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Questão financeira pode impedir rescisão amigável com Jô, André e Conceição

Bernardo Lacerda e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

04/11/2014 05h00

Após decidir pelo afastamento do trio Jô, André e Emerson Conceição, por indisciplina cometida após a derrota para o Atlético-PR, no domingo, por 1 a 0, a diretoria do Atlético-MG tenta encontrar uma forma de rescisão amigável com os três atletas, que possuem contrato até 2016. As dívidas que o alvinegro mineiro possui com os atletas, entretanto, poderão dificultar o acerto. 

O UOL Esporte apurou com uma pessoa ligada à diretoria atleticana, que o departamento jurídico do clube, encarregado de avaliar a situação, quer encontrar uma maneira para definir a situação de forma rápida e sem briga, buscando um acordo entre as partes.

A estratégia atleticana, no entanto, tem como obstáculo os problemas financeiros vividos pelo clube, que deve parte pela aquisição dos direitos econômicos de jogadores e também algumas premiações. Uma fonte ligada ao lateral esquerdo Emerson Conceição, que pediu para não ser identificado, informou ao UOL Esporte que o valor da dívida com o atleta chega a R$ 3 milhões.

O lateral esquerdo possui vínculo com o clube até o dia 31 de março de 2016. Emerson Conceição chegou ao Atlético em abril deste ano, com a missão de ser o dono da lateral esquerda, problema antigo no clube. Pouco conhecido no futebol brasileiro e com passagens por times de Portugal e da França, o atleta não caiu nas graças do torcedor e viu a chegada de Douglas Santos, que tomou sua posição. Pela equipe de Belo Horizonte, foram 25 jogos e nenhum gol marcado.

Dos três atletas afastados, Jô se torna a principal dor de cabeça para a diretoria atleticana. O jogador se apresentou em 2014 com mercado na Europa, chegou a ser sondado por clubes de Portugal e da Rússia, mas acabou não sendo negociado. A diretoria atleticana esperava lucrar com o jogador, após a Copa do Mundo, mas suas atuações fracas dificultaram a concretização de uma venda. O Atlético-MG ainda esperava conseguir negociar o atleta, mesmo com um histórico recente de contusões e, principalmente, indisciplina. 

Jô é vinculado ao clube atleticano até 23 de maior de 2016. Para dificultar a situação para uma rescisão amigável por parte da diretoria do Atlético, o centroavante renovou seu vínculo com o clube por dois anos, aumentando seu salário para ampliar a multa contratual. Jô recebia cerca de R$ 300 mil mensais. Hoje, uma rescisão contratual unilateral, custaria aos cofres atleticanos cerca de R$ 25 milhões.

Para contratar Jô, em 2012, quando o jogador vivia problemas disciplinares no Internacional e foi afastado da equipe gaúcha, o Atlético pagou R$ 4,5 milhões por 50% dos direitos econômicos do atleta.  Jô deixará o clube mineiro com 118 jogos e 37 gols e um jejum de pouco mais de dois mil minutos sem balançar as redes, já que não faz gols desde abril, contra o Zamora, pela Libertadores.

No caso do atacante André, a diretoria atleticana convive com a certeza da perda de um alto investimento. Contratado em 2011, como grande reforços, após brilhar no Santos de Robinho, Neymar e Ganso, o atleta custou aos cofres atleticanos R$ 19 milhões e um contrato de cinco anos, que tem duração até 30 de junho de 2016.

Com a chegada de Jô em 2012 e com baixo rendimento de André, o Atlético emprestou o centroavante ao Santos, clube que o revelou. Na ocasião, a equipe paulista comprou 25% dos seus direitos econômicos por R$ 5 milhões, abatendo assim o gasto por parte do alvinegro mineiro para R$ 14 milhões.

Com a camisa atleticana, o centroavante disputou 79 partidas, em três temporadas e marcou 31 gols, média superior a de Jô. Porém, André teve dificuldades para conseguir se firmar e esteve na lista para ser emprestado para outras equipes em vários momentos. Em 2013, o atleta chegou a jogar pelo Vasco, onde também conviveu com histórico de problemas disciplinares que o tirou da reta final do Brasileirão daquele ano e o fez voltar ao Atlético.

Nesta terça-feira, o presidente atleticano, Alexandre Kalil, se reuniu com o diretor jurídico do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha e os dois dirigentes acertaram a medida que o clube tomará em relação à rescisão de contrato dos três atletas que foram afastados. Porém, os dirigentes segurarão o anúncio oficial da medida até quinta-feira.