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Ressaca da Copa acelerou interesse por Jogos Olímpicos, avalia Ibope

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

23/12/2014 06h00

Os Jogos Olímpicos já são o evento esportivo preferido dos brasileiros fora do futebol. Pesquisa realizada pelo instituto Ibope Repucom entre setembro e outubro de 2014 apontou que 61% da população local tem interesse pelo evento que será realizado no Rio de Janeiro em 2016. Trata-se de um índice surpreendente pela precocidade, e uma das explicações para isso é a ressaca causada pela Copa do Mundo deste ano.

“Com o fim da Copa do Mundo, ainda mais do jeito que foi, era natural que a atenção e a emoção dos fãs fossem direcionadas para outros esportes que não o futebol. Tivemos uma verdadeira ressaca de Copa do Mundo, e as pessoas começaram a olhar em outras direções. A gente não sabia para quais esportes eles olhariam. Podiam ser várias opções, como a Fórmula 1, o UFC ou o voleibol, que tem dado resultado e é um esporte muito popular. Podia ser o basquete, que tem brasileiros na NBA, que é a principal liga do planeta”, disse José Colagrossi, diretor executivo do Ibope Repucom, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

“A gente sabia que haveria um interesse em Olimpíada, mas não que isso seria tão precoce. As pessoas começaram a olhar para os esportes olímpicos com muito mais interesse e muito mais cedo. A gente não tinha dúvida que isso aconteceria em 2015, mas foi uma surpresa o movimento ocorrer agora”, completou o executivo.

A pesquisa do Ibope Repucom foi realizada online, com um total de mil entrevistas. Entre as pessoas que elegeram os Jogos Olímpicos como a maior atração esportiva fora do futebol, 51% são homens e 28% têm mais de 40 anos.

“Basicamente, a pesquisa teve quatro objetivos: medir o tamanho dos esportes, separando o fã do superfã; medir o nível de engajamento – quantos jogos você vê no estádio e quantos você acompanha pela TV, por exemplo; entender como você consome esporte – quais mídias, quantas horas por dia, como você tem contato com o esporte; por último, medir o impacto das marcas e um recall dos patrocinadores. É uma coisa de comportamento, mesmo”, relatou Colagrossi.

Entre os esportes olímpicos, o vôlei é o que tem a maior base de fãs (61% dos entrevistados têm interesse pela modalidade). A natação aparece em segundo nesse ranking (45%), seguida pelo atletismo / corrida de rua (35%).

“Qualquer esporte no Brasil vive em função de cinco fatores, e ídolo é um deles. Esporte em que existe ídolo ganha interesse. O [Gabriel] Medina e o surfe são os exemplos mais presentes”, ponderou o diretor do instituto em alusão ao surfista que conquistou neste mês o primeiro título mundial do Brasil na modalidade.

Em 2014, essa foi a terceira edição da pesquisa (o instituto chama cada uma de onda). Já há duas ondas confirmadas para o próximo ano (março e outubro), mas ainda é possível que esse número seja ampliado.

Impacto da Copa ainda é incerto, diz executivo

A pesquisa feita entre setembro e outubro também mostrou que o interesse por futebol, que havia tido um acréscimo considerável antes da Copa do Mundo de 2014, já retrocedeu um pouco. Contudo, ainda é cedo para traçar um panorama detalhado sobre essa curva.

“Antes da Copa, o interesse era muito grande entre as pessoas que não são fãs. Depois, voltou para níveis históricos. As pessoas se aproximaram da modalidade, mas depois voltaram a ser consumidoras eventuais. O interesse por futebol tem sido muito forte depois da Copa, mas eu ainda não sei se existe uma relação. Pode ser que a exposição dos atletas internacionais durante o Mundial tenha atraído gente para as ligas de fora, pode ser pelo crescimento de assinantes da TV a cabo. Essas coisas não se manifestam em dois ou três meses, e a gente só vai saber exatamente o impacto da Copa em 2015 ou 2016”, encerrou Colagrossi.