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'Paulo André' espanhol comandou greves e libertou jogadores de clubes

Quino começou no Betis e chegou à seleção jogando a segunda divisão - Montagem/Reprodução
Quino começou no Betis e chegou à seleção jogando a segunda divisão Imagem: Montagem/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

29/05/2015 06h00

Greves, represálias, discussões, afastamento. Um dos jogadores rebeldes mais famosos do futebol espanhol passou por tudo isso. Brigou com dirigentes, clubes e conseguiu a liberdade para sua categoria. Uma espécie de “Paulo André espanhol”. Joaquín Sierra Vallejo, ou apenas Quino, poderia ter feito história no Real Madrid, mas não o venderam ao time da capital. Ele demorou a dar o troco, mas o fez em grande escala.

Filho de um poeta conhecido na Espanha e mais instruído que a média dos jogadores de sua época, Quino foi revelado pelo Betis. Passou por todas as categorias de base da Espanha e chegou à seleção principal mesmo atuando na segunda divisão. Os 33 gols convenceram o técnico a convocar um atacante da série B na temporada 1968/69, algo raro na oportunidade.

No ano seguinte, em alta, Quino foi vítima de uma lei que beneficiava exclusivamente os clubes. Ainda garoto, ao ser promovido ao profissional do Betis, assinou um contrato que lhe impôs o “direito de retenção”. Por essa regra, que ele aceitou na euforia por ser promovido ao time principal, o clube podia renovar o contrato pagando 10% de aumento, com ou sem o aval do jogador.

Em 1970, o Real Madrid tentou contratar Quino. O Betis não vendeu. Quino, então, brigou para que tivesse um aumento acima dos 10% previstos em lei. Conseguiu o dinheiro, mas se tornou um alvo da diretoria. Recebeu inúmeras multas e começou a perder lugar no time. Revoltado, se recusou a disputar um amistoso.

As partes finalmente se entenderam, mas meses depois um vice-presidente do Betis foi ao vestiário e chamou o time todo de sem-vergonha. Quino reagiu e expulsou o dirigente de lá. Resultado: na temporada 1970/71, ficou treinando longe do elenco e fez apenas seis jogos, quando o Betis enfim decidiu vendê-lo ao Valencia.

O troco nos clubes só foi dado no fim dos anos 70. Eleito presidente da recém-criada associação dos jogadores, Quino brigou pelos atletas. Comandou ao menos duas grandes greves no Campeonato Espanhol. Com essas paralisações, conseguiu terminar com o “direito de retenção” e garantiu o seguro social aos jogadores. O troco demorou mais de uma década, mas aconteceu em grande estilo.