Irmão de premiê da Albânia é detido por comandar drone, diz mídia sérvia
Olsi Rama, irmão do premiê albanês Edi Rama, teria sido o responsável por comandar o drone que sobrevoou o estádio em Belgrado, nesta terça, e iniciou uma briga generalizada entre as seleções de Sérvia e Albânia, que jogavam pelas Eliminatórias da Euro 2016. Segundo a mídia local, ele comandou o aparelho com um controle remoto da sala VIP e teria sido detido pela política local.
A informação de que ele é o responsável foi publicada pelo jornal Bild e pela TV estatal da Sérvia (RTS) e replicada, com crédito, pela agência Reuters. O jornal Novosti foi pelo mesmo caminho e acrescentou que Olsi Rama estaria usando um passaporte americano. Os três veículos, todos sérvios, trataram com repulsa e indignação o que consideraram uma provocação dos albaneses.
O episódio aconteceu no fim do primeiro tempo da partida entre as duas seleções, considerada de risco pelo histórico político entre os países. Quando um drone sobrevoou o gramado carregando uma bandeira com o símbolo da Albânia, o estádio repleto de sérvios protestou e o jogador Mitrovic recolheu o objeto.
Foi o início de uma espécie de disputa campal. Os jogadores albaneses se indignaram com a intervenção do sérvio e partiram para a briga. A torcida atirou sinalizadores e outros objetos em campo e tentou invadir. Quem estava na beira do gramado se juntou à confusão e produziu cenas impressionantes como a que mostra uma cadeira de plástico sendo usada para agredir um jogador. Quando a polícia interveio, o jogo obviamente foi paralisado.
Em um primeiro momento, a Uefa sinalizou que a partida continuaria. Em seu Twitter pessoal, o jornalista Nick Ames, do Guardian e da ESPN, que estava no estádio, chegou a dizer que a retomada da partida foi confirmada. Momentos depois, porém, o cenário mudou e decidiu-se adiar o confronto. Ivanovic, capitão da Sérvia, deu sua versão dos fatos.
“Pelo meu time, tudo que posso dizer é que gostaríamos de ter continuado e que saímos lado a lado com o time da Albânia no caminho até o túnel [para protege-los da torcida]. Eles disseram que estavam física e psicologicamente abalados depois de terem falados com os responsáveis e agora eles vão decidir o que vai acontecer”, disse o zagueiro do Chelsea.
Segundo o Blic, os albaneses se recusaram a voltar ao gramado até que as arquibancadas estivessem completamente vazias. Como isso não era factível no meio do confronto, as partes envolvidas teriam decidido abandonar o jogo. A Uefa, até agora, não deu detalhes de como foi a negociação.
“É uma situação lamentável a que vamos reportar. As circunstâncias não permitiram que a gente prosseguisse com o jogo. Todos vocês viram o que aconteceu e eu não posso quem é culpado ou inocente. Eu vou fazer um relatório aos meus colegas da Uefa e eles vão decidir o que vai acontecer”, disse Harry Been, delegado do jogo, às agências de notícias.
Entenda o conflito
A disputa entre Sérvia e Albânia envolve o Kosovo, território independente da antiga Iugoslávia que protagonizou uma guerra de dois anos no fim dos anos 1990. Os três países são praticamente vizinhos nos Balcãs – o Kosovo fica entre a Albânia e a Sérvia.
O Kosovo não é reconhecido internacionalmente pela ONU (Organização das Nações Unidas) e tem na Sérvia seu maior opositor para tanto. Hoje, o território é formado por muitos albaneses e descendentes e mantém boa relação com o país vizinho, em oposição ao que ocorre com a Sérvia.
Isso acontece especialmente no âmbito esportivo. Proibido de atuar como seleção em competições oficiais, o Kosovo tradicionalmente apoia a seleção da Albânia em disputas como as Eliminatórias da Euro – segundo o jornal Guardian, sete dos 23 jogadores do time atual nasceram no Kosovo.
Alegando questões de segurança, a Sérvia decidiu que só venderia ingressos de visitantes para a partida desta terça para cidadãos albaneses que apresentassem passaporte do país. A exigência foi considerada inaceitável pelos albaneses, cuja seleção jogaria em Belgrado pela primeira vez desde 1967.
A medida tinha como objetivo barrar cidadãos do Kosovo que não teriam condições legais de adquirir ingressos. Imagens de Pristina, capitão do país, mostram que a partida de fato movimentou uma multidão, que acompanhou toda a confusão em telões espalhados pela cidade (veja na foto abaixo).
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