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Cobrado em almoço de times paulistas, Aidar fala em reconciliação com Nobre

Dirigentes de clubes de São Paulo fazem homenagem a Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo - Divulgação / G4
Dirigentes de clubes de São Paulo fazem homenagem a Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo Imagem: Divulgação / G4

Guilherme Costa e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

15/08/2014 06h00

Uma homenagem a Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, escancarou na última quarta-feira (13) uma crise no futebol paulista. O sucessor dele, Carlos Miguel Aidar, foi cobrado por dirigentes rivais por causa da polêmica transferência do atacante Alan Kardec, que trocou o Palmeiras pela equipe do Morumbi em maio de 2014. O episódio criou uma rusga com Paulo Nobre, mandatário alviverde, que não foi ao evento desta semana. Agora, a cúpula tricolor cogita até uma reconciliação.

A homenagem a Juvenal Juvêncio foi organizada pelo G4, grupo criado em 2009 por Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo para discutir questões prioritariamente comerciais. Adalberto Baptista e Luis Paulo Rosenberg, dois dos principais articuladores do fórum, também receberam placas comemorativas. Paulo Nobre foi o único presidente ausente – a equipe alviverde foi representada apenas por Américo Calandriello Júnior.

No primeiro trecho do almoço, a cúpula do São Paulo foi cobrada por dirigentes de Corinthians, Palmeiras e Santos. O principal alvo foi Aidar, que trocou farpas públicas com Nobre na época da negociação com Kardec.

O atacante de 25 anos havia sido um dos grandes destaques do Palmeiras na temporada 2013. Emprestado pelo Benfica ao time alviverde até maio, negociava extensão do vínculo e queria aumento salarial de R$ 160 mil para R$ 300 mil. A diretoria tentou enquadrá-lo em contratos de produtividade, e Kardec precisou reduzir três vezes a pedida salarial para que houvesse um acordo por R$ 220 mil.

Depois de o valor ter sido acertado entre Palmeiras e estafe de Kardec, Paulo Nobre tentou nova redução. A atitude revoltou o jogador e a equipe dele, e isso acelerou a negociação com o São Paulo. A diretoria tricolor aproveitou antecipação de receita da TV Globo e investiu R$ 14 milhões para ter o atacante.

Paulo Nobre concedeu entrevista coletiva após Kardec ter fechado com o São Paulo. Disse que a equipe do Morumbi havia atravessado a negociação do jogador com o Palmeiras e que Carlos Miguel Aidar havia sido antiético.

“O São Paulo foi extremamente antiético, e isso não é um privilégio do caso com o Palmeiras. Se você perguntar para outros clubes, vão falar do conceito que tem o São Paulo. Isso é desde a base. Eu já fui consultado por outros presidentes porque eles têm essa prática horrorosa de assediar jogador do adversário”, disse Nobre.

Aidar respondeu em tom igualmente pesado: “A manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética, demonstra infelizmente o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que ano após ano se apequena com manifestações dessa grandeza”.

Toda essa celeuma pública foi tema do evento de homenagem a Juvenal Juvêncio. Sobretudo porque o G4 tem um código de ética entre as equipes – o documento vai ser reescrito. A visão do grupo – com a qual a diretoria tricolor concorda – é que a briga entre Aidar e Nobre prejudica negociações envolvendo imagem das quatro equipes.

“O G4 já teve alguns problemas por causa da relação entre presidentes. Foi assim agora, com a história do Alan Kardec. Houve uma discussão muito forte no almoço. Fortíssima”, relatou José Carlos Peres, diretor-executivo do grupo. “O Aidar disse que não teve intenção de ferrar ninguém. Foi aconselhado a fazer o contrato e fez. Aí as coisas esquentaram, com acusações e revides”, completou.

Na quinta-feira, Aidar falou sobre Nobre em entrevista coletiva no centro de treinamento do São Paulo: “Nós temos um respeito pela tradição da colônia italiana. Até já me penitenciei. Se eu pudesse votar, iria lá votar nele. Torço pela reeleição”.

A manifestação pública do mandatário tricolor é uma demonstração de que ele está aberto a uma reaproximação com Nobre. A diretoria do São Paulo é enfática ao dizer que não há problemas entre os clubes, mas entre os presidentes.