Pela 1ª vez, Atlético-MG traz jogador europeu direto do 'velho continente'

O francês Anelka, que foi anunciado pelo presidente Alexandre Kalil na madrugada de domingo, será o primeiro jogador europeu que vem direto da Europa para o Atlético-MG, na história do clube. Petkovic defendeu o alvinegro, mas depois de muito tempo no Brasil. A chegada do jogador mostra ousadia da diretoria e mudança de foco no mercado de negociação.

Nos registros do clube alvinegro, nenhum atleta nascido na Europa e que estivesse em um clube europeu havia se transferido diretamente para o Atlético. Com isso, Anelka será o primeiro atleta da história a fazer este percurso, saindo da Inglaterra, onde defendeu, por último, o West Bromwich,  e vindo para o Brasil.

Na história do alvinegro belo-horizontino, seis jogadores com nacionalidade europeia atuaram no Atlético. Dois atletas ingleses, Cuthbert e Rose atuaram pelo Atlético em 1915 e o italiano Beltrane, no mesmo ano, vestiram a camisa alvinegra. Porém, não há registro de que eles tenham jogado na Europa antes da chegada em Belo Horizonte.

Outros dois atletas com nacionalidade italiana passaram pelo Atlético, mas não chegaram a atuar na Europa. O primeiro, o goleiro Omar Pieri, entre 1939 e 1942. Mais à frente, foi a vez do zagueiro Benito Fantoni, que esteve no clube de 1956 a 1959. Em 2008, foi a vez de Petkovic ser contratado, como presente pelo centenário alvinegro, porém, o sérvio já tinha carreira consolidada no Brasil e atuava pelo Santos.

Desta forma, Anelka é o primeiro jogador nascido na Europa e que atuava no continente a se transferir diretamente para o Atlético. O centroavante atuou em grandes clubes, como Juventus, Chelsea, Real Madrid, Manchester City, Fenerbahce e estava no West Bromwich, da Inglaterra.

Ao acertar com o Atlético, o centroavante se torna o primeiro francês da história a jogar no clube. O atual grupo conta com outros dois atletas de fora, o zagueiro Otamendi e o meia Dátolo. Curiosamente, atletas argentinos e uruguaios dominam a lista de contratações do clube fora do Brasil.

“Foi uma contratação de peso, grande. Acho que não se compara com o impacto da contratação do Ronaldinho Gaúcho”, avaliou Emerson Maurílio, historiador do Atlético e membro do Centro Atleticano de Memória.

Para o historiador, o atleta não superará em termos de badalação e mídia a contratação de Ronaldinho Gaúcho, mas mexerá com o dia a dia atleticano. “Até pela forma como o Ronaldo foi contratado, de surpresa, tinha helicóptero no CT. Não dá para comparar. Pelo que tenho visto de repercussão na mídia, não dá para comparar os dois”, destacou Emerson Maurílio.

A presença do camisa dez no time mineiro, por sua vez, foi o diferencial para que o Atlético conseguisse contratar Anelka. Sem contrato e com pouco mercado na Europa, o jogador viu na chance de jogar com Ronaldinho Gaúcho, reeditando em Belo Horizonte a parceria que teve no PSG, em 1996, uma oportunidade boa.

O atacante francês repete assim, os passos de Seedorf, que deixou o Milan, em 2012, transferindo-se para o Botafogo, em uma das principais contratações da história do futebol brasileiro. “Pegou todo mundo de surpresa. É uma das principais contratações da história do Brasil. Eleva o Atlético de patamar, sem dúvida alguma”, disse o torcedor alvinegro Welliton Magno, de 57 anos.

“É uma contratação, assim como a do Ronaldinho, que era impensável para qualquer torcedor atleticano há três, quatro anos e que vem mostrando que o clube está em um outro patamar no Brasil, muito a frente dos outros clubes, que possuem até mais receitas”, acrescentou o torcedor atleticano.

Este ano, o Atlético já trouxe outros dois reforços que estavam na Europa, o zagueiro argentino Otamendi e o lateral esquerdo Emerson Conceição, o que mostra que o olhar atleticano para contratações está voltado para o velho continente, modificando assim o alvo de mercado por parte da equipe alvinegra.

Otamendi chegou para suprir a lesão de Réver, que está em fase final de recuperação de lesão no tornozelo e deverá voltar aos treinos com o grupo ainda nesta semana. Já Emerson Conceição virá para ocupar o lugar vago na lateral esquerda.

O foco no mercado europeu não é uma situação muito comum em outros anos do futebol brasileiro, principalmente na tentativa de anunciar nomes de peso daquele local. “O Atlético está virando um time ousado e europeu. A diretoria mostra sua força e seu trabalho bem feito”, ressaltou o advogado e torcedor atleticano Guilherme Salomão Dias, 29 anos.