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Técnico do Shakhtar detona sumiço de Bernard e ataca: "Jogador de Twitter"

Do UOL, em São Paulo

12/08/2014 11h57

Sem retornar ao Shakhtar Donetsk desde que encerrou sua participação na Copa do Mundo com a seleção brasileira, o meia Bernard virou alvo de duras críticas por parte do treinador do time ucraniano, Mircea Lucescu. Em entrevista divulgada no site oficial do clube nesta terça-feira, o técnico se disse revoltado com o sumiço do atleta e chamou o brasileiro de “jogador de Twitter”.

“O comportamento dele é simplesmente inexplicável para mim. Em 40 anos da minha carreira de treinador, eu nunca tinha me deparei antes com uma situação como esta que estou observando com ele! Nós nos separamos de Bernard no dia 15 de maio, para a Copa. Permitimos que ele fosse para casa mais cedo do que todos os outros. Pois agora já vai fazer quase três meses que a gente não o vê. E todo esse tempo, ele continua recebendo o salário do seu contrato”, afirmou.

O atraso de Bernard para se reapresentar pode estar envolvido com os conflitos armados na região. No entanto, o clube já deu garantias para segurança dos atletas. Mesmo assim, o meia ainda não retornou. Irritado com a situação, Lucescu afirma que o brasileiro não interage com os companheiros de time.

“Eu, como seu treinador, nunca recebi dele nenhum telefonema, nenhum parabéns pela Supercopa da Ucrânia, nem mesmo palavras de ânimo sobre os outros jogadores. Eu ainda não tinha encontrado nenhum outro jogador que não fraternizasse com ninguém da equipe, nem brasileiros, nem ucranianos. Com ninguém! A sensação que dá é que ele é um jogador de Twitter e das redes sociais. Aí ele contata com os fãs. Mas, ao mesmo tempo, não se comunica com a sua equipa, que é quem lhe paga o salário, e que não é nada pequeno! Estou surpreso com o comportamento dele”, aumentou.

Durante o “desabafo”, o técnico ainda revelou que teve uma conversa com Bernard para explicar seu método de trabalho antes de o meia assinar o contrato. Assim, Lucescu se vê respaldado para punir o jogador caso ele retorne, principalmente pelo fato de o ex-atleta do Atlético-MG ser o brasileiro mais bem pago no elenco.

“A maneira como ele se comporta não é normal, não tem explicação. Se Bernard assumir uma postura mais séria e voltar para o clube que assinou com ele por cinco anos, então talvez algo mude. Mas eu não sei quando ele vai aparecer. E se aparecer, então volta a ir embora uma semana depois para a seleção brasileira, e voltará a estar ausente. E novamente não vai se preparar para a Liga dos Campeões. Do meu ponto de vista, isso é inqualificável. E, ainda para mais, ele é o brasileiro mais bem pago da nossa equipe. E ele sabe que será punido. Embora eu nunca antes tenha feito isso. Eu lhe dei tempo para se adaptar. Pensei que ele queria entender todos os outros, entender o que é este campeonato que ele representa e no qual ele joga”, completou. 

Bernard não foi o único a sofrer com as críticas. Os brasileiros que ainda não voltaram, caso de Alex Teixeira e Douglas Costa, também foram atacados. Lucescu afirma que espera o retorno dos atletas o quanto antes como sinal de respeito aos torcedores.

“Vamos ver o que vai acontecer até 31 de agosto, que é quando fecha a janela de transferências. Será que eles vão se comportar durante esse período como jogadores do Shakhtar. Como jogadores que são queridos pelos nossos torcedores, que, aliás, se recordam de como estes jogadores chegaram aqui ainda garotos. Agora eles se tornaram jogadores de alto nível e deve ter alguma responsabilidade perante os torcedores que os apoiam o tempo todo”, afirmou.

Nem e Dentinho são elogiados

Enquanto os “rebeldes” são duramente criticados, os brasileiros que já retornaram são elogiados pelo técnico. Wellington Nem e Dentinho. Lucescu acredita que o jogador ex-Corinthians aprendeu a lição ao escolher voltar após um período de indecisão.

“Talvez para ele estes últimos tempos tenham sido uma boa lição para ele (Dentinho). Ao princípio ele se colou àqueles dois, mas depois percebeu que foi deixado fora, que não faz falta aos agentes. Eu dou nome aos bois. Mas agora, depois que voltou, ele está com uma atitude diferente em tudo”, disse.
O técnico também destacou a volta de Wellington Nem e disse que a “rebelião” dos atletas aconteceu por pressão dos empresários.

“O que aconteceu neste verão será uma grande lição de vida para os brasileiros. Eles vão tirar conclusões. Aqueles oito dias da primeira concentração da pré-temporada, quando eles não apareceram logo... Tenho a certeza de que isso aconteceu sob a pressão dos agentes deles. A mesma coisa aconteceu depois do jogo contra o Lyon, quando eles não voltaram com a gente para a Ucrânia. E o que me parece é que depois os agentes os liberaram. Os jogadores acabaram voltando para o clube e estão aqui conosco. Eles perceberam que não retiram nada dessa situação, que têm um compromisso. Agora eles precisam se esforçar ao máximo para se reabilitar perante os demais jogadores”, analisou.