Para Mano, futebol brasileiro estaria melhor se ele estivesse na seleção
Mano Menezes assumiu a seleção brasileira com uma postura crítica ao futebol que se praticava no país. Ensaiou uma reformulação na base, projetou chegar até a Copa de 2014 começando com um time do zero. Não deu. Só que para o técnico do Corinthians, a maior paixão do país estaria melhor, ao menos fora de campo, se ele tivesse dado sequência ao seu trabalho.
“Não sei dizer em qual patamar estaríamos, mas certamente estaríamos melhores. O trabalho que foi iniciado produziu resultados importantes a curto prazo, e se produziu a curto prazo, a médio e longo prazo nós sabemos que produziria resultados melhores”, disse Mano Menezes, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Alijado do comando da seleção, o treinador falou abertamente sobre o momento do futebol brasileiro, as discussões que sucederam o 7 a 1 sofrido para a Alemanha e o caminho para mudança. Para ele, parte da culpa está na imprensa.
“Hoje acho que vocês [jornalistas] são mais a caixa de ressonância do povo. Com as mídias sociais, com a audiência, com a preocupação de estar bem com o que se lê, que hoje norteia até os comentários dentro de uma transmissão”, disse o treinador, que não mediu palavras ao criticar o nível do debate que se propõe.
Leia a entrevista na íntegra:
UOL Esporte: Dos 5 a 1 que o Corinthians sofreu para o Santos no início do ano para cá, seu time evoluiu e hoje briga pelo título brasileiro. Qual é o seu grau de satisfação pessoal depois da vitória na Vila no domingo passado?
Mano Menezes: Quando você propõe alterações, você não sabe exatamente como elas vão sair, a velocidade para apresentar resultados e se suas novas apostas e ideias vão ser confirmadas ou não. O jogo da Vila nos deu segurança de que a gente fez o que devia fazer, na velocidade que precisava, com a contundência que precisava. E que a resposta dentro de campo é satisfatória e confirmadora do que a gente pensava.
UOL Esporte: O que o time ainda pode fazer neste ano?
Mano Menezes: Qualquer equipe que joga a Copa do Brasil, mesmo sem muita força de expressão, pode ganhar, porque torneio é assim aqui e fora do Brasil. Mesmo equipes que não fazem um Brasileiro tão bom podem chegar à conquista do titulo. O Flamengo é um exemplo disso. O torneio tem essa característica, mostra a condição naquela hora dos dois jogos. E ali nos dois jogos podem acontecer situações muito atípicas. O Brasileiro exige regularidade, ainda não é possível falarmos em conquista. Nós não iniciamos como uma equipe favorita, iniciamos como uma equipe que precisava se afirmar. O primeiro terço da competição mostrou uma possibilidade boa da gente brigar pelo título e nós vamos trabalhar muito para nos mantermos, mas é muito cedo para falar. O Brasileiro exige que você seja bom em todas as circunstâncias. Fora, dentro, contra o maior ou quem não está tão bem, nos jogos decisivos... São emblemáticos, como foi na Vila, contra Cruzeiro ou Fluminense. Nessa hora precisa ter resposta boa. São separações em segmentos que a gente faz de um campeonato longo e vai medindo a capacidade do time ser campeão ou não.
UOL Esporte: Você já falou em oscilação natural e evolução ao se referir ao seu time, que tem mostrado bom desempenho na defesa, mas sempre no ataque. O que falta, para o Corinthians dentro de campo em termos de produção?
Mano Menezes: É impossível hoje separar a equipe entre defender bem e atacar bem. Na verdade, construir jogadas ofensivas é mais difícil que destruir jogadas dos adversários. Com superação, dedicação e posicionamento você consegue neutralizar. Para construir você exige mais de uma equipe. Aí vem a repetição do time, o treino das jogadas. É um conjunto de fundamentos que ela precisa fazer melhor, e ela não tá nesse estágio. Às vezes ela faz, como contra o Sport, o melhor jogo fora em termos de fundamento, mas às vezes não consegue. É que dentro de casa naturalmente você tem mais volume, iniciativa e é mais confiante. Quando o adversário dá menos espaço você precisa saber criar e se impor como equipe. Isso faltou em alguns jogos em casa e precisa melhorar.
