Ex-Atlético-MG não descarta se naturalizar no Qatar para jogar Copa de 2022
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Muitos apaixonados por futebol do Brasil podem não se lembrar de Muriqui. O atacante deixou o Atlético-MG em 2010 após uma passagem de seis meses pela Cidade do Galo e se mudou para a China, onde se tornou ídolo do Guangzhou Evergrande e foi eleito melhor jogador da Ásia. Depois de quatro temporadas de sucesso, o atacante foi negociado para o Al-Sadd, do Qatar, e segue em destaque. No país que vai sediar a Copa do Mundo de 2022, o jogador tem contrato até 2017, mas pode estender a permanência no local e, inclusive, disputar o torneio pela nação.
A princípio, o jogador não tenciona se naturalizar catariano. Contudo, também não descarta: “Acho difícil, porque são sete anos. Provavelmente, daqui sete anos já teria parado de jogar. A gente nunca pode dizer nunca e diferente dos outros esportes. As coisas mudam muito rápido. Nesse momento, não é uma situação que penso, porque você precisa de cinco anos para se naturalizar. Como tenho três anos de contrato aqui, não é meu pensamento hoje. Procuro pensar ano após ano. Quero estar 100% na minha próxima temporada. Fiquei nove meses sem jogar, precisei de ritmo, melhorar o meu condicionamento físico”, afirmou ao UOL Esporte.
Há um ano no local, o jogador viveu um drama em sua chegada. Após uma contusão no músculo adutor da coxa direita, ele sofreu uma pubalgia, o que o impediu de entrar em campo por nove meses. Neste período, foram duas cirurgias e muita dedicação. Duas pessoas, contudo, foram fundamentais para que o atleta não tenha se abatido.
“Não é fácil ficar machucado sem fazer aquilo que gosta, sem poder jogar. Foi muito complicado chegar aqui e não poder jogar. Eu fui contratado para jogar. Eu via o pessoal dentro de campo, correndo, lutando e você não podendo ajudar, mas foi um momento que aprendi bastante fora de campo, fiquei mais próximo do meu filho, acompanhei o crescimento dele. Mas a gente tem que tirar coisas boas desta situação. O que tiro de bom é acompanhar o meu filho”, acrescentou.
Em entrevista exclusiva à reportagem do UOL Esporte, Muriqui abriu o coração, fez uma análise da passagem pela China e destacou o apoio da torcida do Atlético, classificando como a maior de Belo Horizonte. Confira, abaixo, a entrevista com o jogador:
Como foi a sua lesão?
Eu tive problemas nos adutores. Na verdade, foi no adutor direito. Depois foi irradiando para o outro adutor e causou uma pubalgia. Eu tratava, jogava, tratava, jogava e isso foi se agravando. Quando me transferi para o Qatar, fiz duas cirurgias para corrigir esse problema. Fiquei fora mais ou menos uns nove meses sem jogar.
Qual a importância da sua família nesse período, mesmo sabendo que muitos de seus amigos e parentes estão no Brasil?
Não é fácil ficar machucado sem fazer aquilo que gosta, sem poder jogar. Foi muito complicado chegar aqui e não poder jogar. Eu fui contratado para jogar. Eu via o pessoal dentro de campo, correndo, lutando e você não podendo ajudar, mas foi um momento que aprendi bastante fora de campo, fiquei mais próximo do meu filho, acompanhei o crescimento dele. Mas a gente tem que tirar coisas boas desta situação. O que tiro de bom é acompanhar o meu filho.
O que seu filho e sua esposa fizeram por você neste período?
Difícil, passa em algum momento na cabeça, que talvez você não consiga mais jogar. A gente sabe que a pubalgia é chata, limita o corpo. Para usar as duas partes do corpo, tanto em cima quanto embaixo, o púbis é fundamental. É uma lesão muito chata e conforme o tempo passa e não melhora a dor, você cria um pensamento ruim. Meu filho e minha esposa me ajudaram muito ainda. Eu vinha para casa e ficava olhando para ele. É uma sensação ruim, mas estou podendo jogar. Isso que é o mais importante.
Como é o futebol no Qatar, mercado que conta com muitos brasileiros?
Em relação ao nível, realmente não é alto. É bem abaixo do que é praticado no Brasil e no mundo. O pessoal tem contratado bastante para poder crescer, porque os estrangeiros ajudam no aumento do nível da liga. O que eles querem é colocar uma seleção legal em 2022 para fazer uma boa Copa. Ainda falta bastante tempo, mas eles começaram agora. Eles têm garimpado jogadores que não são do Qatar para que eles possam atuar pela seleção em 2022. Acredito que vai crescer bastante. O nível não é dos melhores, mas quando você aceita a proposta, você tem que se virar para poder se adaptar, poder jogar. Se você ficar nessa que o nível é baixo e fazer a mesma coisa, fica pior para você. Dá três, quatro meses, você vai embora. O jogador estrangeiro tem que vir aqui e fazer a diferença. Por isso, eu procuro me dedicar aos trabalhos, inclusive trabalho com um preparador físico em casa também para não ter a mesma rotina deles, que treinam normalmente uma vez por dia.
