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T. Silva rompe silêncio na Granja e vê 'situação terrível' após escândalos

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

05/06/2015 13h07

Após quatro dias de silêncio e esquivas sobre questões relacionadas ao escândalo de corrupção no futebol internacional, Thiago Silva rompeu nessa sexta-feira o discurso ensaiado da CBF e comentou o noticiário tumultuado dos últimos dias.

“Essa é uma situação um pouco delicada para nós, jogadores, darmos opinião. Até porque ela não vai mudar em nada o cenário que está aí. É uma situação terrível. Gostamos do futebol limpo, na bola. É estranha essa situação”, comentou o ex-capitão da seleção brasileira. "Está apenas começando a investigação. Não sabemos ainda o que vai acontecer. Não posso falar muito sobre o que não entendo. De alguma forma, sabemos que o futebol é um pouco estranho. Gostamos do futebol limpo, na bola", disse. 

“Alienado não. Nenhum jogador é tolo para não entender o que está acontecendo. Vestindo essa camisa estamos representando a CBF. Não podemos, de nenhuma maneira, ir contra a CBF. Acredito que podemos fazer, sim, um futebol melhor. Mas o que eu e Everton [que também estava na coletiva] falarmos não vai mudar aqui. Difícil falar agora. Infelizmente a situação é essa. Quem ama jogar futebol quer sempre uma coisa melhor”, completou. 
 
Na quinta-feira, o presidente da CBF Marco Polo Del Nero, que o FBI indica estar envolvido entre os investigados no escândalo da Fifa, visitou a Granja Comary, em Teresópolis, e teve breve conversa com os atletas e com o técnico Dunga. Thiago Silva comentou o papel do presidente em relação à equipe nesse momento. 
 
“Ele [Marco Polo] está bem, assim como o Marin fazia. Importante ter o presidente ao lado da equipe. Ele lembrou na conversa que a gente tem que pensar apenas em jogar. Temos que pensar apenas dentro de campo. Os problemas externos não serão resolvidos por nós. Temos que ganhar. Se não vencermos a Copa América, a pressão virá para o nosso lado”, afirmou Thiago Silva, que ainda respondeu sobre a possibilidade de candidatura do brasileiro Zico à presidência da Fifa após a renúncia de Joseph Blatter, anunciada pelo próprio ex-jogador da seleção brasileira.
 
"Zico tem experiência suficiente para ocupar o cargo. Respeitado no mundo, não só pelo nome, pela forma que trata pessoas. Um cara sério, conheço, sei quanto trabalha para melhorar sempre. Se for ele, vai fazer um bem com certeza ao futebol", disse. 
 

O zagueiro também falou sobre a representatividade da Copa América para a seleção brasileira e afirmou que, seja qual for o resultado, será impossível apagar o que aconteceu na Copa do Mundo de 2014 - com eliminação na semifinal depois de derrota por 7 a 1 contra a Alemanha. 

"Em nenhum momento nós deixamos de acreditar em nós. Para tentar mudar isso só treinando, só trabalhando. Mesmo se ganhar Copa América não vai apagar a Copa do Mundo que nós fizemos", falou. 

Ele também comentou sobre favoritismo para a Copa América e citou Argentina, Chile e Colômbia como principais adversários. No entanto, apontou o anfitrião Chile como o grande oponente da competição. 

"Brasil, independente da competição que entre, da reformulação, é sempre favorito. Mas hoje em dia só a qualidade não vence campeonato. Vence um jogo aqui, um jogo ali, mas campeonato dificilmente você ganha só com qualidade. Acredito que Argentina, Chile e Colômbia. Acredito que o Chile é o mais favorito de todos por estar jogando em casa e por ter um time muito bem montado por seu treinador".