Corinthians usa lógica da NBA para abrir espaço para reforços no time
Para tentar criar uma dinastia com Lebron James, Dwayne Wade e Chris Bosh, o Miami Heat teve de limpar seu elenco e abrir espaço para os salários polpudos das estrelas em 2010. O Corinthians está longe de uma constelação e mais ainda de construir um domínio tão grande, mas tenta pensar parecido. No meio da reformulação que promove, o clube calcula quanto economiza em sua folha salarial para poder, em breve, voltar a investir em um nome de peso.
A conta vem sendo feita desde a saída de Ibson, em fevereiro. O volante puxou a fila e levou consigo, dias depois, Douglas, Alexandre Pato e Paulo André, que seriam negociados em sequência. Emerson Sheik, em atrito com a diretoria, deve ser o próximo.
O atacante deve ser emprestado com o Corinthians pagando R$ 250 mil, 50% do seu salário atual. Com isso, o clube terá feito uma economia de cerca de R$ 1 milhão desde que a reformulação começou.
Poupar serve para várias coisas. De cara, reduz a folha salarial do Corinthians, que passa de R$ 7 milhões mensais e é das mais caras do país. Além disso, mantém em curso a renovação do elenco que o clube acha necessário, mandando embora medalhões que, exceção feita a Paulo André, já não rendiam mais no Parque São Jorge. Por último, abre espaço para contratações de peso.
“Isso nunca foi feito só pensando em poupar. É poupar para aplicar melhor e ter resultados melhores. O nosso objetivo era começar um novo ciclo depois um período vitorioso, em que conquistamos tudo o que gostaríamos. Reformular dói, e difícil, mas às vezes é necessário”, disse Ronaldo Ximenes, diretor de futebol alvinegro.
Com a sobra na folha salarial, o Corinthians pode engordar seu elenco com promessas como Bruno Henrique e Luciano, que custam pouco, mas também pode apostar em nomes mais chamativos, como Elias. Se tivesse fechado na última terça, o volante custaria ao clube cerca de R$ 500 mil.
A lógica é a mesma da NBA, com a diferença de que na liga norte-americana ela é uma regra. “Todo mundo tem de seguir. Não é uma diretriz. Tem um teto e tem um super teto, que é o que realmente preocupa os times, porque você começa a ter multas em cima disso. Para cada dólar a mais ele paga dois ou três, isso depende do tanto que ele infringiu. Por isso, se ele está excedendo US$ 12 milhões e isso vai virar US$ 36 milhões”, disse Giancarlo Gianpietro, blogueiro de basquete do UOL Esporte.
A mecânica é parecida com outras ligas norte-americanas, em que os times são franquias de uma única corporação. Na NBA, o valor das multas é dividido entre as outras equipes. Para evitar isso, os gestores precisam fazer um malabarismo. Quando querem comportar estrelas em uma mesma equipe, a manobra é maior ainda.
Em 2010, o Miami Heat trocou oito dos 15 jogadores do seu elenco para abrir espaço em sua folha salarial. Com isso, conseguiu reunir Cris Bosh e Lebron James, suas estrelas que estavam sem contrato, a Dwayne Wade, que já estava na franquia, mas renovou seu compromisso.
Para não deixar os astros sozinhos, o técnico Pat Riley trouxe outros oito nomes para completar o elenco que seria vice-campeão da liga. Hoje, já soma dois títulos e está entre os favoritos para o título deste ano.
No futebol, não é tão comum encontrar dirigentes que façam essa conta. No ano passado, por exemplo, o Grêmio quase comprometeu 2014 com sua tentativa de ganhar a Libertadores no primeiro ano de sua recém-inaugurada Arena.
Dida, Cris, André Santos, Vargas e Barcos se juntaram a um elenco que já tinha Elano, Zé Roberto, Kleber e Marcelo Moreno, além do técnico Vanderlei Luxemburgo. A folha salarial bateu os R$ 10 milhões mensais e pelo menos quatro atletas ganhavam mais de R$ 500 mil cada.
O Grêmio caiu nas oitavas da Libertadores diante do modesto Santa Fé, da Colômbia, e sofreu com os salários pelo resto do ano. Dida, Cris, André Santos e Vargas saíram do clube, assim como Marcelo Moreno e Elano, embora parte dos salários dos dois últimos ainda sejam pagos pelos gaúchos. Zé Roberto, para ficar, reduziu seus ordenados pela metade, e a direção está interessada em negociar Kleber.
Só que o exagero já comprometeu a temporada 2014. Neste ano, o Grêmio não pôde gastar quase nada em reforços, vendeu jovens jogadores de forma precoce e está apostando cada vez mais na base. O Corinthians, de certa forma, também foi afetado por um exagero no ano passado, que agora ele tenta consertar com essa equação à la NBA.
No ano passado, o clube gastou R$ 45 milhões além do previsto para transferências. O resultado é que, neste ano, sobraram apenas R$ 10 milhões, que a esta altura da temporada já são cerca de R$ 4 milhões. Para trazer Elias, por exemplo, o Corinthians teria de pedir empréstimos no mercado e parcelar o valor da compra.
Na NBA, também há quem exagere. Time com a folha salarial mais alta da NBA, segundo o site especializado HoospHype, o Brooklyn Nets gasta mais de US$ 100 milhões (R$ 227 milhões) por ano com seu elenco, e está US$ 44,1 milhões (R$ 100,1 milhões) acima do super teto da temporada US$ 58,6 milhões (R$ 133 milhões). Nenhum dos dez jogadores mais caros da liga, porém, estão no elenco do time nova-iorquino.
O Corinthians imagina que sua estratégia não deve ser a mesma por muito tempo. Na visão do clube, uma equipe vencedora encarece naturalmente, como aconteceu com a geração de 2008. Por isso, se os objetivos forem atingidos, a folha salarial deve aumentar novamente.
*Colaborou Marinho Saldanha
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