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Mexicanos presos por assédio e espancamento deixam prisão após 52 dias

Passaporte de um dos mexicanos que espancaram brasileiros em Fortaleza - José Ricardo Leite/UOL
Passaporte de um dos mexicanos que espancaram brasileiros em Fortaleza Imagem: José Ricardo Leite/UOL

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

20/08/2014 15h53

A diversão da Copa do Mundo não ficou apenas bem mais cara, mas também transformou-se em um imenso problema que parecia não ter fim para quatro mexicanos. Mas, nesta quarta-feira, após 52 dias de detenção, eles conseguiram sair da prisão de Fortaleza com o habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Ceará. Acaba assim parte do martírio dos últimos estrangeiros presos no país por irregularidades no Mundial.

Sergio Israel, Mateus Cordinas, Rafael Medina e Angel Carnejo estavam presos preventivamente depois de se envolverem em uma confusão no dia 29 de junho, nas ruas de Fortaleza, depois da derrota do México por 2 a 1 para a Holanda.

De acordo com os autos, eles foram detidos depois de aliciar uma mulher e brigar com o marido e cunhado dela. Os dois foram espancadas, um deles sendo hospitalizado com fraturas no rosto e em várias partes do corpo. Os quatro mexicanos foram acusados pelo Ministério Público de lesão corporal grave, lesão corporal leve e constrangimento ilegal. Podem pegar até oito anos de prisão.

Segundo nota do STF, o juízo da 2ª Vara Criminal de Fortaleza havia decretado prisão preventiva por avaliar que eles punham em risco a ordem e a paz públicas, pois não possuem “escrúpulos e equilíbrio emocional”, e pela possibilidade de fuga, visto que tentaram sair do local e poderiam sair do país a qualquer momento.


Desde o incidente, a defesa dos mexicanos tentou não só no TJ do Ceará, mas também no STF (Supremo Tribunal Federal), e no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que eles respondessem em liberdade.  O STF ainda não deu parecer, enquanto o STJ negou a liminar do pedido. Até que o Tribunal de Justiça do Ceará foi julgar o caso apenas na última segunda-feira e concedeu a substituição da prisão por medidas cautelares.

Henrique Garcia, um dos advogados de defesa, comemorou a saída dos mexicanos e preferiu não entrar no mérito da questão sobre a longa demora para o caso ser julgado no TJ.

“Demorou bastante, eles estavam muito nervosos aguardando a situação.  Eu avalio do seguinte modo; a prisão não se fazia mais necessária, porque os crimes imputados a ales não cabiam em um regime fechado. Se eles forem condenados a oito ano s de prisão, por exemplo, que é o pior cenário, isso será em regime semi aberto. Agora, eles estavam cumprindo algo que de uma forma mais branda do que uma possível condenação que nem sabemos se haverá ainda. O motivo da demora de eles estarem presos é muito difícil dizer e atribuir”, falou ao UOL Esporte.

Segundo o advogado, os mexicanos vão ficar em Fortaleza por um período indeterminado até enquanto dure o processo.

O caso

Segundo versão da delegacia do turista na época, os mexicanos passavam pela rua Monsenhor Tabosa, no bairro de Iracema, em um táxi. Um deles colocou o braço para fora da janela e assediou uma mulher brasileira, que caminhava com três amigos.

 

Os brasileiros se revoltaram, e empurraram o mexicano, ainda dentro do táxi. O veículo estacionou, e os passageiros desceram e começaram as agressões. Dos três brasileiros, um correu para procurar a polícia, enquanto os outros dois permaneceram sendo alvo dos ataques. A mulher, enquanto isso, gritou desesperada por ajuda.

As vítimas sofreram várias lesões visíveis – uma delas ainda foi hospitalizada com fraturas no rosto e em várias partes do corpo. Os agressores tentaram fugir, mas foram detidos por testemunhas até a chegada da polícia.