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Atacante foi preso em 2012 por estupro. Agora, busca nova chance nos campos

Ched Evans comemora um de seus três gols diante do Chesterfield em 2012; preso há dois anos, atacante galês enfrenta opinião pública para tentar retomar a carreira - Stu Forster/Getty Images
Ched Evans comemora um de seus três gols diante do Chesterfield em 2012; preso há dois anos, atacante galês enfrenta opinião pública para tentar retomar a carreira Imagem: Stu Forster/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/10/2014 06h00

O atacante galês Ched Evans era um jogador com grande potencial, defendendo inclusive a seleção de seu país entre 2008 e 2011. No entanto, tudo mudou em maio de 2011, quando foi acusado de estupro.

A história, que parece roteiro de filme, é real e voltou ao noticiário britânico nas últimas semanas. O motivo: nesta sexta-feira, Evans - que foi condenado pelo crime em 2012 - sairá da cadeia em liberdade condicional, sem saber ainda se poderá dar sequência a sua carreira.

Nascido em 28 de dezembro de 1988, Chedwyn Michael Evans foi criado apenas pela mãe - o pai deixou a família após o nascimento do filho. No futebol, depois de passar pelas categorias de base de pequenos clubes, profissionalizou-se pelo Manchester City, sendo promovido ao time principal em 2007.

A passagem pelo então Estádio City of Manchester (hoje Etihad Stadium) foi discreta. Ainda na temporada 2007/2008, foi emprestado para o Norwich City. Mantido no clube azul-celeste na temporada seguinte, foi negociado com o Sheffield United no meio de 2009. Neste intervalo, recebeu suas primeiras convocações para a seleção do País de Gales.

Em 2011, entretanto, a história de Ched Evans ganhou outros rumos. Em 30 de maio daquele ano, o jogador foi acusado de estupro de uma garçonete de 19 anos. Segundo a justiça britânica, o crime aconteceu na cidade de Rhyl (País de Gales) e foi cometido por dois jogadores – Ched Evans e Clayton McDonald, também ex-Manchester City.

Enquanto esperava julgamento, Evans atuava normalmente pelo Sheffield United, na terceira divisão do Campeonato Inglês. As atuações chamaram inclusive a atenção de Stuart Pearce, técnico da seleção britânica de futebol que disputaria as Olimpíadas de Londres em 2012. Pearce, por exemplo, estava nas arquibancadas do estádio quando Evans marcou três gols na vitória do Sheffield sobre o Chesterfield por 4 a 1 em 28 de março de 2012.

“Se eu for questionado (sobre uma convocação), então é algo que eu definitivamente gostaria. Mas eu não sei nem onde vou estar (durante os Jogos Olímpicos). Mas se houver a chance, como qualquer um, eu certamente gostaria de pensar sobre isso”, disse Evans na ocasião, ao jornal Sheffield Star.

Não houve tempo, porém, para Evans sonhar com a convocação. Em 20 de abril de 2012, o caso foi a julgamento. Os dois julgadores admitiram ter feito sexo com a garçonete, mas alegaram que a relação foi consentida. A promotoria, porém, afirmou que a vítima estava alcoolizada, e que havia até traços de uso de drogas em exames feitos por ela, que não poderia consentir. McDonald foi inocentado, mas Evans acabou condenado a cinco anos de prisão.

Alegando inocência, Evans teve seu contrato com o Sheffield United rescindido na ocasião. No entanto, desde abril de 2014, o empresário Kevin McCabe (um dos proprietários do clube) e o técnico Nigel Clough (filho de Brian Clough) se reaproximaram do jogador, dispostos a discutir a possibilidade de sua futura reintegração ao elenco do clube.

Nesta semana, a possibilidade de uma volta ganhou destaque nos jornais ingleses. Afinal, Evans deixará a cadeia nesta sexta-feira em liberdade condicional, após cumprir metade de sua pena de cinco anos. Embora não tenha seu retorno aos gramados garantido, o jogador tem a chance real de, quem sabe, ser reintegrado ao elenco do Sheffield United. Para isso, basta um acordo entre o próprio atacante e os donos da equipe.

“Tivemos uma ou duas discussões. Estamos esperando uma decisão, e os proprietários (do clube) a tomarão em um momento apropriado (…). Fui envolvido em decisões, mas ela cabe aos proprietários. No momento certo de dizer algo, o clube dirá. A decisão está acima do futebol”, disse Nigel Clough, em declarações dadas no ultimo final de semana e divulgadas pelo jornal The Guardian.

”É minha decisão se ele vai estar no time caso volte, (mas) não é minha decisão se ele voltará (ao clube) em primeiro lugar. É deles (proprietários). Até que a decisão seja tomada, não há o que falar. Isso não tem me distraído dentro de campo. Em primeiro lugar, ele nem sequer está fora da prisão; em segundo lugar, o clube não tomou uma decisão ainda. Até que essas duas coisas aconteçam, isso é irrelevante”, completou.

Mas nem tudo é favorável à volta de Evans aos gramados. De fato, 145 mil mulheres britânicas assinaram uma petição para que o jogador não seja readmitido em clubes. “Considerar a readmissão dele como jogador no mesmo clube é um profundo insulto à mulher que foi estuprada, e a todas as mulheres como ela que sofreram na mão de um estuprador”, diz o texto do manifesto, organizado por Jean Hatchet.

A decisão, seja qual for, começa a sair nesta sexta-feira, quando Ched Evans passar pelas portas da Casa de Detenção Wymott, em Ulnes Walton.