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"Semente da Libertadores", último título paulista do São Paulo faz 10 anos

Diego Salgado e Luis Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

03/04/2015 06h00

Rogério Ceni sorriu novamente e voltou à liderança do grupo são-paulino há exatos dez anos. Já Diego Tardelli ganhou confiança e Grafite firmou-se no time titular. O São Paulo, por sua vez, encerrou um jejum de cinco anos no Campeonato Paulista e abriu caminho para conquistar o tricampeonato da Libertadores dali a três meses. "Foi plantada a semente", relembra Leão, técnico do último título estadual do clube, garantido após um empate sem gols contra o Santos no dia 3 de abril de 2005.

O treinador disse, em entrevista ao UOL Esporte, que a equipe recuperou o "prestígio coletivo e individual" depois da conquista. A alegria, dessa forma, voltara à rotina do grupo. "Um dia, no refeitório, estava uma grande bagunça. Chamei a atenção e o presidente disse: 'Leão deixa os meninos. Faz muito tempo que não tem alegria aqui no clube', relembrou.

Havia motivos para isso. O São Paulo deu início à temporada 2005 de forma avassaladora. Até o título estadual, o time venceu 13 das 16 partidas disputadas, com direito a um 3 a 0 sobre o Palmeiras e um 1 a 0 diante do Corinthians de Tevez. O ataque são-paulino, formado por Grafite e Tardelli, com Luizão entre os reservas, marcou 49 gols nos 19 confrontos.

A campanha também foi marcada pela efêmera passagem de Falcão pelo São Paulo. Sem chances na equipe de Leão, o craque do futsal deixou o clube logo após o término do Paulistão. "Quando o presidente disse que iria contratar, eu falei que era contra. Ele disse que era apenas marketing, que eu não precisava nem escalar. Mesmo assim eu coloquei. Mas optei pelo Luizão, que era do ramo", explicou o treinador.

Com tranquilidade

O título foi garantido na 17ª rodada do Paulistão, a duas do fim. Mas o grito de campeão poderia ter saído antes, contra a Portuguesa, quatro dias antes. No Pacaembu, sob os olhares de 33 mil pessoas, o time foi derrotado por 2 a 1 e deu esperanças ao Corinthians. Nove pontos atrás do rival, a equipe corintiana teria de vencer todos os jogos e torcer para o São Paulo não marcar pontos. 

Em Mogi Mirim, o São Paulo pôde dar a volta olímpica após arrancar um empate contra o Santos, no primeiro jogo em que o poderoso ataque não marcou. O fato, porém, não estragou a festa de Rogério, que conquistou o estadual pela terceira vez como titular. "Saímos daqui felizes e satisfeitos não pelo jogo contra o Santos, que infelizmente não conseguimos vencer, mas pela belíssima campanha que fizemos durante todo o campeonato", disse logo após a conquista.

Amadurecimento e título

Habituado a ter sucesso no Campeonato Paulista, o São Paulo vivia um período de poucos títulos estaduais. Após erguer as taças de 1985, 1987, 1989, 1991 e 1992, o clube sagrou-se campeão apenas duas vezes em 12 anos, em 1998 e 2000.

Após o vice-campeonato de 2003 e a saída de Oswaldo de Oliveira, Rojas comandou a equipe até a chegada de Cuca, já no fim daquela temporada. Àquela altura, o São Paulo já flertava com o esquema 3-5-2. Na Libertadores de 2004, por exemplo, Lugano fazia parte da zaga, ao lado de Fabão e Rodrigo -- foi assim que o time derrotou o Deportivo Táchira nas quartas de final.

A saída de Cuca, em setembro de 2004, não fez Leão abandonar o esquema, que ganhou força durante a campanha do Paulistão. O treinador, sim, deixou o São Paulo apenas 15 dias depois da conquista. "Não me arrependo de haver saído antes da Libertadores. Tinha de atender o pedido de um amigo, o Miura Yatoshi, cujo time estava muito mal no Japão. O trabalho foi bem feito. Os jogadores me ligam até hoje", disse.

Segundo o técnico, até o seu sucessor no comando do São Paulo entrou em contato com ele. "Autuori, que é meu amigo, ligou e agradeceu: 'Não preciso fazer mais nada'", relembrou Leão.

Com Paulo Autuori desde a última partida da primeira fase da Libertadores, o São Paulo eliminou Palmeiras, Tigres e River Plate nas fases seguintes até derrotar o Atlético-PR na decisão. Antes da semifinal, o time ganhou um reforço depois de Grafite operar o joelho direito: Amoroso, que, ao lado de Luizão, reeditou a dupla de ataque dos tempos de Guarani.

"Todos tiveram importância naquele título. A equipe que conquistou a Libertadores era praticamente a mesma. Só entrou o Amoroso, depois que o Grafite se machucou", finalizou Luizão.