UOL Esporte: Quando você chegou, o Corinthians debatia se iria, ou não, renovar o elenco deixado pelo Tite, e a diretoria estava dividida. Qual foi a sua opinião na época?
Mano Menezes: Sou sempre a favor de respeitar um elenco vencedor. Era preciso ter esse respeito com o elenco do Corinthians. Respeitar significa dar um voto de confiança. A primeira grande alteração era a troca do técnico, e poderia haver determinadas situações na relação que, com o novo técnico, somente pela troca, com metodologia diferente, cobranças de características diferentes, poderíamos transformar o elenco. O que vimos no Paulista é que isso não era possível. Aquela derrota de 5 a 1 foi a gota d’água daquilo que o clube grande pode tolerar como queda de produção momentânea ou aquilo que não pode tolerar como permanência de ume elenco tão grande sem resultado no campo.
UOL Esporte: O Corinthians perdeu quanto por não ter feito aquilo logo de cara?
Mano Menezes: A grande dificuldade é que você pode fazer a alteração já e os resultados serem muito difíceis como foram sem a alteração. Futebol não é matemático, exato. Não tem receita pronta. Como o grupo era muito vencedor, precisávamos fazer ele sentir que daquela maneira não dava mais. Se chega um técnico e propõe alterações, você cria reações. E essas reações criam um efeito negativo. Sou a favor de que o grupo sinta que daquela maneira não é mais possível. As alterações sempre trazem reações, algumas mais positivas, outras não. Quando o grupo aceita, certamente as reações são mais positivas que negativas.
UOL Esporte: O Corinthians que você deixou, em 2010, tinha a sua cara. Quando voltou, tinha a cara de Tite. Você sofreu para se adaptar a isso?
Mano Menezes: Claro. O Corinthians de agora não é mais o Corinthians de 2010. Não estamos falando só de elenco, mas do clube em si. As pessoas têm outras ideias, o clube evoluiu, cresceu muito. As ambições são outras, as exigências são outras. Lógico que você precisa se adaptar, mas eu vejo isso com bons olhos. Sou totalmente contra o clube ficar refém do que o treinador pensa. Clube deve construir sua cultura e, quando for buscar um profissional, buscar alguém com essa característica. E que o profissional entenda que o grupo já está estabelecido nessa filosofia.
UOL Esporte: Você já processou alguém?
Mano Menezes: Não, ainda não.
UOL Esporte: Em sua carreira, especialmente no período da seleção, você foi acusado ou ofendido de muitas coisas. Como é ser o alvo?
Mano Menezes: Não tem jeito, quando você vai para a chuva, sabe que vai se molhar. Sou defensor do diálogo com nível, porque penso que diálogo sem nível só mostra nossa incapacidade de ver da maneira correta e buscar soluções para problemas que queremos debater. E acho que não se constrói nada no baixo nível. Só mostra o nível que somos. Se queremos melhorar qualquer coisa precisamos elevar o nível de qualquer debate. Com conteúdo, sem personalizar, como é nosso habito. Se nos falta conteúdo, então atacamos o debatedor pra diminuí-lo, e isso não resolve os problemas que nós temos. Tenho certeza que todos precisamos mudar de postura. Já venho falando isso há três anos. Os problemas que eu vi, a maneira como eu achava que deveriam ser solucionados, como deveriam encaminhar isso... Isso serve para todos os segmentos do futebol. A imprensa é importante até para selecionar o nível das pessoas a quem se concede espaço para debater o futebol.
UOL Esporte: As cobranças por renovação costumam partir da imprensa. Mas a própria imprensa tem papel no atraso?
Mano Menezes: Tem um papel importante. Na medida que se valoriza muito mais a polêmica que os conteúdos, que se personaliza sempre ou quase sempre, e não se enxerga o todo, a essência do que queremos conversar e debater, a gente prejudica muito aquelas pessoas que podem realmente colaborar. Geralmente quem tem conteúdo, se preparou bem, tem boa intenção, recua no debate quando ele vê que o debate tomou outro rumo. Acabamos, com essa postura, perdendo grande parte das pessoas que querem participar.
