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Ele saiu do Barça por causa de Neymar. E reclama de calote no Brasil

Sandro Rosell renunciou à presidência do Barcelona em janeiro - Alejandro García/EFE
Sandro Rosell renunciou à presidência do Barcelona em janeiro Imagem: Alejandro García/EFE

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 06h00

Antes de ser investigado na Espanha por suspeitas de desvios na contratação de Neymar, Sandro Rosell já havia sofrido acusações no Brasil. Sócio da empresa Ailanto Marketing, com sede no Rio de Janeiro, o cartola catalão enfrenta duas ações na Justiça de Brasília, movidas pelo Ministério Público do Distrito Federal. Mas no Brasil, Rosell não é só réu. O dirigente também é autor de uma ação contra a Confederação Brasileira de Beach Soccer por calote.

A Ailanto, que intermediou um acordo de patrocínio da entidade, alega ter R$ 235 mil a receber. A empresa entrou com pedido de execução de título extrajudicial em 2013, mas ainda não conseguiu ver a cor do dinheiro, pois a confederação mudou de endereço duas vezes e agora está sediada em Aracaju.

A mesma empresa, porém, está ligada à maior dor de cabeça do catalão. Isso porque o Ministério Público do Distrito Federal apontou que Rosell se beneficiou de irregularidades na realização do amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008, no Gama. A empresa do ex-presidente do Barcelona recebeu R$ 9 milhões para organizar a partida. Se ele for condenado, a pena pode chegar a oito anos de prisão.

O advogado de Rosell em Brasília, Antenor Madruga, afirmou que o processo corre em segredo de justiça é que não pode se pronunciar sobre o caso. Outro escritório contratado pelo dirigente, o Veirano Advogados, tampouco quis falar sobre os processos movidos contra o cartola.

Padrinho de Teixeira
Rosell foi o principal executivo da Nike no Brasil até 2003. Durante a gestão do catalão, a empresa norte-americana renovou contrato com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), foi investigada por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e ele passou a frequentar o ambiente da seleção brasileira.

Em autobiografia publicada na Espanha, Rosell descreveu Ricardo Teixeira como um amigo fiel. O cartola foi padrinho de casamento do brasileiro. O dirigente também contou bastidores sobre a sua convivência com a equipe que conquistou o pentacampeonato mundial no Japão, em 2002. 

No Barcelona, Rosell acabou repetindo Teixeira. O ex-presidente da CBF renunciou ao cargo justamente após ser revelada a investigação do MP do Distrito Federal que apontava o seu envolvimento no caso de superfaturamento no jogo da seleção brasileira em 2008. A ligação era, justamente, por um pagamento feito pela Ailanto.

Segundo a Folha de S. Paulo, durante a investigação do caso de superfaturamento no jogo da seleção brasileira, em 2008, no Distrito Federal, foram encontradas remessa de R$ 1 milhão para o exterior da Ailanto para a conta de Rosell, além de cheques nominais e repasses de R$ 705 mil a Teixeira.

Seis anos depois da realização da partida, os processos ainda continuam sem desfecho.

Rei dos amistosos

A intimidade com Teixeira rendeu dividendos para o Rosell. Durante a gestão do cartola, o catalão recebeu comissões dos pagamentos recebidos pela venda de amistosos da seleção pela CBF, segundo o Estado de S. Paulo.   

De acordo com a publicação, a Uptrend, empresa de Rosell, recebeu parte desse dinheiro recebido pela dona da seleção. A companhia do ex-presidente do Barcelona teria recebido 8,3 milhões de euros (cerca de R$ 25,5 milhões) relacionados a "serviços de marketing e promoção" de 24 jogos que a seleção brasileira fez de 2006 a 2012.

A CBF tinha um contrato com a ISE, empresa que comprava os direitos dos amistosos da seleção brasileira. A companhia desembolsava US$ 1,15 milhão por jogo, mas US$ 450 mil iam para a Uptrend. Rosell alegou que os valores correspondem à honorários por trabalhos prestados à CBF.