Clóvis Rossi: O Palmeiras perdeu a alma
Cada time de futebol tem uma alma, e o Palmeiras perdeu a sua faz um bom tempo.
A teoria não é minha, mas do brilhante cardiologista Giuseppe Dioguardi, cujos nome e sobrenome já denunciam que se trata de um "palestrino" - e da velha guarda, dos tempos de ouro.
Qual a alma do Palmeiras, segundo o bom Beppe? Jogadores com nível de seleção brasileira para pelo menos quatro posições: goleiro, beque central, meio-campista e centro avante.
Na verdade, a lista dele é mais extensa, mas eu prefiro limitar-me a essas quatro posições, para as quais é mais fácil listar jogadores do Palmeiras com o nível exigido.
Goleiro, por exemplo: de Oberdan Cattani a Marcos, passando por Leão, todos ou foram da seleção ou poderiam ter sido (caso de Oberdan). Centroavante, outro exemplo: Mazzola (campeão do mundo em 1958), Humberto Tozzi, dos anos 60, César "Maluco".
Claro que o grande nome para o meio de campo é o de Ademir da Guia, um dos maiores craques que passaram pelo antigo Parque Antártica, hoje Arena Palmeiras.
Não sei se, na teoria do cardiologista, é preciso que haja um grande jogador em todas e cada uma das quatro posições citadas ou se basta preencher com um craque duas delas para se ter um grande time.
Sei que, no Palmeiras dos últimos anos, nem nessas posições nem nas demais tem havido um craque. A rigor, nem mesmo um bom jogador.
A torcida se conformou, por falta de alternativa, com idolatrar Jorgito Valdívia, que não passa de reserva da seleção do Chile. Se fosse reserva na Argentina, ainda dava para encarar, mas do Chile, com todo o respeito e carinho que tenho pelo país?
Esse clube ainda não encontrou a sua alma nem mesmo depois de contratar 19 ou 20 jogadores para a temporada que está se iniciando.
O único jogador que já teve nível de seleção é Zé Roberto, mas há 10 anos ou mais. Hoje, é apenas mais um - e assim mesmo jogando, do meu ponto de vista, na posição errada. O problema do Palmeiras não era e nem é a lateral esquerda, mas o meio do campo.
Não deu ainda para ver se Arouca pode preencher essa carência que, no ano passado, foi avassaladora. Mas, ainda que o consiga, qualquer palmeirense com alguma memória dirá que ele está a anos luz já não digo de Ademir da Guia, mas, por exemplo, de Chinesinho, outro dos jogadores que fizeram a alma do velho Palmeiras.
O fato é que não dá para dizer que há um craque, unzinho que seja, entre os 19 ou 20 contratados.
A única coisa que dá um certo alívio é que esse time, ainda em formação, é melhor do que o do ano passado. Mas por uma única e triste razão: igual ou pior não conseguiria ser.
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