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Novo caso de racismo marca vitória da Argentina contra o Brasil no sub-20

Do UOL, em São Paulo

01/02/2015 21h54

Gols nos minutos finais do segundo tempo complicaram muito a situação do Brasil no Sul-Americano sub-20 realizado no Uruguai. Na noite deste domingo, o time de Alexandre Gallo foi derrotado por 2 a 0 pela Argentina, no clássico sul-americano, viu o arquirrival assumir a liderança da fase final e, assim, caiu para a quarta colocação. Mas a noite não foi só de futebol: teve também racismo.

Câmeras de transmissão do Sportv flagraram torcedores no Estádio Parque Central, em Montevidéu, proferindo insultos racistas contra jogadores brasileiros, que conseguiram ouvi-los. "Ouvi sim. A gente fica triste pelo jogo, porque isso aí acontece mesmo. Ficou normal, hoje em dia. Ninguém tem mais respeito por ninguém. Não gosto nem de falar isso. Vamos focar no jogo", afirmou o atacante Marcos Guilherme, à emissora.

É a segunda vez que isso ocorre. Na primeira delas, o racismo veio de dentro de campo: o próprio Marcos Guilherme afirmou que foi chamado de "macaco" pelo atacante uruguaio Facundo Castro, em partida disputada na segunda-feira. A delegação não fez denúncia formal por falta de provas.

A seleção brasileira tem quatro pontos, com uma vitória, um empate e uma derrota, enquanto que os argentinos agora vão aos sete pontos, na primeira colocação. A situação é complicada porque restam dois jogos, e o time não pode mais ser derrotado. O próximo compromisso é contra o Peru, na quarta-feira, às 17h50 (de Brasília)

O Sul-Americano realizado no Uruguai é importante porque dá ao campeão vaga nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, e ao vice-campeão vaga para uma repescagem. Os quatro primeiros garantem vaga para o Mundial que será realizado na Nova Zelândia, em maio.

Fases do jogo: Brasil e Argentina fizeram partida de muita movimentação, mas pouca criatividade. Foram poucas as chances de gol no primeiro tempo. Na mais clara delas, Correa cruzou na área depois de driblar Caju e Giovanni Simeoni cabeceou rente ao gol brasileiro. O lance de maior destaque foi um elástico do brasileiro Kenedy, no qual ele, de quebra, colocou a bola entre as pernas do adversário.

O Brasil dominou o começo do jogo, mas depois viu a Argentina equilibrar o jogo. No segundo tempo, a instabilidade atingiu o time brasileiro, que passou a ter mais dificuldades. Mesmo assim, as chances surgiram. Aos 7min, Gerson deu dois chapéus na ponta direita e cruzou na área, mas a zaga cortou; no rebote, Lucas Evangelista chutou forte e obrigou o goleiro Batalla a fazer grande defesa.

A Argentina também esteve perto de abrir o placar. Aos 30min, Simeone ficou com rebote do goleiro brasileiro Marcs, após finalização cruzada, e, com o gol aberto à sua frente, chutou: a bola pingou no chão, bateu no travessão e ficou com a zaga do Brasil.

O jogo só foi definido aos 41min, quando Maxi Rolón recebeu lançamento por trás da zaga, invadiu a área, passou à frente da marcação brasileira e tocou na saída do goleiro Marcos. O gol deixou o Brasil com a necessidade de se arriscar nos minutos finais. Assim, aos 44min Contreras ainda fez mais um para os argentinos: recebeu cruzamento e, livre, cabeceou para decretar o triunfo.

O melhor: Giovanni Simeoni. Foi substituído no final do jogo, mas incomodou muito a seleção brasileira com grande movimentação, abrindo espaço para a chegada dos companheiros e dando opção de passe. Ainda teve a chance da vitória nos pés, mas perdeu a melhor chance do jogo, ao acertar o travessão.

O pior: a arbitragem. O uruguaio Andres Cunha confundiu e irritou ambos os times, ao demonstrar critérios diferentes para lances semelhantes. Sobraram reclamações dos dois lados. Pelo menos soube conter o clima de rivalidade e de catimba e distribuiu poucos cartões.

Para lembrar: 

Fim da igualdade no clássico: Brasil e Argentina deixaram de ter um confronto extremamente equilibrado com suas equipes sub-20. De acordo com a Conmebol, os times agora somam 25 jogos, com 4 empates, 10 vitórias brasileiras e 11 argentinas.

Desfalques e reforços: O time de Alexandre Gallo jogou desfalcado de três atletas neste domingo: o zagueiro Léo Pereira, o volante Thiago Maia e o atacante Yuri. Eles retornam ao time para o confronto com o Peru, na quarta-feira.

Queda de luz: os minutos finais ainda tiveram queda de energia no Estádio Parque Central. O árbitro conversou com técnicos dos dois clubes e, parcialmente no escuro, decidiu encerrar o confronto.