Adãozinho só disse uma palavra a Marcos após "furada" em derrota de 7 a 2
"Misericórdia". Essa foi a reação do volante Adãozinho à furada do goleiro Marcos na goleada histórica sofrida pelo Palmeiras na Copa do Brasil em 2003. O lance resultou no sétimo gol do Vitória contra o time paulista. O jogo terminou 7 a 2 para os baianos.
O clube, que havia sido rebaixado no fim do ano anterior para a Série B do Campeonato Brasileiro, vivia um período de turbulência, só superado no fim daquela temporada, com o título da segunda divisão e o retorno à Série A.
Adãozinho, que se notabilizou por sua passagem pelo São Caetano, vice-campeão da Copa João Havelange em 2000 e da Libertadores em 2002, conta como foi o baque vivido pelo grupo após aquela partida.
"Aquilo ficou marcado na história. Nunca tinha acontecido outra na minha vida. O Marcão ouviu e só olhou para mim. Não falou mais nada (risos). Depois vieram as gozações. Durante a semana tivemos de aguentar. É difícil quando uma equipe grande toma de sete. Foi um aprendizado muito grande na minha vida", afirma.
Adãozinho lembra que "a bola estava fácil" para o Marcos. E que por isso saiu da frente. "Mais tarde, eu ainda comentei com ele. 'Se no rachão você não acerta a bola, você vai acertar agora?' Ele respondeu: 'joga aqui na área que eu resolvo'. Eu devolvi: 'eu vi mesmo, serviu para uma vida de lembrança'", diverte-se.
O volante diz que depois do jogo, Marcos saiu chutando tudo no vestiário para colocar pra fora a irritação e vergonha que carregava por tudo que passou na partida. "O Marcão deu um chute na caixa de água e jogou a caixa longe. E saiu resmungando. Naquela época o Palmeiras vivia uma semana conturbada. Eu nunca me preocupei com pressão extra-campo. Naquela época, o Palmeiras tinha vários jogadores jovens, como Vagner Love, Correa, Alceu. O time sentiu um pouco. Depois que essa rapaziada se enquadrou no sistema, foi tranquilo conseguir ser campeão naquela Série B".
No jogo seguinte, contra o Guarani, Adãozinho pediu para que Marcos parasse de dar chutões. Como resposta, ouviu: "você quer a bola, então toma". "Em qualquer lugar do campo ele dava a bola para eu sair jogando. O Marcão é uma coisa diferente do futebol. É o estilo do cara, é a maneira de ser. Ele fala aquilo que sente. Transmitia muita coisa boa também para o grupo. Muita segurança".
O volante lembra que neste ano, na inauguração do Allianz Parque, a história foi relembrada entre eles. Ambos estiveram no mesmo time. "O nosso time era bem mais velho. A gente tava tomando um chocolate, aí ele falou assim pra mim: 'Como é, Adão. Nós vamos tomar de sete de novo?' O Cafu estava dando um pau na gente, mas eu falei para ele ficar tranquilo que não aconteceria novamente".
Hoje, Adãozinho tem uma escola de futebol em Bragança Paulista. Trabalhou em duas equipes como treinador depois que encerrou a carreira de jogador: no Jacutinga (MG) e no Conilon de Jaguaré (ES). Como jogador, passou por 25 equipes, após estrear pelo Bragantino, em 1988.
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