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Brincadeira com vestido rosa atrasou a carreira de dois profissionais

Jairo usou vestido rosa por brincadeira de vestiário, mas caso ganhou repercussão nacional e críticas - Reprodução Emissora de TV
Jairo usou vestido rosa por brincadeira de vestiário, mas caso ganhou repercussão nacional e críticas Imagem: Reprodução Emissora de TV

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

26/04/2015 06h00

Há seis anos uma situação concebida como brincadeira de boleiro ganhou repercussão e críticas nacionais. O assunto atrapalhou a carreira de dois profissionais: o técnico Roberto Fernandes e o meia Jairo. Ambos estavam no Figueirense em março de 2009 quando o atleta teve que treinar com um vestido rosa por ter sido o pior no rachão. O caso apareceu nos jornais do Brasil inteiro, foi condenado pela imprensa e por outros técnicos, como Vanderlei Luxemburgo.

Os dois envolvidos não guardam boas lembranças daqueles dias. Roberto Fernandes nem quis falar sobre o assunto. Limitou-se a contar que quando a história estourou, a sua primeira reação foi querer parar de trabalhar. Hoje, o técnico se arrepende por não ter processado a repórter que fez a matéria.

No entendimento do treinador, que está dirigindo o América-RN, foi feito uma tempestade em copo d’água a respeito de uma brincadeira que nem tinha partido dele. Fernandes foi considerado responsável pela punição e declarou que a ideia nasceu dos jogadores como uma traquinagem de vestiário. O melhor no treino antes de um jogo ganharia um presente e o pior pagaria um mico.

O próprio Jairo confirma a versão e compartilha da avaliação de que criaram um monstro em cima de uma zoeira. Ele também relata prejuízos com a repercussão. Conta que era sondado pelo Internacional e a porta fechou depois do vestido rosa dominar o noticiário do país. O episódio foi mencionado também no exterior.

O meia ressalta que a brincadeira não tinha intenção de humilhar ninguém e o uso não era inédito no elenco do Figueirense de 2009. O atleta revela que outros companheiros passaram pela mesma situação e nenhuma crise foi criada porque não virou matéria de jornal. Mas ele ficou marcado com a situação. Ao fechar com o Guarani (SP) em 2011 a imprensa publicou que o clube contratou o jogador do vestido rosa. 

Transcorridos seis anos, Jairo digeriu o episódio. Afirma não guardar mágoa de ninguém, nem do treinador ou dos companheiros pois ninguém foi obrigado a nada. “A gente botou para brincar porque no fim de semana tinha clássico (com a Chapecoense). Houve exagero, mas faz parte”.

Numa coincidência, o meia voltou a trabalhar com Roberto Fernandes no América-RN em 2012. Ele conta que foi tudo normal e ambos continuaram se dando bem. Na sequência, mudou para o futebol árabe onde ficou dois anos.

“Deu para ajudar a família. Para aposentadoria tem que correr mais um pouco”, diz sobre sua passagem pela Ásia.

Jairo está com 27 anos, voltou ao Brasil ano passado e está no Campinense (PB). Apresentado como um dos principais reforços, sofreu uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito e precisou operar. Retornou aos gramados somente neste ano.

O meia fala que o planejamento continua o mesmo de 2009. Ir bem na equipe e cavar um vaga em equipes de elite ou ao menos na Série B do Brasileiro. Deseja ser lembrado por gols e boas jogadas e fala que o vestido rosa é passado. "Só os parentes e amigos da minha cidade (Picos/PI) lembram dessa história".