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Você pode ganhar dinheiro jogando futebol virtual. E sem um videogame

Julio Ucker (à direita) é jogador profissional de FIFA World, com direito a premiação - Arquivo Pessoal
Julio Ucker (à direita) é jogador profissional de FIFA World, com direito a premiação Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

29/08/2014 06h00

Sabe aquele amigo que ganha de todo mundo no futebol do videogame? Ele pode fazer desse talento um meio de vida. Há muito tempo os games deixaram de ser coisa de criança. De consoles modernos a jogos ultrarrealistas, a brincadeira ficou séria e muita gente já vive disso.

Os e-sports já são uma realidade no mundo, com federação internacional, campanha para ser considerado um esporte mental (como o xadrez) e até planos para inclusão nas Olimpíadas. Durante os Jogos de Londres em 2012, até mesmo a Forbes abordou o assunto. No mês passado, pouco depois da Copa do Mundo, o ginásio do Maracanãzinho, no Rio, lotou para a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, um dos jogos de maior sucesso do planeta.

O futebol virtual também está entrando nesse mundo. Desde o ano passado, a franquia de maior sucesso do gênero tem uma versão online gratuita. O FIFA World foi criado pela produtora EA Sports justamente para adequar os jogos de futebol aos requisitos dos e-sports: os jogos precisam ser online, abrangentes e, principalmente, de atualização constante.

Em outras palavras: quem joga o FIFA World tem sempre a versão atualizada do game. Isso é importante porque, para um jogo pegar no universo dos e-sports, ele precisa ser popular, com o maior número de usuários possível. E obrigar que o jogador compre uma versão anualmente, como acontece nas versões para console (Playstation e Xbox, por exemplo), apenas pulveriza o público.

O jogo já começa a funcionar nesse cenário. A empresa Gamewise acaba de realizar a primeira eliminatória de um torneio de FIFA World com premiação de R$ 5 mil para o vencedor. Em jogo, duas vagas nas finais, que serão disputadas em dezembro. A eliminatória foi disputada por 714 jogadores. Outra campanhia, a ESL, organiza torneio abertos, em formato de pontos corridos, com dois meses e meio de duração. A versão atual tem mais de 400 participantes, com premiação de R$ 3,2 mil para o campeão.

São números expressivos para um jogo que ainda está em sua versão Beta, de testes. Neste mês, por exemplo, a empresa fez uma atualização. Entre as novidades estava um novo motor de jogo que aproxima a jogabilidade do FIFA World à versão de console FIFA 13 – a versão anterior era baseada no FIFA 12.

Além disso, um modo de gravação de jogadas em vídeo foi adicionada. O compartilhamento de vídeos e, principalmente, a possibilidade de contar com uma plateia virtual das partidas (em que você pode assistir a um jogo entre dois usuários online) é chave no cenário dos e-sports. League of Legends, por exemplo, pode ser assistido por quem não está jogando. O campeonato no Maranãzinho, por exemplo, tinha torcida, narrador e comentarista (para quem está curioso, o jogo une luta com defesa de território).

“O FIFA World, além de trabalhar com uma paixão nacional, o futebol, possui uma estrutura que possibilita a profissionalização do game. Um dos pontos chave é a realização de campeonatos de grande porte com transmissões ao vivo. O sucesso do jogo é garantido a curto e médio prazo, principalmente analisando o caminho que a EA Sports vem tomando”, explica Philipp Felix Kerber Bomm, diretor executivo da Gamewise, que organiza torneios de e-sports pelo mundo.

Esse cenário já começa a funcionar no mundo dos profissionais do esport. Marcus Gonçalves, o Chikorita, é líder do torneio de pontos corridos da ESL e foi um dos classificados na eliminatória da Gamewise. Ele é profissional da equipe Cyber Gamer E-Sports, de Canoas, no Rio Grande do Sul, que tem outros profissionais exclusivos do jogo.

“Vejo muito potencial no game quando o assunto é e-sports. Claro que o pessoal da EA já fez um ótimo trabalho até aqui, mas acho que o FIFA World vai alcançar patamares ainda mais altos no futuro”, elogia o gamer, que faz faculdade de contabilidade e, durante torneios, se dedica até oito horas por dia em preparação, entre partidas e análises em vídeo de suas performances.

Júlio Ucker e Gustavo Chaves defendem outra equipe, a Keyd, de São Paulo. Julio já foi office-boy, trabalhou em escritórios e em lan houses. Em março, foi contatado. "É um sonho para quem joga. Sempre me imaginei sendo um gamer profissional, remunerado. É uma realização ter conseguido isso", conta. Gustavo, após ser campeão brasileiro de Fifa 14 e jogar um mundial na China, trancou a faculdade de educação física para se dedicar ao game. "Sempre gostei de videogame, mas foi a partir do ano passado as coisas começaram a dar certo e vi que queria viver disso", explica.

O jogo: a união do álbum de figurinhas com o videogame

Outro atrativo na jogabilidade do Fifa World é o fato de os competidores não atuarem com times pré-estabelecidos, mas formarem seus plantéis a partir do zero. Assim, é preciso negociar contratos e valores e mostrar também o talento na função de manager, não só no gramado virtual.

A mecânica é parecida com a de um álbum de figurinhas: pacotes de figurinhas contêm jogadores e são só esses atletas que você pode escalar em seu time. Além disso, a cada partida, o usuário ganha dinheiro virtual, que pode ser usado para reforçar o elenco. É possível comprar esses pacotes ou os próprios jogadores, em leilões virtuais (com outros usuários humanos).

Você pode fazer o download do FIFA World no site oficial (https://www.easportsfifaworld.com/).