UOL Esporte: Em sua participação no programa “Bem, Amigos”, você disse que não se deve discutir “boné”. Você entende que às vezes as pessoas se importam com coisas que não deveriam ter tanta importância?
Mano Menezes: Tudo pode ser discutido, não estou aqui para dizer o que deve e não deve ser discutido, não tenho essa pretensão, mas penso que temos de elaborar prioridades dentro de um contexto que achamos que são as mais importantes para serem debatidas. Uma hora a atitude é vista de uma maneira, às vezes uma partida depois, as mesmas atitudes são vistas de outra maneira. Isso é falta de consistência no debate. Ou isso serve ou não serve. Ou vamos limitar ou não vamos limitar. Não pode depois do jogo limitar e antes estar tudo maravilhoso. O resultado não pode influenciar tanto nas análises, senão ela é superficial, e acho que ela está sendo superficial.
UOL Esporte: O Parreira dizia que o povo era a caixa de ressonância da imprensa, mas os tempos mudaram...
Mano Menezes: [Interrompe] Hoje acho que vocês são mais a caixa de ressonância do povo. Com as mídias sociais, com a audiência, com a preocupação de estar bem com o que se lê, o que hoje norteia muito até os comentários dentro de uma transmissão, que sabemos que é assim. Tem muitos comentaristas que estão comentando e acompanhando o resultado daquilo que estão dizendo, como as pessoas estão recebendo. Porque a audiência se tornou uma coisa extremamente importante, virou muito comercial. Hoje, a imprensa, que sempre foi formadora de opinião, está sendo mais repetidora da opinião que as pessoas têm.
UOL Esporte: Então é meio assustador, porque se a gente escrever bobagem é porque tem muita gente pensando bobagem.
Mano Menezes: Bastante assustador. Diria que é muito preocupante. Não sei exatamente onde vamos parar.
UOL Esporte: Quando você assumiu a seleção você foi questionado sobre a relação com a imprensa e explicou que não mentiria, mas eventualmente omitira alguma informação. Você acha que se tivesse deixado mais claras as suas opções as pessoas teriam um entendimento melhor do seu trabalho?
Mano Menezes: Essa é uma desvantagem que o técnico sempre vai ter em relação ao processo. Você não pode falar de determinadas situações, não pode debater a escolha desse ou daquele jogador. Ao falar isso, você vai falar tecnicamente. E ao falar tecnicamente, você estará atingindo o jogador que foi preterido, então fica um debate impossível de se tornar público. E em determinados momentos as pessoas não querem ouvir o técnico falar, porque hoje, depois da Copa, muitas pessoas na imprensa começaram a repetir coisas que eu falava na época. Só que na época não tinha espaço, ou pelo menos não teve o espaço que devia ter. Na época a gente preferia polêmica, debater esse ou aquele, a convocação desse ou daquele, sendo que não era o mais importante. O mais importante era a essência do trabalho, e aí voltamos ao ponto que eu falei.
UOL Esporte: Como você acha que estariam as coisas se você fosse até a Copa, com o Ney Franco na base, independentemente do resultado em campo? Fora dele, você tinha um projeto maior. Se aquilo tivesse continuado, em que patamar o Brasil estaria hoje?
Mano Menezes: Não sei dizer em qual patamar estaríamos, mas certamente estaríamos melhores. O trabalho que foi iniciado produziu resultados importante a curto prazo, e se produziu a curto prazo, a médio e longo prazo nós sabemos que produziria resultados melhores. A continuidade que defendemos na Alemanha era a continuidade que argumentávamos que deveríamos ter tido na seleção brasileira. Não só na seleção, mas também no segmento que envolvia parte do futebol, que é aonde a gente poderia ir. Reuniões com coordenadores da base, discussões de processos de formação que já notávamos que estavam deteriorados, a busca de profissionais de fora do país para trazê-los para cá, para aprender com eles situações que deveriam acontecer... Isso tudo era algo que estava bem encaminhado e certamente já teria sido executado. Então já teríamos iniciado aquela discussão mais ampla que a gente diz que vai ser iniciada agora. Já poderíamos ter feito parte importante disso tudo.
