Rojas vive rotina de pouco esforço e espera o dia do transplante de fígado
Em 2010, Roberto Antonio Rojas Saavedra estava pintando um muro em sua casa. Sentiu o tornozelo inchado e imediatamente pensou em alguma intoxicação por causa da tinta.
Parou com o trabalho doméstico, descansou alguns dias e nada de o tornozelo voltar ao normal. Procurou um médico. E começou, então, mais um drama na vida do maior goleiro chileno da história, conhecido muito menos por suas qualidades do que por ser protagonista da maior farsa da história do futebol. Pelo menos, entre as conhecidas.
O médico olhou o tornozelo, mostrou preocupação e pediu exames. Aí veio a notícia triste. “De uma hora para outra, fiquei sabendo que meu fígado estava muito danificado, muito comprometido. Eu tive hepatite C não identificada. Essa é uma doença traiçoeira e silenciosa. Um dia, ela mostra a cara e você está em perigo de morrer”, conta Rojas.
A partir daí, o “Condor” (apelido dos tempos de jogador) recolheu-se a uma rotina de pouquíssimo esforço, muito sacrifício e incertezas. “Estou sempre atento à alguma modificação externa no corpo, algum inchaço, se noto alguma coisa vou para o hospital fazer exames. O fígado está funcionando a 15% e não pode sofrer mais danos”.
O transplante tornou-se a única solução. Até o final do ano ou início de 2015, fará a operação.
“Só penso isso na minha vida. Poder recuperar minha saúde e ter mais tempo de vida com a Viviane”, diz Rojas, de 57 anos. “Sem ela, eu não teria conseguido”, completa.
Viviane Bruno se apresenta como mulher e empresária de Rojas. Eles estão juntos desde 2008. “A gente já se conhecia antes, mas ela foi morar nos EUA para trabalhar como designer e decoradora. Eu estava no Sport de Recife, com o Nelsinho Baptista, mas ele foi para o Japão e eu fiquei. Voltei a São Paulo e me encontrei com ela. Foi a melhor coisa da minha vida. Ela cuida de mim, me anima, não me deixa pensar besteira, é tudo para mim. Seria difícil passar o que passei sem ela”.
Quando chegou ao São Paulo em 1987, Rojas tinha um Mitsubishi importado. Hoje, o casal tem um Citroen. “Um carro só dá para os dois. Eu não estou trabalhando, mas não passo dificuldades porque tinha dinheiro guardado. Não sofro, mas não esbanjo”.
O segundo drama da vida de Rojas passa por uma doença grave. O primeiro teve outros ingredientes dramáticos. Em ambos, a impossibilidade de trabalhar.
Depois de fingir ter sido atingindo por um sinalizador da Marinha, no Maracanã, no jogo que decidiria se Chile ou Brasil iria à Copa de 1990, Rojas foi afastado do futebol para sempre. A Fifa o impediu de trabalhar para sempre.
Voltou a Chile e estava em péssima situação financeira, sem ajuda de ninguém. “Paguei a conta de muita gente, assumi tudo e ninguém me amparou”, diz Rojas.
Em 1994, o São Paulo foi jogar no Chile. Rojas, que trabalhava nas escolinhas do Colo Colo, visitou a delegação no hotel e conversou com Telê Santana.
O técnico do São Paulo exigiu a volta do chileno. Disse que a Fifa não teria o direito de impedir um homem de trabalhar por tempo infinito. “Eu vim para o Brasil e fiquei cinco meses nas categorias de base treinando goleiros. Depois, fui para o elenco profissional. Trabalhei muito tempo com Rogério Ceni, sempre nos demos muito bem”.
Rojas fez curso para ser treinador profissional. E assumiu o time em 2003, juntamente com Milton Cruz. Conseguiram a classificação para a Libertadores. Então, Cuca chegou para dirigir o time. E Rojas teve outra decepção.
“Estava pronto para reassumir meu lugar como preparador de goleiros, mas o Juvenal Juvêncio me mandou para a base. Fiquei dois anos e resolvi sair. As coisas estavam diferentes”.
Treinou o Ituiutaba e o Guarani, de Assunção. E, a convite de Nelsinho Baptista, voltou a ser treinador de goleiros.
Agora, desempregado e à espera do transplante, Rojas vive com a amada e recebe visitas dos filhos Paulo César (fisioterapeuta de 31 ano) e Paz Belén 26 anos, enfermeira).
Olha para trás, analisa as decisões erradas e não reluta um segundo ao responder qual foi o maior drama da sua vida. “Não tem comparação. Um homem sem saúde não é nada. A crise atual é a pior, mas estou esperançoso”.
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