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Tite pede que torcida deixe críticas de lado e apoie Corinthians em decisão

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

03/02/2015 18h44

Tite chegou animado, acelerado e com voz firme para a última entrevista antes do confronto com o Once Caldas-COL pela primeira fase da Copa Libertadores. Em seu discurso nesta terça-feira, o que mais insistiu foi no pedido de apoio para os torcedores. O jogo acontece no Itaquerão, às 22h (de Brasília).

"Já tive nos dois jogos (no estádio corintiano), aquele carinho que emana de fora, uma energia que quem está ali sente muito. As grandes conquistas do Corinthians se caracterizaram mesmo nos momentos em que não estava bem. Tomamos o gol do Santos (na semifinal da Libertadores 2012), a torcida se levantou e gritou. Ela puxa. Esse carinho nós precisamos", comentou Tite.

"Tem garoto jovem que poderia ser meu filho, a responsabilidade do jogo é muito grande. Aquele ali apoiando, que passasse o apoio que um dia eu tive. Se eu preciso, quanto mais o Fagner, o Felipe, o Petros, o Bruno Henrique, o Luciano, esses jogadores que não estiveram nesses títulos. Nós precisamos também. Aproveito e peço ao torcedor. Se passar o incentivo que é marca maior, ele vai trazer o atleta para dentro do jogo", disse ainda.

Até mesmo em relação ao árbitro, em suas ponderações, Tite tentou orientar o torcedor. Curiosamente, à atuação de um juiz (Carlos Amarilla) é atribuída a eliminação do Corinthians para o Boca Juniors-ARG em 2013. O treinador corintiano, que estava na ocasião, chegou a falar a respeito também.

"Não reclame de arbitragem", disse aos torcedores. "O atleta em campo fica nervoso. Se ele (árbitro) não deu, é problema dele. Jogar bem e vencer é o fascínio", pontuou. "Contra arbitragem não tenho absolutamente nada. Nem o direito de ironizar. Não faço. Peço que nenhum jogo da minha carreira toda eu não tenha o Carlos Amarilla para apitar. Não quero cruzar com ele em lugar nenhum. É um sentimento meu, estou sendo honesto".

Abaixo, veja outros trechos da entrevista coletiva de Tite:

LODEIRO FORA DE DOIS JOGOS
Quando há um envolvimento muito grande de utilizar o atleta, quando há esse impasse entre interesses do clube e atleta (jogador deve ser retirado da partida). Todos que estão voltados à grandeza do jogo de amanhã.

AGENTE DE LODEIRO DISSE QUE TITE QUER PERMANÊNCIA
Não trato com nenhum empresário, converso com atletas e a direção. E mesmo se tivesse dito, ele (Gerardo Cano, agente) não teria o direito de externar o que eu disse. Eu não falo com eles sobre atletas. Não conversava com o Gilmar Veloz (agente dele) a respeito do Pato. Ele tome cuidado em falar em nome das pessoas, não dei a ele o direito de falar em meu nome. Os assuntos falo para ele (Lodeiro) e direção.

QUANDO EXCLUIU LODEIRO NO DOMINGO
Um pouco antes do ônibus (para o estádio). Tomaram dimensão muito grande (conversas com Boca), o atleta se manifestou com a direção, eu conversei com o atleta. Sairíamos 15h10 para o campo. Era 15h e estava com ele, em conversa franca, clara, de gente grande, que fala o que sente. Fiquei no impasse, pela responsabilidade do jogo, da equipe, como estava envolvido. Refleti, é momento de decisão do técnico e decidi que ele não deveria ir para o jogo.

EDU DRACENA
O Felipe joga. O Edu tem condição de no máximo 45 minutos. Vou ver a reação aos trabalhos de hoje para conversar com departamento médico e ele. Tenho 20 concentrados, normalmente faço (lista com) 18, mas a grandeza do jogo exige que seja assim.

TRAJETÓRIA DE FELIPE
O contexto da titularidade, por momento, pode ser de um ou outro. O Felipe tem uma imposição física, uma velocidade impressionante, o torque dele em 10 metros e impulsão vertical talvez sejam as maiores da equipe. Veio muito jovem, teve todo um trabalho desenvolvido nesse tempo, com crescimento, amadurecimento. Está pronto para a titularidade. Ele comeu a massa, se forma na pressão do torcedor. Está trabalhando muito, em um nível de concentração muito alto. Jogou muito contra o Marília, contra o Bayer. Tem a confiança e personalidade para sentir o frio na barriga e ir em frente.

ONCE CALDAS
O Once modificou a estrutura tática. Jogava com losango, 4-3-1-2. Esse ano trocou três ou quatro jogadores da base, tem um 4-2-3-1 com jogadores de velocidade pelo lado. De um lado jogada de velocidade, do outro de mais qualidade. Alterna a saída dos laterais. O Henao (volante) é muito construtor, tem muita qualidade de passe. Em jogo de dois campeões da Libertadores não fica só se defendendo. Que a gente domine e controle em dois terços do jogo.

COMPORTAMENTO IDEAL DO TIME
Há dois momentos. Com bola e sem bola. Que sem bola seja enérgico, elétrico, busque a marcação, encurte. Com bola seja frio, concentrado, ponderado, que tenha as melhores escolhas. É utopia, mas é ideia (risos). Todos os times querem isso.

LIÇÕES DA DERROTA PARA O TOLIMA
A dor daquela derrota, e a gente nunca fugiu, encaramos de frente. Talvez tenha sido a grande lição que tive. Encare a adversidade de frente. Assume seu erro, que não foi bem, não esconda nada e tente melhorar. É isso que tiro.