Topo

Consolidado na Udinese, lateral relembra falta de apoio à base no Palmeiras

Gabriel Silva, à esquerda, disputa bola pela Udinese contra adversário do Parma - Marco Luzzani/Getty Images
Gabriel Silva, à esquerda, disputa bola pela Udinese contra adversário do Parma Imagem: Marco Luzzani/Getty Images

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

30/05/2014 06h01

Depois de momentos de incerteza e muitas dificuldades na Europa, Gabriel Silva finalmente se firmou na Udinese. Na temporada 2013/14, o lateral esquerdo disputou 39 partidas e já pode dizer que está entre as primeiras opções na equipe italiana. Mesmo à distância e em bom momento fora do país, o atleta afirmou ao UOL Esporte que ainda acompanha o Palmeiras e lamentou a falta de apoio às categorias de base que vê em sua ex-equipe.

Lembrando nomes como o dos companheiros Vinícius e Luis Felipe, ele recorda tempos de dificuldade ao tentar entrar para os profissionais entre 2009 e 2010 e sugere que esta mudança pode dar novos rumos à equipe de São Paulo.

“Falta, sim, apoio para a base do Palmeiras. Precisa olhar com mais atenção para mudar alguma coisa. São jogadores bons que nascem lá, que tiveram algumas oportunidades e não foram olhados de perto”, disse ele. “Faz tempo que eu não falo com o Luis Felipe, mas a última vez que eu falei ele estava indo para o Benfica. E, agora, ele está aí sem jogar”, lamentou.

Luis Felipe chegou a negociar a renovação com o Palmeiras e, na hora de assinar o contrato, se aproveitou de um erro de grafia para tentar recuar no acerto verbal para conseguir mais vantagens em seu novo vínculo. A briga acabou com vitória palmeirense, e o lateral não recebe mais chances desde então.

Justamente por esses problemas nos bastidores, muito comum no Palmeiras, Gabriel relata que as categorias de base precisam ter uma avaliação diferente dos demais paulistas.

“Se você parar para olhar, vai ver que o Santos é, entre os quatro grandes, o que mais revela. Mas o Palmeiras precisa olhar com mais carinho para isso. Jogar no Palmeiras é diferente do que jogar nos outros times”, completou.

Deixando de lado os problemas palmeirenses envolvendo seus amigos, Gabriel comemora bastante a sequência de jogos na Udinese, apesar de não ter tido tantos bons resultados coletivos durante a temporada.

Gabriel Silva é fotografado durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol (07/04/2011) - Fabio Braga/Folhapress - Fabio Braga/Folhapress
Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Ele admite que a equipe precisa melhorar, mas comemora o fato de ter vencido a barreira da adaptação à vida fora do Brasil. A ajuda dos brasileiros no Velho Continente é fundamental para Gabriel, que também relata sempre estar entre conterrâneos nas horas vagas.

“É uma experiência diferente, com outro país, outra cultura. No começo, foi difícil, especialmente quando fui para o Novara (por empréstimo). Eu não sabia falar italiano, foi muito difícil e passei por dificuldades. Mas sempre tive aquilo comigo de vencer na carreira”, relatou. “Eu saí no momento certo para realizar um sonho. Fiquei seis meses no Novara e tinha um jogador brasileiro que me ajudava muito, fora e dentro de campo. Traduzia tudo, falava o que o técnico queria e foi muito importante. No começo, era difícil ir até no supermercado e para jantar”, recordou.

Por fim, Gabriel diz que, na Itália, precisou amadurecer taticamente e que tem jogado de forma mais “pegada” do que fazia na Academia de Futebol. O que precisa, agora, é vencer o desafio feito por Marcos Assunção, ex-companheiro de Palmeiras.

“Quando eu ia sair, o Assunção chegou para mim e avisou que não ia adiantar ficar um aninho lá e voltar. Ele falou que tinha que fazer que nem ele, de ficar dez anos lá fora. Ele sempre me falou que ia dar vontade de ir embora depois do primeiro ano e não deu outra. Mas vou ficar dez aninhos aqui que nem ele falou”, finalizou.