Pode acreditar: Dadá Maravilha fez 10 gols num só jogo há 39 anos
Ele refere-se a si mesmo em terceira pessoa. E fez 10 gols numa só partida. Pelé, certo? Errado: Dario José dos Santos.
Dadá Maravilha entrou para o álbum de grandes figuras do futebol brasileiro por seu faro de artilheiro e suas frases hilárias. Mas um fato histórico da carreira do ex-centroavante é pouco lembrado e completa 39 anos hoje.
No dia 7 de abril de 1976, pelo Campeonato Pernambucano, Dadá Peito de Aço, como ficou conhecido na Ilha do Retiro, marcou uma dezena de vezes na goleada do Sport contra o Santo Amaro. Placar do jogo: 14 x 0! E Dadá fez gols de tudo que era jeito.
“Tem uma história interessante nesse jogo. O nosso treinador era o Mario Travaglini. O Santo Amaro tinha alguns jogadores que eu conhecia. Eles trabalhavam o dia todo para jogar à noite. E eles comiam um sanduíche para jogar. Eu cheguei, o Mario Travaglini, cheio de tática, faz isso, faz aquilo, eu digo: ‘Seu Mario, por favor, como é que um time que trabalha o dia todo e come um sanduíche pode jogar contra a gente?’ Marcamos sobre pressão, deu câimbra neles, aí eu fiz dez gols. Porque os caras ficaram com fome, cansados, tadinhos”, revelou Dadá com o bom humor de sempre no Roda Viva em 1987.
Até hoje, a marca de Dadá Maravilha é um recorde do futebol nacional. Ninguém balançou as redes mais que ele num mesmo jogo. Nem mesmo Pelé - cujo recorde é de 8 gols contra o Botafogo-SP em 1964.
Apenas dois jogadores haviam atingido esta marca: Mascote, do Sampaio Corrêa-MA, na vitória por 20 x 0 sobre o Santos Dumont, pelo Campeonato Maranhense de 1934. E Caio Mário, do CSA na vitória sobre o Esporte Clube Maceió, pelo Campeonato Alagoano de 1945.
Em 1975, um ano antes do feito histórico, o Sport vivia jejum de 12 anos sem título estadual. Via Santa Cruz e Náutico, os maiores rivais, alternarem-se como campeões pernambucanos. Mas Dadá Maravilha aterrissou na Ilha do Retiro para mudar os rumos do rubro-negro naquela década.
Contratado pelo Leão da Ilha, Dadá foi campeão pernambucano pelo Sport em seu primeiro ano e ainda sagrou-se artilheiro da competição com 32 gols.
Em 1976, Dadá não conquistou o título estadual. Foi vendido para o Inter antes mesmo do pernambucano acabar. Nem por isso, deixou de ser artilheiro. Foram 30 gols pelo Sport – 10 só contra o Santo Amaro.
“Na minha época, os pequenos eram só para a gente fazer artilharia. Naquele ano, joguei apenas os dois primeiros turnos, pois tive meu passe negociado com o Internacional. O Campeonato Pernambucano era disputado em quatro turnos e, mesmo longe, consegui ser artilheiro da competição”, lembrou Dadá Maravilha em entrevista ao Jornal do Commercio em 2000.
No Inter, em 1976, Dadá ganhou o Campeonato Gaúcho e o bicampeonato brasileiro, com direito a gol na final contra o Corinthians.
Antes, havia passado por Flamengo e Atlético-MG, onde também foi campeão nacional. Além de ter sido campeão do mundo pela seleção brasileira em 1970.
Depois, vestiu a camisa de outros grandes clubes brasileiros. Mas nunca conseguiu repetir a façanha de 7 de abril de 1976 com a camisa do Sport.
Como ele mesmo costuma dizer, Dadá Maravilha podia até não saber jogar futebol. Mas gols, ele fazia como poucos na história do futebol.
Ficha Técnica
Sport 14 x 0 Santo Amaro
Data: 7/Abr/1976
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Renda: CR$ 34.527,00
Público: 2.921
Cartões amarelos: Luciano Veloso e Cláudio (Sport); Odair, Hilton e Lula Barbosa.
Gols: Miltão, aos 12; e Dario, aos 25 e 27 do 1º tempo. Dario, aos 4; Peres, aos 9; Dario aos 11, 13,15,18 (pênalti), 24 e 31; Miltão aos 33; Lino aos 35; e Dario aos 44 do 2º tempo.
Sport: Tião; Aranha, Silveira, Djalma e Cláudio; Luciano Veloso ( Assis), Peres e Amilton Rocha; Miltão, Dario, Lima ( Lino).
Santo Amaro: Odair; Hilton, Edílson e Ramos ( Lula Barbosa); Bicuda, Saguim e Sabará e Lula Queiroz; Ferreira, Oliveira e Eraldo ( Banana).
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