Tinga manda recado de apoio a árbitro vítima de racismo e aponta impunidade
O volante Tinga, do Cruzeiro, mostrou solidariedade ao caso de racismo contra o árbitro Márcio Chagas da Silva na partida entre Esportivo e Veranópolis pelo Campeonato Gaúcho. O juiz teve o carro depredado e coberto com bananas após o jogo, no qual relata ter sido chamado de 'macaco, lixo e escória'.
Em entrevista ao programa Arena Sportv desta sexta-feira, Chagas disse ter recebido uma mensagem de apoio do jogador, que comentou o caso em um programa de TV do Rio Grande do Sul.
"Ele mandou uma mensagem via TV. Mandou palavras solidárias que, com certeza, eu retribuo a ele, que é um homem exemplar. Não só como jogador, mas pela honra e pelo caráter que ele tem", comentou o árbitro ao Sportv.
Há menos de um mês, o atleta do Cruzeiro também foi vítima de racismo em uma partida de futebol, quando ouviu a torcida imitando macacos durante o jogo contra o Real Garcilaso, no Peru. O caso foi muito difundido e Tinga recebeu apoio de jogadores por todo o país e também da presidente Dilma Rousseff. Mas, ao ver a situação se repetir com o árbitro Márcio Chagas, o jogador mostra indignação e fala em impunidade com atos de racismo.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, o volante disse que o racismo é tratado como algo aceitável no futebol e que as vítimas acabam pressionadas a 'levarem na esportiva'.
"Todo mundo achou um absurdo o que fizeram comigo. Também vão achar um absurdo o que fizeram com o Márcio. Mas e daí? As punições são brandas, não acontece nada, ninguém leva a culpa. Vai seguir tudo igual", declarou à publicação.
Questionado sobre uma possível punição sobre o seu caso, Márcio Chagas disse que o clube mandante deve ser penalizado. "Eu desconheço as punições na justiça desportiva, mas, se eu tivesse poder pra isso, no mínimo, (a punição) seria portões fechados. Na minha opinião é o mínimo a ser feito", disse ao Arena Sportv.
A procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva aguarda a publicação da súmula para apresentar denúncia contra o Esportivo. O clube deverá responder ao artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevê perda de três pontos e multa de R$ 100 a R$ 100.000,00 por 'ato desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência'.
"Vamos obter a súmula até esta sexta-feira e apresentar denúncia. Como o caso pode afetar a classificação da primeira fase, deve ser levado ao Tribunal na sessão da quinta-feira da semana que vem [13 de março]", disse ao UOL Esporte o procurador Alberto Franco.
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