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Eles são a voz do Barcelona no rádio e não pouparam Neymar de críticas

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

12/02/2015 06h00

Desconectado, apagado, sumido, desconcentrado. Foram vários os adjetivos pejorativos usados para a atuação de Neymar pelos radialistas mais ouvidos na Espanha. O brasileiro teve atuação ruim, e perdeu até pênalti, na vitória do Barcelona por 3 a 1 diante do Villarreal, na noite de quarta-feira, no Camp Nou, no jogo de ida da semifinal da Copa do Rei.

O UOL Esporte acompanhou o duelo na cabine da rádio Cadena SER (Sociedade Espanhola de Radiodifusão) no Camp Nou. Ela é a líder de audiência na Espanha, e teve a transmissão realizada para todo o país. Em dia de jogo são quatro horas no ar com o comando de uma equipe experiente e fãs do Barça assumidos.
 
“Neymar está desaparecido. Não o vejo jogar tão mal faz muito tempo”, opinou Jordi Marti, após dar socos na mesa por um erro de passe do brasileiro nos minutos finais do primeiro tempo.
 
O comentarista Jordi conta com orgulho que é sócio do Barça desde os dois anos. O trabalho com transmissão de jogos do clube é feito há quase 25 anos e a imparcialidade é tarefa complicada: “O Barcelona é como religião. Minha família toda é sócia do clube e isso vai passando de pai para filho. Os outros integrantes da equipe têm mais problemas como isso. Eu não vejo nenhum”, destacou o experiente comentarista.
 
O problema maior na tentativa de disfarçar o fanatismo pelo Barcelona fica a cargo do narrador Lluis Flaquer. Com trajetória como a de um jogador vitorioso, o locutor começou na área há dez anos com transmissão de partidas de outro clube da Catalunha, o L´Hospitalet, da quarta divisão espanhola. Criado a base de transmissões em catalão, ele assume a dificuldade em narrar jogos em castelhano para toda a Espanha.
 
“As palavras até hoje não surgem na minha cabeça com a mesma naturalidade do catalão. O começo era algo bem complicado, mas posso dizer que é um desafio superado”, disse Flaquer, agora com cinco anos de transmissão de jogos do Barça. 
 
“Não posso torcer, me seguro pela neutralidade, mas sempre falam que eu grito mais pelo Barcelona. Não faço isso. Só em jogos da Champions (Liga dos Campeões) contra times de outros países podemos nos soltar mais”, complementou.
 
A trinca da transmissão na cabine do Camp Nou é completada por outro comentarista. O renomado Marcos López. Acumulando funções, ele tem que deixar a cabine de transmissão assim que o jogo acaba para cuidar da coluna para o jornal El Periódico. 
 
“Messi não está brilhando, vejo Piqué mal fisicamente, mas é Neymar que está irreconhecível”, disse López na metade da segunda etapa.

O brasileiro foi bastante criticado pelos radialistas ao longo dos 90 minutos. A temporada do jogador, no entanto, é extremamente exaltada.

“Foi a pior partida do Neymar no ano, isso seguramente. Agora é importante ressaltar que está raro ver ele jogando nesse nível. Ele é muito importante ao Barça”, disse o narrador Lluis Flaquer à reportagem após o fim da transmissão.
 
“Eu vejo o Neymar como o melhor parceiro que o Messi já teve. Não tem Ibrahimovic, Villa, Ett´o, alguém que tenha se conectado tão bem com ele em campo”, opinou Jordi.   

A transmissão
 
O Carrossel Esportivo é o programa da Cadena SER responsável pela transmissões dos jogos. São mais de dez profissionais envolvidos durante as quatro horas no ar. Na cabine do Camp Nou ainda estava o operador Julio Cuenca. 
 
Como repórteres são proibidos pela Federação Espanhola de ficar no gramado, Edu Polo também participa estando nas cadeiras dos sócios atrás do banco de reservas. 
 
No estúdio em Madrid, o ex-árbitro espanhol Daudén Ibáñez, também participa com comentários. Para ele, por exemplo, não foi correto o pênalti marcado no lance em que o jogador do Villarreal, Musacchio, tocou com a mão na bola dentro da área.
           
Já em Barcelona, o jornalista Bruno Allemany é outro que auxilia a transmissão direto do estúdio com os relatos esportivos em outros países. 
 
LLuis Flaquer, Marcos López e Jordi Marti são a voz do Barcelona na rádio Cadena Ser há cinco anos.