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STJD, doping e bola. Deco detona futebol nacional dentro e fora dos campos

Do UOL, em São Paulo

12/02/2014 06h00

O meia Deco parou de jogar futebol em 2013 depois de uma carreira recheada de experiências e troféus nos grandes palcos do mundo. Mas a parte final de sua trajetória foi em território brasileiro, onde também conquistou títulos, mas em palcos bem diferentes dos que se acostumou no Velho Continente. O brasileiro naturalizado português criticou a qualidade do esporte praticado no país, tanto com a bola nos pés, como também com o 'livrinho' embaixo do braço.

"Eu nunca fui num tribunal na Espanha, nem na Inglaterra, acho que as coisas eram resolvidas mais facilmente. Aqui o tribunal parece um show, que você matou alguém. Você toma um cartão e é julgado como se tivesse cometido um crime. Em Portugal a coisa era muito mais simples. As pessoas estão tão desacreditadas que, às vezes, até o quê é certo vira duvidoso", declarou em entrevista para o Bola da Vez, da ESPN Brasil, exibido nesta terça-feira.

Mesmo tendo defendido o Fluminense em seu retorno ao futebol nacional, clube beneficiado no polêmico final do último Campeonato Brasileiro, Deco levantou a bola dos critérios desiguais nos julgamentos realizados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

"Se houve irregularidade, o clube tem que ser punido. Mas outros clubes já passaram por situações e não foram punidos. Entao aí você discute por que com um funciona e com outro não. O quê é certo, o quê é errado. O futebol tem muita gente boa, competente, mas parte ainda é arcaica", comentou o talentoso meio-campista.

O descontentamento de Deco com o STJD já vem de outros tempos, quando o atleta foi pego no exame anti-doping durante o primeiro semestre de 2013. Situação da qual se exime de culpa até hoje.

"Eu cheguei até ao ponto de duvidar se realmente tinha algo na minha urina. O laboratório que analisou foi descreditado já. Foi tudo muito obscuro. As pessoas que julgam não tem conhecimento de doping. Você está lá sendo julgado num show, para a imprensa. Eu sei que não fiz nada errado, eu tomava umas vitaminas feitas numa farmácia de manipulação", explicou o jogador aposentado, que está com 36 anos de idade.

Com passagens vitoriosas por Porto, Barcelona, Chelsea e seleção portuguesa, Deco retornou ao Brasil já veterano para defender o Fluminense, mas, mesmo com a idade avançada, conseguiu jogar um bom futebol quando não esteve lesionado. Para o meia, tanto o desempenho como as lesões foram reflexos do nível do futebol brasileiro.

"O clube não tinha uma estrutura tão boa, mas o primeiro choque não foi nem a estrutura. Isso você se adapta, não dá para ficar nessa 'frescuraiada'. Mas o Fluminense vem de um histórico de lesões nos últimos anos. Treinar e jogar em campo ruim é complicado, não dá para se recuperar. Então contratei pessoas de fora para melhorar minha condição física", reclamou.

"Eu, Marcos Assunção, Seedorf, nos destacamos como não conseguiríamos mais na Europa. Aqui, pela qualidade técnica baixa, quem é acima da média consegue se destacar. Acho que em algum momento do processo da formação de jogadores a gente está errando", completou.