UOL Esporte: Como se sente vendo que escolhas suas que foram criticadas, como o Fernandinho, foram defendidas antes da Copa?
Mano Menezes: Enxergar antes no Brasil é um problema. É um grande problema. Porque as pessoas te culpam pela culpa que deveriam ter. Elas que são as culpadas por não conhecerem determinados jogadores brasileiros que atuam pelo mundo. Como elas não conhecem, e você conhece e traz primeiro, você é duramente criticado. É a pirâmide de ponta-cabeça.
UOL Esporte: No mesmo “Bem, Amigos”, na última segunda, você disse que ficou exposto na seleção e levou a culpa por coisas que não eram responsabilidade sua. Citou, como exemplo, a questão da convocação tirar o jogador dos clubes em jogos importantes. Tem outras situações desse tipo que você viveu?
Mano Menezes: À medida que o técnico precisa fazer mais que o papel do técnico ele vai pagar por coisas que não deveria. A estrutura da CBF na minha época era incompleta. Na minha opinião, a CBF precisa ter um manager, e na minha época não tínhamos. Viemos a ter um diretor de seleções depois, mas não penso que seja suficiente. Um diretor, no caso do Andrés, escolhido pelo presidente, era um cargo mais político que técnico. Estou me referindo a ter um manager para questões técnicas. É com ele que o técnico pode conversar e ele vai debater com outros segmentos. Isso evita muito do desgaste em situações que eu tive e nenhum técnico deveria ter. A questão das convocações em relação às datas Fifa, e ouvi que na temporada que vem pode ser solucionado, ela é absurda para o técnico. É impossível a torcida ficar satisfeita com o técnico da seleção convocando dois jogadores da sua equipe antes de jogos importantes no Brasileiro ou qualquer outra competição. Enquanto não solucionar isso, o técnico vai sofrer esse desgaste.
UOL Esporte: E agora você vai sofrer o contrário.
Mano Menezes: O que deixa claro que não é pessoal. É uma discussão conceitual. Não é bom para o técnico, seja quem for que está lá. Também não é bom para os clubes. Se não solucionarmos na essência, sempre vai trazer problemas.
UOL Esporte: Como alguém que conheceu aquele time de perto, como você viu o 7 a 1?
Mano Menezes: Não foi o time que perdeu, foi a ideia que perdeu. O time poderia ser formado por outros jogadores, poderia perder da mesma maneira. Vejo derrotas como essa com muita tristeza sempre. Da mesma maneira que vi o Santos perder do Barcelona. Toda vez que a gente vê o futebol brasileiro jogando contra uma seleção do mundo e ser atropelado como foi, causa tristeza em quem trabalha no futebol. O sentimento não pode ser diferente.
UOL Esporte: Você sempre deu muito valor ao seu capitão. Quando assumiu a seleção, disse que faria avaliações psicológicas para decidir a quem daria a faixa. Se durante uma competição você sentisse que ele não está bem, você trocaria? Acha que poderia afetar o grupo?
Mano Menezes: Depende muito da circunstância do momento. Às vezes pode afetar, às vezes não. Depende da ascendência que o capitão tem sobre o grupo dele. Capitães têm posturas diferentes, tem grupos mais dependentes do capitão, grupos que compartilham mais essa função. Depende muito da situação.
UOL Esporte: De novo voltando a uma fala sua no “Bem, Amigos”, você exaltou que o ideal é que cada um cuide da sua área, para que a discussão seja específica? É nisso que você acredita?
Mano Menezes: Na verdade eu estava me referindo à discussão que se estabeleceu no país agora. Todos entendem de tudo e dão palpite de tudo. Isso vira uma grande confusão sem profundidade. Para evitar isso, cada segmento do futebol deveria tomar a iniciativa de fazer a discussão interna do que poderia ser feito no seu segmento. Seria um bom início de debate. Cada um trazer a visão da sua categoria, aquilo que entende que deve ser alterado. Senão um dirige ao outro acusações. Agora os técnicos estão sendo muito bombardeados, depois vocês também serão, os dirigentes... E não avançamos na discussão, porque ficamos nessa conversa muito superficial. E quando dei essa resposta estava me referindo a isso. Estamos vivendo um momento em que estamos abertos para a discussão, mas não sabemos como fazer.
