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Mata-mata de competições europeias escancara violência e racismo de torcida

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 06h00

A Liga dos Campeões e a Liga Europa tiveram nas últimas duas semanas os seus primeiros jogos decisivos na temporada. Mas, mais que um futebol bonito dentro campo, os duelos ficaram marcados por um péssimo comportamento das torcidas, que já vinha sido demonstrado esporadicamente tanto em competições de clubes como de seleções.

Nesta quinta-feira, mais dois casos foram registrados. O primeiro partiu da torcida do Feyernoord que jogou uma banana em direção de Gervinho no jogo da Roma.

Outra confusão dentro do estádio aconteceu em Kiev, na Ucrânia. Durante a vitória do Dinamo sobre o Guinamp, torcedores iniciaram um confronto nas arquibancadas que acabou dentro do gramado. O juiz teve de parar o duelo por quase dez minutos para que a situação se acalmasse.

Ao melhor “estilo Libertadores”, em Istanbul, na Turquia, torcedores do Besiktas ficaram buzinando em frente ao hotel dos jogadores do Liverpool de madrugada. A polícia teve de ser chamada e precisou abordar os fãs para que a confusão parasse.

Na última semana, torcedores do Feyenoord devastaram pontos turísticos de Roma em um confronto com a polícia, tudo antes do primeiro duelo entre os dois. Alguns fãs tiveram de ser hospitalizados e outros foram detidos.

Já um grupo de torcedores do Chelsea cometeu ato racista contra um francês negro no metrô. Eles impediram a entrada dele no vagão no dia do jogo entre PSG e Chelsea.

Uma confusão com um torcedor também envolveu o brasileiro Neymar. Ele discutiu com um fã do Manchester City na vitória do Barcelona por 2 a 1.

O mau comportamento já vinha sendo mostrado na primeira fase de ambas as competições, mas ficou ainda mais evidente na primeira fase. Jogos das Eliminatórias da Eurocopa também precisaram ser interrompidos por confusões envolvendo torcedores.

Piara Powar, diretor-executivo da rede de ONGs Fare (Futebol Contra o Racismo na Europa), reconheceu, em entrevista à Folha de S. Paulo, o momento ruim relacionado ao comportamento da torcida.

“Há muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo na Europa, e o futebol é reflexo de tudo isso. A Grécia tem a crise econômica. Notamos ainda um aumento da intolerância com a tensão entre Rússia e Ucrânia e o crescimento da xenofobia contra os imigrantes”

Nesta sexta-feira, 27, o secretário-geral da UEFA, Gianni Infantino, se pronunciou sobre os incidentes das últimas semanas e fez um apelo aos clubes e demais envolvidos com o esporte: "A violência e o racismo não podem ser tolerados no futebol. Temos visto coisas negativas dentro e fora dos estádios, algo que nem a UEFA nem os torcedores podem aceitar. Peço a todos os que atuam no futebol que se unam e façam todo o possível para evitar cenas como as que temos visto".