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'Gol que Pelé não fez' surpreendeu o mundo. Menos Leão e Clodoaldo

Luís Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

03/06/2015 12h01

Em 1970, aos 28 anos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, jogou sua quarta Copa do Mundo. Na primeira, 12 anos antes, saiu da reserva para começar a construir sua carreira como o Atleta do Século. Em 1962 e 1966, contundiu-se, mas ainda assim, fez um gol em cada uma.

Na despedia de Mundiais, fez quatro gols. Uma cabeçada fantástica, na final, contra a Italia. Um, na estreia, contra a Tchecoslováquia e dois contra Romênia, no terceiro jogo. Quatro gols em seis jogos, marcando a despedida do Rei. Mas, houve mais.

Pelé é tão lembrado pelos quatro gols que fez, como por outros três, que não fez. Na segunda partida, dia 7 de junho, consegui uma cabeçada, do alto para o canto direito do goleiro Banks. É considerada a maior de todas as defesas na história da Copas. Se, contra os ingleses, Pelé foi força e potencia, contra o Uruguai, na semifinal, em 17 de junho, foi todo malícia. Deu um drible de corpo espetacular em Mazurkiewicz, e completou, cruzado. Faltou pouco.

E, contra a Tchecoslováquia, na estreia, foi genial. Os adversários saíram vencendo, com gol de Petras, aos 11 minutos. Rivellino empatou, cobrando falta, aos 24. Então, uma bola dividida sobrou para Pelé, antes do meio campo. O chute foi longo e quase entrou, passando perto da trave esquerda de Ivo Viktor, que seria, seis anos depois,eleito o melhor goleiro da Eurocopa, vencida pela Alemanha na prorrogação, contra os tchecos.

A tentativa de Pele não surpreendeu Leão e Clodoaldo, seus companheiros da Copa de 70. “Foi um lance de gênio, de alguém que enxergava antes dos outros. Torci como louco para aquela bola entrar. O estádio inteiro torceu. Outros fizeram o gol que o Pele não fez. E daí? Ele foi o criador, ele deixou o legado. Pelé é incomparável”, diz Leão.

Clodoaldo se lembra de Pelé pedindo a bola desesperadamente, em outros lances do jogo. “Ele já havia percebido que o Viktor, como muitos europeus, jogava adiantado. Quando pintou a chance, ele quase fez. Merecia ter feito. Mesmo eu, que era do time dele e já estava acostumado com as peripécias dele, me surpreendi.”