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Match diz que executivo é inocente e que cambismo acontece por ganância

07.jul.2014 - CEO da Match, Ray Whelan chega à delegacia após ser preso no Copacabana Palace - Vinicius Konchinski
07.jul.2014 - CEO da Match, Ray Whelan chega à delegacia após ser preso no Copacabana Palace Imagem: Vinicius Konchinski

Do UOL, em São Paulo

25/07/2014 09h20

Segundo o presidente da Match, Jaime Byrom, o inglês Raymond Whelan não cometeu nenhum crime e está preso injustamente. Whelan foi acusado de liderar um esquema ilícito de venda de ingressos da Copa do Mundo no Brasil, mas para Byrom, ele estava era vendendo "pacotes de hospitalidade", e não as entradas simplesmente. Quanto ao cambismo, ele disse que tal prática só acontece por causa da "ganância".

"Sem dúvida [Whelan é inocente]. Muito do que tem sido dito não faz sentido. (...) No Brasil, o que constitui crime é vender ingresso com preço acima do seu valor de face. Mas no ingresso do pacote de hospitalidade não há preço. Não é ilegal vender esses ingressos, desde que a revenda seja autorizada pela Match", explicou Byrom em entrevista ao jornal Estado de SP.

O presidente disse que os tais 'pacotes de hospitalidade' são, na verdade, serviços prestados ao comprador. O ingresso é apenas um item do pacote. Sendo assim, a sua revenda não seria ilegal. "Incluem também muitos outros serviços. Na conversa com [Lamine] Fofana, Ray não falou de ingressos, mas de pacotes de hospitalidade".

Depois, ele falou sobre a Operação Jules Rimet, que está investigando a venda ilegal de ingressos, e garantiu que "gostaria muito de ajudar a polícia". "Posso lhe dizer para quem foi vendido cada dos ingressos. Não pode haver controle maior do que este. Então não há desculpas para isso [vender para cambistas] a não ser ganância", falou, dizendo que a culpa do cambismo é também da Fifa, que "mantém sua política de ingressos acessíveis, a preços abaixo do mercado".

Operação Jules Rimet

A operação que desbaratou a máfia dos ingressos foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de mais de um mês de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público.

Na operação, quase 200 ingressos da Copa já foram apreendidos, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades e até a membros de comissões técnicas. Dez ingressos, inclusive, eram reservados a integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo a Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo.

A polícia informou que o esquema não é novo. Ele funcionava há quatro Copas. O trabalho seria tão lucrativo que integrantes da quadrilha trabalhariam durante o torneio e depois descansariam por quatro anos até o próximo Mundial.