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Deputado ex-atacante do Grêmio demite funcionários e 'desaparece'

Deputado Estadual pelo RS, Mario Jardel não está sendo localizado - Divulgação
Deputado Estadual pelo RS, Mario Jardel não está sendo localizado Imagem: Divulgação

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

06/04/2015 15h27

O ex-centroavante do Grêmio, Mario Jardel, tem paradeiro desconhecido. Eleito Deputado Estadual no Rio Grande do Sul nas últimas eleições com mais de 40 mil votos pelo PSD, o ex-atleta demitiu todos os funcionários de seu gabinete e está 'desaparecido' desde a última quarta-feira. Antes, solicitou licença médica e está afastado das funções públicas até 10 de abril. 

Procurada pela reportagem do UOL Esporte, a assessoria de Jardel não se manifestou por não ter localizado o ex-jogador. O deputado recentemente, retirou passaporte e está de licença médica até a próxima sexta-feira. 
 
Dos 21 funcionários de seu gabinete, 17 foram dispensados. Outros quatro apenas mudaram de função. A atitude pegou todos de surpresa. 
 
Segundo o chefe de gabinete, Cristian Lima, Jardel está no Brasil e as demissões foram movidas por razões diversas. "Pessoas estão sendo julgadas em trâmite federal por corrupção, estelionato, extorsão e lavagem de dinheiro. Esse foi o motivo das demissões", disse à Rádio Guaíba. "Foi feito uma limpeza, o deputado está mudando. Independente de errar ou acertar, ele veio para acertar", completou. 
 
Tanto que o ex-colega de Grêmio e parceiro de partido, Danrlei, emitiu uma nota oficial rompendo ligações políticas e pessoais com Jardel. O antigo goleiro gremista foi um dos principais responsáveis pela eleição de Jardel, participando ativamente na campanha. 
 
Quando ainda era atleta, Jardel teve problemas com drogas e admitiu isso publicamente. Demorou a aceitar a aposentadoria e pouco antes de se tornar deputado ainda atuava em jogos de várzea. 
 
Sua vida seguiu ligada ao Grêmio e recentemente ainda era presença constante em eventos do clube. Nunca escondeu, também, o desejo de tornar-se treinador de futebol. Até tentou um estágio com Vanderlei Luxemburgo em 2012, mas não apareceu para um dia sequer nas 'aulas'. 
 
Confira a nota emitida por Danrlei sobre o 'sumiço' do ex-colega
 
A arte ou ofício de exercer a boa política carrega consigo responsabilidade, solidariedade, lealdade e compromissos maiores de todos os representantes parlamentares com seus eleitores e com a sociedade como um todo que tem o dever de representar. Por mais de 20 anos, fui colega de clube, parceiro e amigo do hoje Dep. Mario Jardel de Almeida Ribeiro, tendo, inclusive, buscado estimular sua candidatura nas últimas eleições, até como forma de superação de estágios pessoais que em outras circunstâncias sei que seriam difíceis de transpor.
 
Empenhei-me pessoalmente em sua eleição, dedicando esforço pessoal, carinho, amizade e até compromisso político com seu voto. A eleição de Mario Jardel à Assembleia Legislativa contou com um verdadeiro “time político” tanto meu quanto do PSD que já vinham envolvidos com minha candidatura e meu desempenho junto à Câmara dos Deputados. A sua eleição representou não apenas uma vitória deste grupo, mas também o êxito de uma missão partidária ao qual não apenas Jardel, como  também este "time Pessedista" e os meus eleitores puderam se identificar ao longo desta caminhada.
 
Lamento, contudo, que mesmo sendo um período curto em que exerce seu mandato na Assembleia Legislativa, eu me obrigue, por dever de lealdade e compromisso político com os milhares de gaúchos que elegeram não apenas Jardel mas também a mim, a romper publicamente com este a quem confiei minhas mais profundas e sinceras expectativas.
 
Alguém que logo no início de uma longa jornada, a de um mandato parlamentar, falha em princípios éticos como lealdade, confiança e consideração. Não quero relacionar-me publicamente com quem conduz seu mandato e sua vida da maneira como meu ex-colega demonstrou que vai conduzir.
 
A partir de agora, declaro meu rompimento político e pessoal com Mario Jardel, justamente por ele descumprir tais normas elementares sobre a qual tínhamos consenso e acordo que haveríamos de cumprir. Espero que pelo menos mantenha o compromisso político de honrar o mandato que o PSD ajudou-o a conquistar.