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Jejum corintiano de Sheik tinha 39 jogos. Agora ele é o senhor Libertadores

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

05/02/2015 06h00

Emerson Sheik não fazia um gol pelo Corinthians desde 31 de julho de 2013. Foram 39 partidas no período. Mas na noite de quarta-feira isso pouco importou para os corintianos. Na goleada por 4 a 0 contra o Once Caldas-COL, Sheik colocou à prova seu status de jogador de Copa Libertadores em 20 segundos de partida no Itaquerão.

Do lado esquerdo, ele preparou o que parecia ser um cruzamento para Paolo Guerrero. A bola subiu demais, viajou e caiu dentro do gol de Cuadrado, o arqueiro colombiano. Era o início de uma noite inspirada de Sheik. Na bola, na inteligência e muitas vezes também na catimba.

Tranquilo no segundo tempo, o jogo parecia se transformar em armadilha quando Paolo Guerrero foi expulso por cotovelada aos 20min do primeiro tempo. Mais velho entre todos os corintianos em campo, Sheik correu para Tite, ouviu instruções e colocou em prática sua experiência.

Instantes depois do vermelho, Emerson cavou falta no meio e já partiu para cima do árbitro atrás de expulsão dos adversários. Em jogada seguinte, recuperou rebote de escanteio, adiantou a bola e esperou mais uma falta. Tocado, se atirou no chão e rolou sem parar. Ainda ameaçou pedir atendimento médico pela segunda vez em poucos minutos, mas desistiu.

O festival de Emerson ainda teve um chutaço no travessão, muito empenho para marcar com um jogador a menos, faltas cavadas, provocações ao lateral direito adversário e aquele chute na perna do rival, próximo da linha de fundo, para arranjar um escanteio. Foi assim que Sheik indiretamente geraria o gol de Felipe, o segundo da noite, e que realmente trouxe alívio.

Alívio, por sinal, que também tem muito a ver com a sensação que o próprio Emerson deve ter sentido na noite de Copa Libertadores. Autor de dois gols na final contra o Boca Juniors-ARG em 2012, ele foi o símbolo do time que fracassou no ano seguinte. Saiu pela porta dos fundos, voltou porque não teve propostas, e no segundo treino de 2015 reconquistou lugar no time.

Antes mesmo de Emerson voltar do Botafogo, funcionários do Corinthians tinham certeza de que ele chegaria motivado para dar a volta por cima. Em janeiro, Sheik já era o atacante corintiano em melhor forma física, o que agora o ajuda a colher os frutos enquanto Malcom defende a seleção sub-20. Na última noite, foi o destaque em bolas roubadas (oito), finalizações (três) e faltas recebidas (oito). 

Substituído a cinco minutos do fim, Emerson Sheik foi aplaudido de forma efusiva pelo público presente. Um reconhecimento a quem parece talhado para a Libertadores.