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Cutucadas, provocações e 'jogos mentais': este é Mourinho na hora decisiva

Do UOL, em São Paulo

15/02/2014 06h00

José Mourinho é conhecido por seus grandes trabalhos e inúmeros títulos conquistados, mas também por ser especialista em cutucar e tirar seus adversários do sério com a velha conhecida ‘guerra psicológica’ em momentos de decisão. E o português começa a atuar justamente quando a temporada europeia esquenta.

Com a disputa pela liderança do Campeonato Inglês cada rodada mais quente, o início da fase eliminatória da Liga dos Campeões se aproximando e a Copa da Inglaterra se afunilando, Mourinho já destila seu veneno durante as entrevistas coletivas.

Os alvos foram escolhidos a dedo: Arsene Wenger, técnico do Arsenal, Manuel Pellegrini, treinador do Manchester City, e Brendan Rodgers, comandante do Liverpool.

E não é mera coincidência que os três são os principais adversários de Mourinho na briga pelo título inglês, o mais disputado dos últimos anos.

Neste sábado, o Chelsea de Mourinho encara o Manchester City fora de casa pelas oitavas de final da Copa da Inglaterra. Daqui 12 dias, joga contra o Galatasaray pela Liga dos Campeões.

No Inglês, o time do português lidera com 57 pontos, contra 56 do Arsenal, 54 do City, que tem um jogo a menos e 53 do Liverpool.

Vale sempre lembrar que Mourinho cansou de provocar o Barcelona enquanto foi treinador do Real Madrid entre 2010 e 2013. 

Veja alguns exemplos de como Mourinho se comporta:  

ARSENE WENGER: RIVAL ANTIGO E ALVO PREDILETO

  • A relação entre Mourinho e Wenger é conturbada desde a primeira passagem do português pelo time inglês, entre 2004 e 2007. Após alguns meses de trégua, o comandante do Chelsea resolveu atacar o francês.
    “É um especialista em fracassar. Eu não sou. Então ele está certo em dizer que tenho medo de fracassar, porque não falho tantas vezes. Ele é especialista porque são oito anos sem ganhar nada, e isso é um fracasso. Se eu fizesse isso com o Chelsea, abandonaria e não voltaria”, disse Mourinho, ao citar o jejum de títulos do Arsenal, que não vence um torneio desde 2005 com a Copa da Inglaterra.
    A resposta veio após Wenger dizer que Mourinho não colocava o Chelsea como um dos favoritos ao título inglês por medo de fracassar.
    No passado, o português apelidou o francês de “voyeur”, por se preocupar mais com os adversários do que com a sua equipe.

MANUEL PELLEGRINI: REENCONTRO NADA AMIGÁVEL

  • Mourinho provocou Pellegrini pela primeira vez em 2010, quando substituiu o chileno no comando do Real Madrid e disse que nunca aceitaria dirigir o Málaga (clube que Pellegrini assumiu) após deixar o Real. Três anos depois, os treinadores se reencontraram na Inglaterra e as rusgas do passado foram resgatadas.
    Em 2014, os motivos para a troca de provocações foram supostos erros dos árbitros a favor do City - na visão de Mourinho - e a quantidade de dinheiro gasto pelo Chelsea na janela de transferências. Pellegrini criticou o alto investimento feito pelo rival, e ouviu que um engenheiro como o chileno não precisaria de uma calculadora para ver que o time de Londres lucrou 23 milhões de libras na janela.
    Antes, Pellegrini havia criticado o adversário por supostamente tirar o corpo fora quando o time não sai vencedor. “Só acho que se ele vencer, o mérito será dele, mas se perder, ele não será o responsável. É assim que ele funciona", atacou.
    O português não ficou quieto e provocou: “ele segue dizendo que não responde a Mourinho. Ele dizia o mesmo quando estávamos na Espanha.”

BRENDAN RODGERS: AMIGOS, AMIGOS; NEGÓCIOS À PARTE

  • O técnico Brendan Rodgers adotou um discurso humilde ao dizer que o seu Liverpool é um chihuahua em uma corrida contra três cavalos (Chelsea, Arsenal e City) pelo título inglês. Mourinho não perdeu chance de provocar.
    “Tenho certeza que é uma corrida de quatro cavalos agora. Eles têm uma grande vantagem por não jogarem a Liga dos Campeões”, disse Mourinho, lembrando que o Liverpool não disputa um torneio continental desde a temporada 2009/10.
    Depois, o português usou seu bom humor para falar sobre a comparação com o mundo animal feita pelo técnico do Liverpool. “Se Brendan é um chihuahua é porque ele treina muito e descansa muito. Durante a semana, ele dorme, come e treina um pouco. É um privilegiado”.
    Apesar da alfinetada, o português é amigo do treinador do Liverpool desde a sua primeira passagem pelo Chelsea, quando Rodgers era técnico das divisões de base. “Se eu não vencer, gostaria que Brendan ganhasse porque somos amigos”.