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CBF e clubes têm meta de deputados em lobby por lei que refinancia dívidas

Romário e Alex se uniram para externar descontentamento com o projeto de lei de responsabilidade fiscal no esporte - Romário/Oficial
Romário e Alex se uniram para externar descontentamento com o projeto de lei de responsabilidade fiscal no esporte Imagem: Romário/Oficial

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

10/08/2014 06h00

A lei de responsabilidade fiscal do esporte (LRFE) podia ter entrado na pauta da Câmara dos Deputados na última terça-feira (05), mas a falta de um acordo com a base do governo postergou a discussão sobre o tema. Isso também deu mais tempo para lobby em duas frentes: enquanto o Bom Senso FC tenta cooptar parlamentares para votar contra o atual formato do dispositivo, CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e clubes fazem campanha aberta pela aprovação. A entidade e os dirigentes de equipes criaram até uma meta de deputados que cada um deve atrair.

A conta da CBF é que cada clube deve obter pelo menos três deputados que votem a favor da LRFE. Esse número foi passado a presidentes de equipes em reuniões realizadas na sede da entidade em julho de 2014.

“Não temos um fechamento ainda e não sabemos quantos são os deputados favoráveis ao projeto, mas acreditamos que conseguiremos uma aprovação se cada clube fizer sua parte e conseguir três ou quatro deputados”, disse Alexi Portela, ex-presidente do Vitória, que fez parte da mesa diretora na reunião da CBF com equipes das séries C e D.

Uma das apostas da CBF e dos principais articuladores da LRFE é a extensão geográfica do lobby. Com times das séries C e D participando da campanha, entidade e dirigentes de equipes acham que será possível alcançar parlamentares de praticamente todo o país.

O grupo de atletas Bom Senso FC tem trabalhado em direção contrária. Com apoio do deputado federal Romário (PSB-RJ) e do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o coletivo faz campanha contra a aprovação da lei nos atuais moldes.

Na terça-feira (05), jogadores estiveram na Câmara para corpo a corpo com parlamentares. Enquanto um grupo se reuniu com Toninho Nascimento, secretário responsável por futebol no Ministério do Esporte, outros atletas falaram diretamente com deputados sobre a importância de o mecanismo não passar.

Além da pressão dos atletas, pesou contra a LRFE a falta de acordo com parlamentares. O líder do governo na câmara, Henrique Fontana (PT-RS), foi um dos opositores à inclusão do dispositivo na pauta de terça-feira. O principal motivo para isso foi a prioridade dada a outras discussões.

Também pesou na época a falta de um acordo com o Ministério da Fazenda sobre a LRFE. Na quarta-feira (06), o governo federal definiu mudanças na lei – redução do prazo de parcelamento das dívidas e adoção de taxa de correção de juros maior do que a prevista no texto, por exemplo.

A LRFE ainda não tem data para ser votada na Câmara dos Deputados. O mais provável é que o dispositivo entre na pauta apenas depois do primeiro turno da eleição, marcado para outubro. O temor de CBF e clubes é que a discussão fique para depois do segundo turno, o que os obrigaria a iniciar o lobby novamente.

“Nossa maior preocupação é essa demora. Acho que até o primeiro turno vai ser muito difícil, mas estamos tentando. Nosso entendimento é que o lobby teria de começar de novo se não conseguíssemos votar até o fim das eleições”, completou Portela.