacantes, que em campo disputam posições de titulares. A ‘rivalidade sadia’, expressão batida usada por boleiros concorrentes, aqui nem entra no vocabulário dos ‘campeões atleticanos’ de videogame. A diversão pegou o grupo de jeito, que até mesmo em viagens as partidas são disputadas.
“O André é meu amigo, grande pessoa, grande jogador. A gente conversa, brinca, nós estamos sempre juntos. É importante este clima que o nosso grupo tem. A união é muito grande”, destacou o atacante Jô, que divide quarto na Cidade do Galo e nas viagens com Ronaldinho Gaúcho.
O primeiro torneio de videogame, que aconteceu nos primeiros nove dias de pré-temporada, foi vencido justamente pelo ‘dono do ranking’, o velocista Neto Berola, com 28 pontos, obtidos em nove vitórias, um empate e uma derrota. Na segunda colocação, ele jura que houve empate triplo, entre Jô, Tardelli e André, todos com 22 pontos.
O volante Pierre funciona como uma espécie de quinto elemento do unido grupo, mas a sua tarefa é diferente. Ele só joga às vezes. Prefere se encarregar das narrações, feitas ao melhor estilo dos locutores esportivos de rádio. O palco das ‘pelejas’ é o quarto de um deles na Cidade do Galo. Todos os jogadores se enfrentam. Cada vitória sobre o companheiro é motivo de gozação e intensa comemoração.
“É o nosso passatempo. A gente encontra e aí esquece tudo. Queremos mesmo é jogar, nos divertir. Eu não jogo tanto, eu gosto de narrar, de pegar no pé dos’ brodinhos’, eu começo a zoação para cima de quem perde. O André sofre comigo”, comentou Pierre.
A rivalidade do vídeogame é refletida nos campos da Cidade do Galo, mas não nos treinamentos e sim nos animados rachões, realizados quase sempre na véspera de partidas. Nesse caso, o clima dos jogos onlines são refletidos nos rachões que acontecem antes das partidas. A gozação para cima do perdedor é ainda maior que no jogo virtual.
Com o elenco ainda maior, já que todos os jogadores participam do rachão e até mesmo membros da comissão técnica, a vitória é encarada como obrigatória. Um dos líderes da equipe, Pierre, o capitão, não deixa barato em caso de derrota. “Ele não aceita perder, ele quer ganhar todas. É muito engraçado, fica bravo, quer todos os jogadores para o seu time. É uma disputa muito boa”, contou o lateral direito reserva Michel.
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