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Falcão afirma que foi boicotado ao voltar a ser técnico no Internacional

Do UOL, em São Paulo

11/08/2014 23h29

O ex-jogador Paulo Roberto Falcão, comentarista com passagens por Globo e Fox Sports e que foi treinado de Internacional e Bahia entre 2011 e 2012, afirmou que foi "boicotado" durante sua passagem recente pelo clube gaúcho, quando voltou a ser técnico após 17 anos afastado da função. A afirmação foi feita durante entrevista dada ao programa 'Roda Viva', da TV Cultura, nesta segunda-feira.

"Quando eu voltei, meu plano era ser o técnico da seleção em 2014. Esse era o objetivo. Mas houve um boicote absurdo do Internacional. Fiquei três meses só, foi um boicote absurdo", disse.

Depois, ao ser questionado sobre as razões que teriam feito ele sofrer esse boicote, não deu motivos concretos, mas comentou que ouviu de pessoas próximas que até sua maneira de se vestir pode ter sido um motivo.

“De todos os jogadores que pedi, o Internacional foi atrás depois que eu saí. Saí em perto do quarto colocado, e sem Oscar e outros jogadores importantes que voltariam na semana seguinte”, completou.

Em 2011, Falcão voltou a ser treinador no clube no qual é ídolo como jogador. O trabalho iniciado em abril daquele ano, porém, durou apenas três meses, apesar da conquista do Campeonato Gaúcho. Ele foi dispensado pelo clube após três derrotas consecutivas no início do Campeonato Brasileiro.]

Copa-2014

Falcão, ao ser questionado no programa sobre as falhas da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, citou o fator mais comentado desde a goleada sofrida para a Alemanha por 7 a 1: o buraco no meio de campo da equipe comandada por Luiz Felipe Scolari - comparando com o time montado por Felipão que levou a Copa de 2002.

"Imaginei que a seleção jogaria com três volantes, repetiria aquilo (2002). Em 2002 tinha cinco atrás, que na realidade não eram cinco, por que os laterais apoiavam toda hora, e aquela seleção jogou bem, jogou bonito. Nessa não tivemos o meio de campo. Acho que nosso defeito nessa Copa foi o Luiz Gustavo jogar atrás, perto dos zagueiros. com os laterais abertos, e Paulinho sozinho numa área absurda. Então o meio... O Schweinsteiger jogou à vontade. Quando você enfrenta um time com essa qualidade, você tinha que compactar um pouco mais. Perdemos ali", disse.

O assunto levou Falcão a lembrar as diferenças de reação de jogadores com a derrota na atualidade e em sua época de jogador. "Eu não tenho Facebook (foi questionado se a "geração Instagram" teria aparecido demais nas redes sociais). Se tiver é falso. Respeito todo mundo que curte isso, mas não sou frequentador. Nos anos 1980, 1970, ele só tinha uma maneira de ser feliz após perder, que era ganhar o próximo jogo. Hoje você tem tantas maneiras de lidar com a derrota, se divertir, que você não sente tanto. Mas esse é o mundo hoje. Uma vez, no rádio, entrevistei treinadores do Grêmio que tinham jogadores da base com três celulares. É bom? É ruim? Não sei. Você tem que lidar com isso."

Evolução do futebol brasileiro

Um dos tópicos mais comentados após o 7 a 1 sofrido pelo Brasil na Copa é a diferença tática do futebol praticado no país em comparação com as principais ligas da Europa. Para Falcão, o futebol brasileiro não verá mudanças em curto espaço de tempo, mas acha que, taticamente, há evolução, mesmo que pequena.

"(Ao jogar na Europa) Eu aprendi uma cultura tática que não tinha no Brasil. Embora eu tenha sempre gostado disso. Aqui é difícil. Não temos cultura tática. Evoluímos recentemente. O europeu sempre se preocupou com a formação tática para enfrentar os times sul-americanos. Hoje temos um pouco do aspecto tático, mas estamos atrás culturalmente", afirmou.

1982

O ex-jogador também comentou sobre a eliminação da seleção brasileira da qual fez parte em 1982 para a Itália, na Copa do Mundo da Espanha. Para ele, o empate (que daria a vaga nas semifinais ao Brasil) teria sido um placar mais justo.

"Eu acho que era um jogo para empate. A Itália entrou assim, com o Gentile no Zico. A gente sabia porque foi ver o jogo deles contra a Argentina no estádio. Então a gente sabia. Eles fizeram uma marcação, jogando no contra-ataque. Então a grande felicidade deles foi fazer um gol de cara. E quando a gente empatou eles fizeram o segundo. E quando fizemos o 2 a 2, nós tínhamos 10 na área, mas a bola (do 3 a 2) acabou entrando...".