Seleção olímpica já se preocupa com crises de choro em campo nos Jogos-2016
O descontrole emocional e o choro compulsivo apresentados pelos jogadores da seleção brasileira durante a Copa do Mundo deste ano já são motivos de preocupação para a equipe olímpica nacional, que buscará o inédito ouro nos Jogos do Rio-2016.
A quase dois anos para a competição, o técnico da equipe sub-23, Alexandre Gallo, já traça uma espécie de mapa psicológico dos que compõem o elenco e dos que têm potencial para tal, como, por exemplo, os atletas da sub-20.
“Trabalho muito a questão psicológica com estes jogadores. Estou iniciando o 21º mês junto com eles e tenho mais dois anos [1 ano e 10 meses]. Meu trabalho é identificar o atleta que distingua essa situação de pressão e a transforme em algo positivo dentro das quatro linhas”, afirmou Gallo, em Brasília, onde comandou o time na vitória por 3 a 0 sobre os Estados Unidos na noite de segunda-feira, no Mané Garrincha. “Nós temos conversado bastante com cada um dos convocados e até os Jogos do Rio-2016 eu tenho que saber quem suporta a pressão, quem tem possibilidade de jogar e não está tão bem, mas de repente pode aguentar o jogo na parte física”.
Não faltam ingredientes para que a seleção sub-23 entre em combustão durante os Jogos-16 tal qual o time de Luiz Felipe Scolari no Mundial no Brasil. Jogar em casa mostrou-se um fardo difícil de carregar para os brasileiros. E pode ser ainda mais pesado para um grupo com atletas tão jovens, com menos ‘horas de voo” do que aqueles que disputaram o Mundial da Fifa e sucumbiram ante à pressão nos momentos decisivos.
A situação poderá ficar ainda mais delicada se o técnico Gallo abrir mão dos três veteranos (acima dos 23 anos) a que tem direito de levar. Ele ainda não definiu se reforçará o grupo com os experientes. Além de tudo, ainda há o ineditismo do ouro olímpico ao futebol nacional e a pressão pela conquista do único título internacional de grande expressão que não faz parte da galeria de honrarias da CBF.
“A falta da medalha de ouro aumenta a vontade de buscar algo inédito. Todos aqui querem essa medalha. É sonho do presidente [José Maria Marin, da CBF], e de todos os jogadores”, opinou o zagueiro e capitão da seleção de Gallo, Dória, recém-contratado pelo Olimpique de Marselha.
“O que contará para formar a seleção que disputará os Jogos-2016 não será apenas o aspecto físico ou técnico, mas também o psicológico. A leitura que o treinador fizer do perfil psicológico desse atleta vai credenciá-lo para disputar uma Olimpíada pelo pela seleção brasileira no Brasil”, disse Gallo.
Uma das maneiras de testar o lado emocional de seus escolhidos foi realizar amistosos no país. Antes de bater o time olímpico dos Estados Unidos no Distrito Federal, o Brasil ganhara da equipe principal da Bolívia, em amistoso na sexta-feira, 10, também por 3 a 0. “Essas partidas aqui [contra Bolívia e contra os Estados Unidos] diante de nossa torcida já nos fazem sentir um pouco mais da pressão pela vitória, mas sabemos que quando chegarem os Jogos do Rio vai ser mil vezes mais forte do que a gente viveu ate agora”, afirmou o atacante Ademílson, do São Paulo, dono da camisa 10 do time de Gallo.
Diferentemente de Scolari, que confiou na psicóloga Regina Brandão para auxiliar na preparação psicológica da seleção que fracassou na Copa do Mundo deste ano, o comandante do time olímpico não conta com profissionais da área na sua comissão técnica. Ele também confia na vivencia de seus comandados nos clubes.
“Acho que a lição da Copa do Mundo foi aprendida, já passou, não tem que pensar nisso. Somos um time jovem, mas experiente, todo mundo joga em time grande aqui. Eu mesmo, defendo o Vasco e enfrento a pressão da torcida muitas vezes. Então tudo isso só ajuda”, garantiu o atacante Thalles, autor de dois dos seis gols que o Brasil marcou nos dois últimos amistosos.
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