Você treina mais de uma vez por dia?
Normalmente, no período de pré-temporada, só se treina à noite, porque é muito quente e é o período de ramadã. Então, como é período de jejum deles, eles não treinam durante o dia. Ficam a madrugada acordado e, durante o dia, dormem para não poder comer. Depois do ramadã, a temperatura começa a cair. Então, dá para treinar de manhã e de tarde se quiser. Tenho um cara que trabalha comigo aqui. Então, sempre que posso fazer meu trabalho com ele, busco o algo mais para fazer diferente.
Cogita se nacionalizar para disputar a Copa de 2022 pelo Qatar?
Acho difícil, porque são sete anos. Provavelmente, daqui sete anos já teria parado de jogar. A gente nunca pode dizer nunca e diferente dos outros esportes. As coisas mudam muito rápido. Nesse momento, não é uma situação que penso, porque você precisa de cinco anos para se naturalizar. Como tenho três anos de contrato aqui, não é meu pensamento hoje. Procuro pensar ano após ano. Quero estar 100% na minha próxima temporada. Fiquei nove meses sem jogar, precisei de ritmo, melhorar o meu condicionamento físico.
Quando você deixou a China e se mudou para o Qatar, houve propostas para voltar ao Brasil?
Eu estou fora do Brasil há cinco anos desde que saí do Atlético-MG. Recebi diversas sondagens, mas proposta foi apenas uma. Devido aos valores envolvidos na negociação, tanto na transferência quanto no salário, não era uma situação fácil. Aqui (no Qatar), eu recebo muito bem, sou bem valorizado, o imposto é livre. O que posso dar para o meu filho, para mim e para a minha esposa é muito bom. Só tive proposta de um clube de São Paulo, mas eles não entraram em acordo com os chineses e não fui liberado. Acho melhor não falar, mas fiquei satisfeito com a proposta, porque é um clube muito grande.
Você já pensa em voltar ao Brasil?
Tenho mais dois anos de contrato, assinei aqui por três anos. Meu plano não é só profissional, é um plano de vida, tenho um filho de dois anos, uma família para cuidar. O Brasil, hoje, atravessa um momento muito complicado. Você assiste à televisão e vê protestos, manifestações. Não quero isso para o meu filho, quero dar uma boa condição de educação e segurança ao meu filho. Tenho uma vida muito segura aqui no Brasil. Então, não tenho pensamento de voltar agora.
Como foi a passagem pelo Guangzhou Evergrande?
Minha passagem por lá foi muito bacana para mim, foi o lugar que joguei mais tempo, foram quatro anos, tive a possibilidade de vencer tudo o que disputei, desde o Campeonato Chinês à Champions League da Ásia. Eu fui, inclusive, eleito o melhor jogador desta competição, fui artilheiro, fui o melhor jogador estrangeiro do continente asiático. Foi muito importante. Sou muito grato ao que aconteceu no Guangzhou. Vai ficar para a história. Lá a gente consegue treinar mais e são mais profissionais que aqui (no Qatar). Lá eles vivem para jogar futebol, é um pouco diferente daqui no Qatar. Alguns têm até outras profissões, o que acaba tirando um pouco do profissionalismo do local. Mas eles vão se modernizar até 2022. Em relação ao futebol chinês, eles investiram muito, não só com jogador, mas com muitos treinadores estrangeiros. É isso que precisa aqui, treinadores estrangeiros para mudar a mentalidade dos atletas.
Qual a disparidade entre os estrangeiros que estão no Qatar e os atletas do país?
No meu time não tem, porque é um time grande daqui, os jogadores recebem um salário melhor, mas em times que não têm tanta estrutura quanto o nosso, é diferente. Tem muitos jogadores jovens, acho que com menos de 20 anos, que ganham cerca de 30 mil, 40 mil indo para a polícia. Você vai ganhar mais lá na polícia que jogando futebol. Então, eles optam por isso. No meu time não tem, mas em outros times têm.
Como avalia o período no Atlético-MG?
A passagem pelo Galo foi bacana também, conquistei o Mineiro, apesar de serem seis meses só. É claro que eu queria ficar mais tempo, me identificado mais com o clube, mas foi uma oportunidade boa que surgiu para mim na época. Não me arrependo de ter saído. Se tivesse ficado, poderia conquistar coisas grandes com o Galo também. Guardo minha passagem pelo Atlético com muito carinho, pela estrutura, pelos profissionais e pela torcida, que é sensacional. Sem dúvidas nenhuma, é a maior que tem em BH e a mais fanática.
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