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SP quer 'ressuscitar' C13 com calendário europeu e nova TV

Guilherme Palenzuela*

Do UOL, em São Paulo

25/04/2014 06h00

Carlos Miguel Aidar foi um dos fundadores do Clube dos 13, grupo que entre 1987 e 2011 serviu para intermediar conexões comerciais e políticas dos maiores clubes do Brasil de forma isolada da CBF, mesmo sem ruptura com a entidade máxima do futebol nacional. O diretor executivo do Clube dos 13 foi, até 2011, Ataíde Gil Guerreiro. Hoje, um é presidente e o outro é vice-presidente de futebol do São Paulo. Com a dupla, voltam os ideais que evoluíram dentro da entidade nas últimas décadas, mas que não foram executados: o novo São Paulo pretende brigar para que o calendário brasileiro se adeque ao europeu e, no futuro, quer ao menos colocar em pauta a discussão sobre a volta da negociação coletiva de direitos de TV.

Aidar fala abertamente sobre a criação de uma nova liga de clubes desde que foi indicado como candidato por Juvenal Juvêncio. Defende que haverá uma polarização de poder para Corinthians e Flamengo nos próximos anos se o atual modelo, que beneficia cada vez mais os dois grandes clubes pelo contrato com a TV Globo, não for desfeito. Ataíde Gil Guerreiro fala desde a ruptura do Clube dos 13 que o atual modelo será, em médio prazo, fator de desequilíbrio no futebol brasileiro.

Os primeiros passos para uma nova união entre os clubes ainda não foi dado, mas Aidar falou em iniciar as conversar a partir do momento que fosse eleito presidente do São Paulo. A dificuldade já admitida, no entanto, será encontrar motivos para convencer Flamengo e Corinthians a deixarem o atual formato – não haverá criação de liga consistente sem o apoio dos dois clubes mais populares do Brasil.

O próprio Aidar, no entanto, derrapou nas primeiras oportunidades que falou como presidente sobre os rivais. Disse, no ato da posse, que Corinthians e Palmeiras são “pseudo-donos” de seus estádios, e criticou os valores da negociação que levou o atacante Leandro Damião ao Santos. Depois, à rádio Bandeirantes, deu a polêmica declaração, em meio a uma piada, que o meia Kaká “cairia como uma luva” no São Paulo por ser bonito e “ter todos os dentes na boca”.

Não por coincidência, aliado ao projeto de unir os clubes em uma liga independente da CBF, Aidar criará no São Paulo o cargo de diretor de relações institucionais. Este dirigente será responsável pelo relacionamento institucional do São Paulo com federações, entidades e empresas, da Fifa à Rede Globo.

Dentre as outras ideias de Aidar e Gil Guerreiro, que vêm desde o Clube dos 13, estão a adequação do calendário do futebol brasileiro ao europeu, com redução dos campeonatos estaduais. O novo vice de futebol do São Paulo pensa que o Brasileirão deve ser disputado de agosto a maio, assim como no futebol europeu, para que as janelas de transferência aconteçam ao mesmo tempo e os times possam fazer pré-temporadas com a duração adequada. Outra preocupação é que as datas Fifa, de jogos de seleções, não interfiram nos jogos do futebol brasileiro.

Dentre todos esses objetivos, a dupla são-paulina sabe que o mais difícil de se realizar é o novo modelo de negociação com as emissoras de TV, nos moldes antigos, de negociação coletiva. Tem até cuidado em falar do assunto. "Nunca falei que tinha que ser negociação coletiva de contratos de televisão. Disse que prefiro a negociação coletiva. Acho melhor para os clubes. Mas não vou levantar bandeira. Agora, não. Tenho como prioridade apresentar um diretor ao outro, formar minha diretoria", afirmou Aidar.

Porém, as mudanças de calendário – redução do estadual e adequação ao europeu – são vistas como viáveis. As armas são as mesmas que ajudaram Aidar a chegar no poder ao São Paulo: o bom relacionamento com a CBF de Marco Polo Del Nero e José Maria Marin.

*colaborou Rodrigo Mattos, em São Paulo