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Lesão fez Real descobrir que jogador croata pode ser antídoto ao Barcelona

Do UOL, em São Paulo

19/03/2015 06h00

O Barcelona, que já conquistou 65 pontos, é o líder do Campeonato Espanhol. O Real Madrid, segundo colocado, tem um ponto a menos. A 11 rodadas do término, portanto, o clássico do próximo domingo (22) será determinante para a disputa do título. E graças a uma lesão, o time da capital descobriu o quanto um jogador croata pode influenciar esse duelo. Luka Modric, que no início da temporada 2014/2015 era o menos badalado entre os meio-campistas merengues, tem sido tratado como salvador nos últimos dias.

Modric ficou afastado do Real Madrid durante quatro meses por causa de uma lesão muscular sofrida em amistoso da seleção croata. A ausência dele contribuiu para uma queda na média de gols do time espanhol (3,16 por jogo com ele, 2,30 por partida no período em que ele esteve fora).

Desde 2012, quando foi contratado do Tottenham, Modric marcou apenas sete vezes com a camisa do Real Madrid. O croata passa longe de ser um artilheiro, mas tem uma virtude que o faz ser uma espécie de antídoto ao estilo do Barcelona: o índice de eficiência dele nos passes é superior a 90%, e ele já distribuiu 16 assistências na equipe espanhola.

E essa estatística nem considera um ponto nevrálgico para o jogo de Modric: a colaboração que ele dá para a bola chegar com qualidade ao ataque. Foi assim no último domingo (15), quando ele iniciou as jogadas dos dois gols do Real Madrid em vitória por 2 a 0 sobre o Levante.

Os dois gols do Real Madrid no jogo foram marcados por Bale. O galês balançou as redes cinco vezes nas partidas do Campeonato Espanhol em que Modric foi titular. Sem o croata, tem os mesmos cinco gols, mas em 20 rodadas.

A participação de Modric também é relevante na parte defensiva. O croata é um jogador de muita mobilidade, e por isso é considerado pelo técnico Carlo Ancelotti um ponto fundamental para o esquema de cobertura nas laterais. Contra o Levante, em sua primeira partida como titular após a lesão, ele teve a missão de impedir que o destro Carvajal ficasse no mano a mano com os atacantes rivais.

A atuação foi um ponto de virada para Modric. Quando a temporada começou e Ancelotti montou o meio-campo do Real Madrid com o croata, Toni Kroos e James Rodríguez, ele era o menos badalado do setor.

Kroos tinha acabado de fazer uma grande Copa do Mundo pela campeã Alemanha, e James havia sido o artilheiro do torneio. Os dois foram contratados pelo Real Madrid logo depois da competição, e ambos chegaram como estrelas.

Esse status de Kroos e James foi reforçado no início da temporada. Sobretudo porque o Real Madrid não sentiu a ausência de Modric no início - na época em que o croata se machucou, o time merengue estava em meio a uma série de 22 vitórias consecutivas.

O Real também perdeu outros titulares (Sergio Ramos e James, que ainda não voltou ao time, por exemplo), e isso ajuda a explicar o fim da invencibilidade. Mas ninguém ganhou tanto status durante o afastamento quanto Modric. Desde que voltou, o jogador já teve de responder ao menos duas vezes sobre ser o “salvador” da equipe. “Eu não sou o salvador. Não há salvadores no futebol”, limitou-se a dizer.

Segundo o jornal espanhol “As”, a comissão técnica do Real Madrid pediu a Modric que acelerasse o tratamento e antecipasse o retorno à equipe. A situação gerou até uma preocupação entre os médicos da seleção croata, que pediram ao meio-campista que evite chutes a gol.

Modric só disputou um jogo contra o Barcelona no Camp Nou desde que chegou ao Real Madrid, e o time merengue perdeu por 2 a 1. “Quer saber por quê? Pergunte ao [José] Mourinho [ex-treinador da equipe da capital espanhola]”, respondeu o croata ao ser questionado sobre o histórico.

Depois de muito tempo no clube, porém, o jogo virou para o croata. Ele chegará ao clássico do próximo domingo como uma das maiores esperanças do Real Madrid no duelo contra o Barcelona. E a saudade que o time merengue sentiu durante o período de lesão ajuda a explicar isso.