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A carreira do lateral Léo está acabando. E ele resolveu mudar

Luis Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

08/02/2014 06h00

Leonardo Lourenço Bastos, o Léo, tem 454 jogos e 24 gols marcados pelo Santos. Sempre jogando no limite, duro na marcação e presente no apoio, é considerado por muitos como o melhor lateral esquerdo da história do time. Também é lembrado por muitas entrevistas agitadas. “Boca nervosa”, não se nega a falar o que pensa, embora muitas vezes não diga a quem se destinam suas palavras.

Hoje, todas as características estão mudadas. Léo cumpre o seu último ano de contrato lutando por uma vaga com a camisa 10, posição em que se recomenda pensar e tocar mais do que marcar e receber em profundidade. Ele trabalha muito para conseguir um ótimo final de carreira e começar outra, no ano que vem, já como dirigente do Santos. E fala pouco. “O Léo polêmico acabou. Agora, é o Léo paz e amor”, disse na entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Leia abaixo:

UOL Esporte - O que você acha da negociação do Neymar com o Barcelona? Está bem explicada?
Léo -
Olha, eu sou um atleta profissional. Não devo falar sobre assunto da diretoria. E estou acompanhando muito mal, sei o mesmo que todas as pessoas.

UOL Esporte - Fez diferença o Neymar atuar na final do Mundial já apalavrado com o Barcelona?
Léo -
Não sei se ele estava e não vi diferença. Ele fez o possível, como nós todos.

UOL Esporte - Você já chegou a tomar posição política no Santos, criticando atitudes tomadas pelos presidentes. O que pensa do momento atual?
Léo -
Então, esse assunto não é meu. Sou jogador ainda, por um ano.

UOL Esporte - Mas você tomou posição quando a situação do Ganso não se resolvia. Lembra? Falou que era preciso definir logo para que o jogador e o clube seguissem seu caminho.
Léo -
É verdade, eu falei. Mas agora não existe mais o Léo polêmico. Só existe o Léo paz e amor. Meu foco não é discutir, é preparar o meu futuro.

REVEJA LANCES DE LÉO COM A CAMISA DO SANTOS

UOL Esporte - E qual é?
Léo -
Em março começo a fazer um curso de gestão e marketing. No próximo ano, minha meta é trabalhar como dirigente do Santos. E, em um prazo maior, se for possível, ser presidente do clube.

UOL Esporte - Mas já tem algo definido? Se não for no Santos pode ser em outro clube?
Léo -
Não tem nada definido, não. Apenas o equilíbrio que estou buscando na vida. E não pode ser em outro clube, não. Amo muito o Santos, seria muito difícil trabalhar contra o time do meu coração. Aqui é a minha casa.

UOL Esporte - Muitas vezes, após jogos, você desabafava dizendo coisa como “isso é uma resposta a quem só critica”, “todo mundo é contra o Santos” etc, mas nunca dizia o nome. Por quê?
Léo -
Porque no Brasil as pessoas adoram processar as outras. Por qualquer coisa. Então, é bom dar o recado dessa forma.

UOL Esporte - Sinceramente, você ainda está pronto para cumprir um ano de contrato profissional? Ou foi apenas uma homenagem do Santos enquanto você faz faculdade?
Léo -
Olha, quero deixar bem claro. Eu nunca aceitaria um negócio desses. Não quero prejudicar o Santos de maneira alguma. E tenho um passado para respeitar. Não preciso desse tipo de favor não.

UOL Esporte - Então, dá para esperar por você em campo?
Léo -
Eu treino muito e espero uma chance. Posso fazer a função do Montillo, sim. Sem dúvida.

UOL Esporte - Como você se define como jogador?
Léo -
Eu detesto perder, eu jogo sempre para ganhar. Sempre no limite, sou uma pessoa muito emotiva. Tenho desespero de perder e por isso mesmo não aceitaria um contrato  de favor.

UOL Esporte - Qual foi sua maior vitória no Santos?
Léo -
O título de 2002. O clube vinha de um jejum muito grande e trazia uma geração de novos jogadores. A gente se classificou para o mata-mata na última hora. Quando eliminamos o São Paulo, que a imprensa tratava como se fosse o Real Madrid, sentimos que dava para vencer. E ainda fiz um gol importante.

UOL Esporte - E foi contra o Corinthians, né?
Léo -
Nada a ver. Foi contra um time grande. Para mim, todos são iguais, não tem nada a ver isso de Corinthians. Quando falei demais a respeito deles, pedi desculpas.

UOL Esporte - E a maior derrota?
Léo -
Foi naquele Paulista que sofremos o gol do Corinthians quando faltavam dez segundos. Foi um soco no estômago, foi uma coisa muito triste. No vestiário a gente não conseguia conversar, não conseguia falar.

UOL Esporte - Contra o Boca na final da Libertadores e os 8 a 0 contra o Barcelona?
Léo -
Conta o Barça, foi terrível também. Uma sensação de impotência. Contra o Boca, foi a vitória de um time mais experiente contra um time mais audacioso. Foi triste também. Cara, eu sou totalmente pilhado, toda derrota me abate. Mas aquela no finalzinho do jogo, contra o Corinthians, foi péssima porque não deu tempo de lutar, de reagir

UOL Esporte - Quando terminar a carreira, você vai morar em Santos?
Léo -
Sim, tenho apartamento aqui. Sabia que eu sou sobrinho do Tite, que jogou no Santos, antes do Pelé? Ele me tratou muito bem aqui, a cidade me acolheu. Nasci no Rio, mas sou santista.

UOL Esporte - Se não for dirigente, dá para ser vereador?
Léo -
Ah, não. Respeito a política, mas não é para mim, não?

UOL Esporte - O que você acha da Copa no Brasil?
Léo -
Espetacular, vai ser ótimo para o Brasil.

UOL Esporte - Mas e as críticas quanto aos gastos e estádios desnecessários?
Léo -
No Brasil, se não tiver crítica não é bom. Aqui, as pessoas criticam tudo, nunca estão contentes?

UOL Esporte - Que pessoas são falsas?
Léo -
As pessoas, né? Não vou falar. Tem gente que só vê coisas erradas.