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Algoz do Atlético-MG já atuou até no Iraque e sonha em retornar ao clube

Cristiano em dois momentos: em 2010 no Atlético e anos depois atuando no futebol do Iraque - Montagem sobre foto de Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro e reprodução de internet
Cristiano em dois momentos: em 2010 no Atlético e anos depois atuando no futebol do Iraque Imagem: Montagem sobre foto de Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro e reprodução de internet

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

13/03/2015 06h00

O torcedor do Atlético-MG que tem o costume de acompanhar as categorias de base deve se lembrar do nome de Cristiano, centroavante promissor revelado pelo clube alguns anos atrás. Depois de ser emprestado para diversos clubes, o jogador ficou sem vínculo com o clube alvinegro e foi seguir a carreira em outros lugares, até mesmo no Iraque, antes de chegar na Caldense e fazer o gol da vitória da equipe de Poços de Caldas sobre o Atlético.

Profissionalmente Cristiano não teve a chance de jogar pelo time atleticano. Ele até chegou a treinar entre os profissionais, quando o time era dirigido por Vanderlei Luxemburgo. Pode até não parecer, mas as fotos acima são de Cristiano. A primeira foi durante uma sessão de treino em março de 2010 e a segunda em ação por uma partida válida pelo Campeonato Iraquiano. O atleta tem vitiligo, uma doença cutânea que causa a perda gradativa da pigmentação da pele.

“Sempre desejo de qualquer jogar em time grande. Tive a oportunidade fazer a base no Atlético, mas não tive a oportunidade em jogar no profissional. Sonho voltar para o Atlético. Tenho um carinho muito grande, aprendi a gostar muito do clube e também aprendi muita coisa boa lá. Então, disputar um Brasileirão e uma Libertadores é a vontade que tenho”, disse com exclusividade ao UOL Esporte, por telefone.

A tarefa não vai ser nada fácil, afinal de contas o jogador já tem quase 28 anos, vai completar em maio. Antes de chegar até Poços de Caldas para defender a Caldense, Cristiano passou por outros 12 clubes. Embora seja reserva de Luiz Eduardo, o centroavante tem bons números no Estadual, com quatro gols marcados. O último, sobre o Atlético, é visto como uma apresentação e fez o atacante ir dormir bem tarde, tamanha a empolgação.

“Fazer gol sempre é muito bom, melhor ainda fazer gol contra time grande, quando verdadeiramente estamos aparecendo. Quem sabe o pessoal não esteja olhando com bons olhos. Tem excelentes jogadores aqui na Caldense, com extrema qualidade para jogar em time grande. Basta alguém olhar e nos dar oportunidade”, disse Cristiano, que lembra do Ipatinga, um dos clubes que defendeu, para falar das metas da Caldense neste Mineiro.

“Nós estamos sonhando alto, estamos querendo jogar a semifinal e até quem sabe jogar a final. Conversamos aqui que podemos fazer história, lembramos do Ipatinga em 2005 (último time do interior campeão em Minas)”.

Além da equipe do Vale do Aço, outros clubes mais conhecidos em que Cristiano atuou foram Joinville, Náutico e Chapecoense. Mas nenhum é tão curioso quanto o Al Shorta Sports Club, de Bagdá, no Iraque. Sim, em 2013 Cristiano topou encarar o desafio e foi disputar o Campeonato Iraquiano. Foram somente sete meses no país asiático, sem nenhum tipo de problema. Agora o atacante se diz satisfeito com a decisão, mas ele revelou ao UOL Esporte que teve bastante medo em aceitar a proposta do Al Shorta.

“É algo diferente demais do Brasil. O futebol do Iraque é muito mais de correria, com pouquíssima qualidade técnica. Enquanto o futebol aqui é mais refinado, com mais toque de bola. Mas foi uma experiência boa, pois aprendi muita cosia, como um pouco da língua e também da cultura deles. Claro que no começo eu fiquei meio com medo, quando o Anderson Nicolau, preparador físico que trabalhou comigo no Ipatinga me convidou. Eu fiquei meio assim, pois nem sabia que o Iraque tinha futebol. Por causa da questão dos ataques aéreos dava aquele medo, mas Deus me acompanhou lá o tempo inteiro”.