UOL Esporte: O que você acha do Bom Senso?
Mano Menezes: Acho que o movimento engloba uma das partes principais do futebol, que são os jogadores. Sem os artistas não teremos o show. E penso que durante muito tempo eles se omitiram de encarar o problema de frente. Penso que é legítimo por isso, por serem parte interessada. Como sempre, quando surge assim, há muita contestação, especialmente da parte contrária, mas eles tiveram a coragem de apontar objetivamente o que eles acham que, na visão deles, deve ser alterado. É um bom ponto de partida para ampliar a discussão.
UOL Esporte: O Bom Senso tenta ir além da função dos atletas, fala de gestão, de estrutura, mas tentando não ser superficial. Ele se aplica à sua noção do que é positivo?
Mano Menezes: Eu considero uma parte bem positiva. O fato de daqui a pouco abrir muito o leque da discussão pode levar lá na frente a incorrer no erro que estávamos falando agora. Tem de tomar cuidado, direcionar bem. Avançar com passos curtos, mas firmes. Não é possível mudar todas as coisas de uma vez só. O processo, aquilo que julgamos como muito bons, não iniciou da noite para o dia nos outros países. As questões foram sendo melhoradas aos poucos.
UOL Esporte: Na semana passada, você foi questionado sobre o Gareca. O que você acha de um estrangeiro na seleção?
Mano Menezes: Não vai resolver o problema do futebol brasileiro. O próprio Gareca é um exemplo disso no Palmeiras. As dificuldades estruturais são muito mais fortes e significativas do que o técnico, para quem hoje estão direcionadas a maioria das críticas. Se trouxer alguém de fora e por na seleção, ele não vai apagar os problemas que nós temos. E não penso que a seleção vai resolver os problemas do futebol. Ela é referência, sempre foi e sempre será, mas os problemas estruturais estão produzindo a seleção que temos agora.
UOL Esporte: O que o futebol brasileiro pode fazer pra melhorar como um todo? E os técnicos, especificamente?
Mano Menezes: Penso que um bom exemplo de clube na gestão do futebol é o Corinthians. A maneira como o técnico tem liberdade para trabalhar aqui, como a direção sustenta, como ela dá respaldo para que o técnico conduza esse trabalho. É um bom exemplo para o futebol. Embora o Corinthians seja uma instituição que sempre vive em ebulição, com forças políticas muito acesas, para o futebol do clube isso quase nunca passa, pelo menos desde 2008. Esse respaldo permitiu continuidades significativas. E isso permitiu os melhores resultados da história do clube. Isso é importante e é elogiável. Sobre os técnicos, precisamos primeiro nos unir como classe, porque ainda pensamos que esconder informação faz diferença na hora de ganhar ou não. Não só informação, mas a essência do conhecimento. Nós fomos criados assim, aprendemos com os exemplos dos grandes técnicos que tivemos. Tanto que se formos buscar o conhecimento dos grandes técnicos, não há bibliografia sobre o futebol, com questões técnicas, táticas. Tudo que eles sabiam nós não temos referência, a não ser com quem teve amizade próxima. Precisamos estabelecer regras entre os técnicos para que, algo que pareça limitador, na verdade vire proteção ao trabalho, para que ele possa ser mais duradouro por onde passa. Para que eles mostrem competência ou não. Você vê técnicos serem demitidos em sete jogos, e não são técnicos que começaram agora. São campeões brasileiros, da Libertadores.
UOL Esporte: E tem o técnico que já está acertado antes do outro demitir.
Mano Menezes: Também temos isso. Tem alguns que aceitam isso, que também é péssimo pra imagem do técnico, porque o mesmo dirigente que faz isso agora vai formando um conceito sobre os técnicos. Se perde muito respeito com isso e pagamos ali na frente.
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