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Marcelo Oliveira vira o técnico mais longevo entre grandes clubes no Brasil

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

13/05/2014 06h00

Com a saída de Gilson Kleina no comando do Palmeiras, o técnico Marcelo Oliveira tornou-se o treinador com mais tempo no comando entre os grandes clubes do Brasil. A razão disso é o bom trabalho da comissão técnica e o planejamento da diretoria, que tem apostado na continuidade para obter sucesso. Por enquanto, a fórmula está dando certo, com dois títulos conquistados. E os cruzeirenses pretendem dar prosseguimento ao trabalho para conquistar mais troféus em 2014.

No ano passado o técnico passou por momentos delicados quando perdeu a final do Campeonato Mineiro para o Atlético-MG e foi eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo. A diretoria, porém, bancou o treinador e o clube acabou sendo campeão brasileiro com sobras. Com o crédito do título nacional, o técnico conseguiu ser campeão mineiro e mais uma vez vai obtendo bons resultados, com o time sendo o único sobrevivente na Libertadores.

No entanto, o Cruzeiro perdeu a primeira partida das quartas de final da Libertadores para o San Lorenzo e agora precisará buscar a virada no Mineirão, na próxima quarta-feira, às 22h, no Mineirão, por dois gols de diferença. O técnico já sinalizou com mudanças e, apesar de algumas críticas, segue com grande prestígio entre os jogadores e a diretoria. Tanto é que possíveis alterações em um momento decisivo não causam preocupação.

“O elenco todo já se conhece, independentemente do jogador que jogar, todos sabem do posicionamento que temos ter. O nosso elenco é muito forte, tem totais condições de reverter. É um jogo muito difícil, mas a gente tem totais condições de reverter com o apoio do torcedor também”, afirmou o zagueiro Bruno Rodrigo, que valoriza o trabalho feito pelo treinador neste período.

“A continuidade é importante. Ele conhece o grupo, o grupo conhece o trabalho dele, sabe o que ele quer dentro de campo, as informações que passa, a maneira que gosta de jogar. Então, a gente dá muita importância ao treinador, porque poucos times têm essa continuidade. Esperamos que possa ficar mais tempo do nosso lado, conquistando ainda mais, porque é um excelente profissional, tem total apoio do grupo, estamos fazendo um bom trabalho e vamos continuar nessa batida”, destacou.

Marcelo Oliveira chegou ao Cruzeiro no início de 2013 e fez um trabalho importante de reformulação do elenco junto com os dirigentes, indicando novos jogadores como o meia Everton Ribeiro, que se tornou o grande destaque individual da equipe. O comandante chegou a ser bastante criticado pelo passado ligado ao rival Atlético-MG e sofreu pressão a cada derrota, mas foi mantido no cargo pela diretoria.

O presidente Gilvan de Pinho Tavares, quando assumiu o clube, manteve Vagner Mancini mesmo após uma campanha fraca com o Cruzeiro em 2011 e ficou com o técnico em boa parte do primeiro semestre, trocando-o apenas quando a pressão se tornou insustentável e depois dos fracassos no Mineiro e na Copa do Brasil. Celso Roth pegou o time antes de começar o Brasileirão e ficou até o final do contrato, mesmo com constantes críticas dos torcedores.

Marcelo Oliveira também foi mantido até o fim do contrato e, até pelo título logo no primeiro ano e o bom trabalho, o contrato foi renovado até o fim desta temporada. Independentemente do que aconteça na quarta-feira, o treinador será mantido no cargo e dificilmente deixará o clube antes do fim da temporada. 

Há uma avaliação de que o trabalho está sendo bem conduzido tanto pelo estilo de jogo do Cruzeiro, que agrada o presidente e tem um padrão definido, como na habilidade para gerenciar o grupo e evitar crises. O meia-atacante Everton Ribeiro, que conhece o técnico desde os tempos do Coritiba, elogia o planejamento do clube e do treinador. 

“É importantíssimo, a gente vê que os últimos campeões têm o histórico de treinadores com mais tempo de casa. O técnico tem que ter tempo de trabalhar, tempo para ter a equipe na mão. O Marcelo tem tudo isso, conhece cada jogador, conhece os detalhes da equipe, ele pode mexer muito bem quando precisa. É ótimo ter ele há bastante tempo com a gente”, comentou. 

Os números positivos ajudaram o técnico a seguir no comando, pois o aproveitamento do Cruzeiro nas mãos de Marcelo Oliveira é o melhor da história, com 73,62%. Em 91 jogos, foram 62 vitórias, 15 empates e 14 derrotas. “É muito gratificante, é uma comprovação de que o trabalho continua sendo muito bem feito. Conseguimos dois títulos nesse período de um ano e cinco meses de clube e ter uma continuidade é um excelente indicador para continuarmos nessa crescente e conseguir ainda mais triunfos no futuro”, disse o técnico por meio de sua assessoria de imprensa.

O técnico já reconheceu a queda de rendimento da equipe em relação a 2013, principalmente no aspecto ofensivo. Contudo, ele demonstra confiança na classificação celeste diante do San Lorenzo, para seguir vivo na Libertadores, e a aposta dos diretores é na capacidade do técnico mobilizar o grupo como aconteceu nos jogos diante da Universidad de Chile e Cerro Porteño, quando o time esteve pressionado e conseguiu dar a volta por cima. "Toda vez que fomos chamados demos uma resposta positiva, esse grupo é forte, muito unido. Temos que dar novamente essa resposta se quisermos chegar lá na frente", ressaltou o treinador celeste.

E mesmo que o Cruzeiro seja eliminado, o time seguirá seu planejamento para tentar conquistar novamente o título do Brasileirão. Ao contrário de muitas equipes nacionais quando disputam a Libertadores, o time não abandonou o campeonato e vem administrando o time reserva em algumas situações para se manter entre os primeiros. A meta é terminar as nove rodadas antes da Copa do Mundo na liderança ou pelo menos no G-4.

“Nós jogamos quatro partidas fora, agora vamos jogar em casa e temos que tirar proveito disso. Depois dessa semana já não tem mais jogos da Libertadores, mesmo com a classificação, se Deus quiser, porque a semifinal seria disputada somente após a Copa, e vamos nos concentrar no Brasileirão”, destacou o comandante cruzeirense.