Coordenador de 2002 detona volta de Dunga; ex-parceiro de 94 pede Leonardo
Se unanimidade é quase sempre improvável, na escolha da nova comissão técnica da seleção brasileira, então, ela se mostrou impossível. O anúncio do ex-goleiro Gilmar como novo coordenador, na última quinta-feira, e o provável retorno de Dunga, a ser confirmado na próxima terça, dividem até especialistas e ex-integrantes do combinado nacional.
O nome de Gilmar é o maior alvo de polêmicas por enquanto. Apesar de sempre ser descrito como um “bom caráter”, o campeão mundial com a seleção em 1994 gera dúvidas por seu passado recente como agente de jogadores, função que ele diz ter abandonado assim que aceitou o cargo oferecido pela CBF. Até ex-parceiros, como Mazinho, questionam a escolha.
“Olha, eu fiquei surpreso. Desde quando ele jogava, ele mostrava que tinha algo a mais, mas eu preferiria que viesse nesta função o Leonardo. Penso que o Leonardo se encaixaria mais neste perfil. O Gilmar é empresário de jogador, então está mais metido neste aspecto”, pontuou o ex-meio de campo em entrevista ao UOL Esporte citando um outro parceiro da conquista em 94.
“O Leonardo já vinha com a experiência muito grande de já ter trabalhado no Milan, na Internazionale e no PSG. É uma pessoa que em nível mundial tem um conhecimento muito grande. Mas o escolhido foi o Gilmar, que também tem conhecimento, é muito bem informado e está sempre por dentro de tudo. E espero que faça também um bom trabalho na seleção brasileira, mesmo sendo empresário de jogador de futebol ele tem uma visão ampla”.
Campeão em 2002 como coordenador técnico da comissão dirigida por Luiz Felipe Scolari, Antônio Lopes é outro que aponta Leonardo como o nome ideal para a vaga que ficou com Gilmar.
“Eu não traria o Gilmar, traria o Leonardo, o Gilmar não está capacitado. E por quê? Porque pra ser gestor de futebol, tem que ter muita coisa, não adianta. Ele foi empresário, foi jogador de futebol, e não adianta isso só, tem que ter uma amplitude maior, teria que ser um cara que estivesse atuando”, exaltou Lopes, que foi diretor de futebol do Atlético-PR até o primeiro semestre deste ano.
“O Leonardo tem conhecimento disso, foi treinador de futebol, é professor de educação física. Não adianta nada o cara ter sido ex-jogador de futebol, tem que conhecer a parte administrativa, tem que conhecer de técnicas de futebol, tem que conhecer parte tática do futebol”.
Mais do que a opção por Gilmar, Antônio Lopes criticou muito a escolha de Dunga como novo técnico da seleção brasileira. “Não vai adiantar p... nenhuma, é trocar seis por meia dúzia, não aprovo o Dunga. Tem que ter mentalidade nova, tem que mudar o comportamento do órgão máximo do futebol brasileiro, isso que está errado na CBF”, esbravejou o ex-técnico.
“A gente poderia pensar em treinadores novos que estão aparecendo muito bem e podem sim ser treinador da seleção brasileira e com sucesso. Eu trabalhei um pouco com esse rapaz que foi para o Atlético-PR e foi campeão paulista com o Ituano, o Doriva. É um bom nome, mas vão dizer que é muito novo. Não adianta nada ficar trocando o treinador, o problema do futebol brasileiro não é só esse, é muito mais, é uma questão de reestruturação da CBF”.
Mais polido, Mazinho preferiu confiar na escolha de seu ex-companheiro de meio-campo na seleção. “Dunga seria o treinador capacitado para voltar à seleção de novo. Tem confiança, tem caráter, é um ex jogador de base da seleção brasileira, sabe tudo como se mexe dentro do futebol brasileiro e mundial. Então pra mim é o treinador ideal para a seleção brasileira”.
* Colaborou Paula Almeida
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